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Eu devo ser uma idiota que não pode ser ajudada.



     Não sei o que fazer. Tenho um bom emprego, uma boa casa, meus colegas me perdoaram, tenho uma ótima pessoa ao meu lado... Mas por que não acho o suficiente? 

     Muitas pessoas ainda me odeiam, tudo pelo que passei e tudo que fiz ainda me assombram. Deveria estar agradecida pela vida que tenho, deveria aproveitar cada uma das pessoas que estão ao meu lado... Só que não é bem assim.

     Acho que não mereço nenhum desses bons sentimentos nem esses bons momentos. Acho que deveria sofrer escutando essas vozes e sendo atormentada pelo Diabo. 

     Afinal, não foi essa a vida que escolhi anos atrás?

— Sakuratan, tem uma pergunta que quero te fazer faz tempo. — Dizia o Uchiha, fazendo um chocolate quente para nós dois. — Por que se arrependeu? Você parecia tão distante e achávamos que seria impossível para ti abandonar aquela loucura. 

— Hm... — apoiei minha cabeça em minha mão. — Digamos que tive uma epifania. 

— Explica direito. 

— Meu subconsciente me fez ter uma última conversa com minha família. Eles disseram coisas que não queria ouvir, mas que precisava ouvir... Depois disso entendi. — Passava meu dedo pela boca do copo. 

— Entendeu o quê? — Misturava o leite quente com o achocolatado. — Eles só disseram para você parar e você simplesmente aceitou?

— Não foi bem assim, diria que eles apenas abriram meus olhos. No fim, acho que ainda sou humana... Tenho minhas falhas e consegui enxergá-las, isso me fez mudar de ideia. 

— Isso ainda não me convence. — Me entregou uma xícara e sentou em minha frente. — Sem ofensas, mas você estava completamente surtada. Não tem sentido mudar assim tão de repente.

— No começo, assim como você, queria alcançar a paz... Tudo de forma justa e sem envolver pessoas inocentes. — Digo após tomar um gole do líquido. — O que fazia na guerra era contra tudo o que acreditava. 

— Entendi. 

— Minha família me mostrou o que é o amor, eles me mostraram o significado do perdão. Se para eles o melhor pra mim é buscar salvação através da liberdade e do amor, então farei. — Sorri por um instante. — Eu estava na escuridão e cegada pelo ódio, mas quando abri meus olhos, vi eles ao meu lado. Não importa o quanto sofri ou o quanto de pessoas perdi, sei que eles estarão comigo... Me amando mais do que qualquer outra pessoa. Me guiando para o caminho certo.

— Pensando por esse lado, faz sentido. 

— Eu era uma criança confusa que precisava de amor e de respostas... E vocês me deram isso. Agora que entendo o mundo, sinto que posso finalmente amar e ser amada.

     Sem amor não existe vida. 

— Fico feliz que pensa assim. — Sorriu. — Mas precisamos deixar essa conversa sentimental pra outra hora, falta poucos minutos pro episódio novo de My Little Pony. 

     Pegou sua xícara de chocolate quente e foi para a sala. 

     Encarando a cozinha vazia, minha mente se enche de pensamentos. Dessa vez, o que me rodeava era sentimentos bons. 

     Quando me sinto amada, sei que são eles que estão me amando. Pelo visto, acho que mereço viver e aproveitar o amor.

     Finalmente consigo sentir, eu amo ser amada.

     Mas, ainda assim, devo pagar pelo que fiz. Provavelmente tenho muito o que sofrer daqui para frente. Espero que não sofra tanto quanto sofri na infância.

A Única Rosa PálidaOnde histórias criam vida. Descubra agora