Familiar

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Eles dizem que não faz sentido lamentar, mas
ainda vou continuar pensando em você.




     A madrugada sempre foi fria, porém não me incomodava. O ar gélido casava bem com a atmosfera, o silêncio e luz da lua também. Estranhava estar ali, estar sentada ao lado dessa pessoa. Mas estou disposta a fazer de tudo para melhorar.

     Itachi e eu estávamos sentados no chão da sala que um dia pertenceu a Shisui Uchiha. Não havia iluminação, muito menos mobília; no entanto, o cheiro era tão familiar. Tudo era tão familiar.

     Normalmente, perguntaria e fantasiaria como seria se Shisui estivesse aqui. Mas não conseguiria e nem quero imaginar. Estou fazendo isso por mim, não por ele.

— Itachi. — começo — Lembra de quando vínhamos aqui jogar baralho e jogos de tabuleiro? Shisui sempre ganhava, independente do jogo... — suspirei — era divertido, não era?

     Nada ele respondia, pois sabia aonde eu queria chegar. Seus olhos não desviavam do meu rosto, assim como eu não desviava os meus. 

— Em vários momentos da minha vida, me perguntei o porquê de não ser mais assim. A princípio, jurava que o motivo era porque ele não estava mais com a gente. Mas agora percebo que não era esse o principal problema. — franzi o cenho. — Você se afastou, esse foi o problema. 

— Não tive escolha. — disse calmamente.

— Eu sei. — respirei fundo — Mas precisava mesmo daquilo tudo? Não me importo com ter tentado me matar quando eu era menor... Sabe o que me chateia de verdade? — agarrei a barra do meu uniforme — Ninguém te obrigou a fazer o que fez comigo, você escolheu por si mesmo não me ajudar. Por isso tive tanto ódio.

     Itachi não expressava reação, não demonstrava nada em sua feição, entretanto, eu o conhecia melhor que qualquer um. Era óbvio que temia.

— Quando você contou que sabia, tive tanto ódio que nem sequer queria ouvir o que você tinha pra falar, não queria saber o motivo. Eu ainda sinto muita raiva e decepção, mas quero entender o que deu em você. — Fiz uma pausa. — Itachi, por favor, preciso que seja sincero comigo. Por que não fez nada?

— Não sabia o que fazer. 

— E? 

— E é isso. Não sabia o que fazer. 

— Você disse na guerra que a Akatsuki ocupava muito seu tempo e não tinha tempo pra me ajudar. Isso foi verdade? — Minha voz falhou, estava ficando irritada com as respostas secas. 

— De certa forma, sim. — fechei os olhos e respirei fundo — Mas naquele dia, não me deixou terminar. 

— Hm?

— Quando encontrei você e descobri sobre seus problemas, fiquei enojado. Não era normal o que te passava. — Finalmente estava contando. — Me vi perdido e assustado, não acreditava que todo o tempo passava por tais atrocidades e fui cego por não ver. Sakura, acha mesmo que não iria dar importância?

— Não sei.

— Realmente, a Akatsuki consumia meu tempo e toda a situação não me deixava pensar. Até perceber que não podia lamentar para sempre, então, eu pensei num plano. Mas não funcionou do jeito que queria.

— O quê? Por quê?

— Porque você foi mais rápida. — Voltei a encará-lo. — Quando cheguei em Konoha, você já tinha ido embora. Meu plano era te buscar e acabar com a vida de Kizashi e Mebuki. Só que demorei demais.

— Ah, então... 

     Tudo o que Itachi dizia era verdade, disso eu sabia, ele não mentiria para mim. Agora sei o que aconteceu realmente, mas por que ainda me sinto mal?

— Me perdoe, Sakura.

     Segurei minha respiração, que doía. Nada me atinge como você.

— Está tudo bem, Itachi. Eu perdoo você, não tenho mais motivos para te odiar. 

     Conforme minha paciência retorna e meu cabelo voa com a brisa, soube que perdi. Você ganhou

— Espero que você consiga seguir em frente. Já pagou muito pelos erros que cometeu. — apertei sua mão — Se cuida, Uchiha.

     Por que parece tão familiar?



Mesmo nesse lugar, não consigo esquecer você.



— Sakura! 

— Ah, Tenten! — Fico surpresa ao vê-la, quando caminhava para casa — O que faz tão tarde na rua?

— Eu tava com o Lee, ele voltou daquela missão e passei pra conversar. 

— E como ele está? Não o vejo desde o...

— Funeral do Neji? Não precisa se preocupar, ele está bem. É difícil seguir em frente depois de perder um amigo tão próximo, mas você conhece o Lee... Ele nunca fica triste por muito tempo. — Sorriu — Neji morreu de forma nobre e sabemos que ele não iria querer nos ver deprimidos.

— Não tem problema em se sentir mal.

— Eu sei. — o silêncio se instaurou por alguns segundos — Chega de falar de coisas tristes... Ficou sabendo da Ino?

— Não, o que ela fez dessa vez?

— Desapareceu, ninguém sabe onde ela tá. Não deu explicação pra ninguém, Naruto mandou ninjas atrás dela, mas sem sucesso. Sumiu sem deixar nenhum rastro.

— Isso é muito estranho. — paramos de caminhar e sentamos em um banco próximo — Quando foi isso?

— Uns dias atrás. 

— Alguma coisa ela tá tramando e tenho certeza que não é uma coisa boa. — disse pensativa. 

— Ah, talvez ela esteja arrependida e quer se tornar uma pessoa melhor. Vai que ela quer fazer igual você e o Sasuke, uma "viagem de redenção". 

— Duvido muito. Se Ino quisesse mesmo mudar, teria avisado ao menos o Hokage. Naruto precisa saber dessas coisas. — Respirei fundo — Vamos ter que esperar pra ver.

— Sim... — deu de ombros —  E como vai seu "amigo", hein? — Me olhou com um sorriso estranho.

— Do que você tá falando?

— Ah, Sakura! Você não me engana! — cutucou meu braço com o cotovelo — Todo mundo sabe que você e o Obito não são apenas amigos!

— O quê? — Ri alto — Você só pode tá brincando... Acha mesmo que eu e o Obito..?

— E não é? Vocês sempre estão juntos!

— Definitivamente não. Obito é só uma pessoa especial, não tem nada escondido. Sempre foi apenas amizade.

— Hm... — bufou decepcionada — Mas vocês são tão fofos juntos!

— Você é maluca, garota. — Revirei os olhos — Se você visse como somos lá em casa, não diria isso.

— E você é muito sem graça. — cruzou os braços. — Vai me dizer que não gosta dele nem um pouquinho?

— Já deu, Tenten. — Sorri com sua expressão. 



Estou perdendo meu tempo
tentando me decidir.

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⏰ Última atualização: May 27 ⏰

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A Única Rosa PálidaOnde histórias criam vida. Descubra agora