q u a r a n t e - h u i t

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Quando Sora terminou de contar a história, o sol já tinha nascido

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Quando Sora terminou de contar a história, o sol já tinha nascido.

A luz pálida da manhã iluminava o rosto dele, e Ada observava minuciosamente cada detalhe. Ela notou então que aquelas sombras misteriosas no rosto dele eram os fantasmas do passado, não apenas do que aconteceu com Mizuki, mas também do que ele fez.

Naquela noite, Sora derramou muito mais sangue do que poderia imaginar.

— Depois de tudo aquilo, o Ikki ligou pra polícia. Ele me dopou de novo e me levou embora de lá. Não demorou até o Zion querer largar a Canis — Sora continuou contando.

Ada sabia aquela história, já tinha ouvido sobre a noite de terror, mas somente a versão da polícia. Escutar Sora contando foi completamente diferente. Ela soube cada motivo de cada faísca que queimou naquela madrugada.

Amor.

A fúria e o terror que arderam em Tóquio naquela madrugada foram causadas por amor. Pelo homem mais poderoso do submundo revirando cada milímetro da cidade em busca da mulher que ele amava.

Ada admirou a atitude de Sora. O amor que ele sentia por Mizuki era palpável a cada palavra que ele dizia. Fosse descrevendo os olhos de lareira, fosse falando como ele adentrou cada bar gritando por ela. Era lindo! Uma beleza única, que só as maiores tragédias eram capazes de carregar.

O amor de Sora era tão contagiante que a própria Ada passou a amar a memória de Mizuki, apenas pela forma como ele falava da falecida amada.

— Eu sinto muito, por tudo o que aconteceu — ela sussurrou, notando que ele esperava pela reação dela.

Sora não disse nada, apenas estendeu a mão e segurou na mão livre de Ada, esquentando-a entre os dedos dele. Em seguida, ele ergueu-a e deixou um beijo suave.

Ada compreendeu o gesto. Era uma forma silenciosa de Ikari agradecer e deixar claro que ela curava o coração dele. Quando a mulher olhou-o nos olhos, não encontrou a fúria ou o demônio da noite de terror, Ada encontrou... amor.

Era um tipo de amor completamente diferente do que ele demonstrava quando falava de Mizuki, mas ainda sim era amor.

Ada não sabia. O próprio Sora mal compreendia, mas o que ele sentia por Ada era o nascimento de um amor tão genuinamente belo que o faria ver beleza no mundo novamente.

Mizuki tivera sua importância. Era a alma gêmea de Sora e nunca deixaria de ser. Ela era o amor puro, nascido da inocência de dois adolescentes que viraram amigos e posteriormente passaram a se amar. Um amor nascido como sementes de primavera, amor que floresceu e embelezou a alma de ambos, e os fizera sonhar e desejar um longo futuro.

Ada, por sua vez, fazia nascer em Sora um amor diferente. Não tinha as brisas da primavera e nem fora tão simples e inocente. Era como uma flor de inverno, que bravamente encontrou forças para germinar em meio à toda a neve que a sufocava. Lutando contra a frieza da alma de ambos, mas trazendo a beleza única.

Alizarina - Sablier RougeOnde histórias criam vida. Descubra agora