Sakuratan

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Enquanto estivermos juntos, nada irá nos machucar. 



     Já estamos um mês na Vila da Areia, pois fui solicitada para liderar e acompanhar a criação de minha nova instituição. Os oficiais gostaram e apoiaram meu projeto com as PCD, me pedindo para que eu mesma trabalhasse nisso. 

     Meu plano e o de Obito era ficar por aqui por apenas duas semanas, mas rolou esse imprevisto. Vamos ter que ficar aqui por mais algum tempo cuidando desse assunto. 

     Agora tenho que ajudar no hospital e me concentrar no meu próprio projeto, ou seja, não tenho mais tempo para nada. Muito trabalho para uma pessoa só, porém é o mínimo que posso fazer.

     Gaara tem me ajudado bastante e isso alivia um pouco, nossa relação também está ótima. É como se nunca tivéssemos nos magoado. Pude conversar com Temari e com muita insistência do irmão, ela me perdoou. 

     Com Obito já é diferente, ele sempre me traz presente e tenta me agradar ao máximo, o que não ruim... Mas parece forçado. Tudo o que faz parece que é apenas porque sente culpa, não porque realmente quer me agradar.

     Isso está me dando nos nervos.

— Sakura, está tudo bem? — Gaara chamou minha atenção. — Estava te explicando as coisas, prestou atenção no que falei?

— Me desculpa, Gaara. — Esfreguei os olhos. — Só estou muito cansada. 

— Não tem dormido direito?

— Infelizmente não. — Apoiei meu braço na mesa. — Mas isso não é problema, estou gostando do que faço.

— Se quiser, pode dar um tempo.

— Não acho necessário, daqui a pouco isso acaba. — Brinquei com a caneta. — Quem deveria dar um tempo é você. 

— Não entendi. 

— Ah, não se faça de desentendido. Você passa muito tempo nesse escritório, tem que sair e aproveitar um pouco a vida.

— Sakura, não tenho oportunidade pra isso. — Assinava papéis. — Para ser um bom líder, tem que sacrificar algumas coisas da sua vida pessoal.

— Isso não existe, usa isso como desculpa pra sua frustração. Tenho certeza que essa sua cabecinha está lotada de pensamentos ruins e, pra não dar espaço pra esses pensamentos, prefere se entupir de trabalho. É bem nítido que você não está bem. 

     A caneta da qual brincava rolou pela mesa e caiu no chão. 

— Não se lote tanto de trabalho, sua saúde vai piorar muito assim. Dê uma volta pela sua vila, almoce fora com sua irmã... Sei lá, saia da sua zona de conforto. — Peguei o objeto que derrubei e coloquei no lugar. — Sei que Kages têm muita coisa pra fazer, mas também tenho certeza que têm tempo pra relaxar. Já que admira tanto Naruto, use ele como exemplo... Suas tarefas como Hokage são importantes, porém sempre que pode sai com os amigos e se diverte por Konoha. Faça o mesmo.

— É fácil falar.

— Há quanto tempo não tem uma consulta médica, Gaara? Qual foi a última vez que fez um check-in? — Arqueei a sobrancelha.

     Fez silêncio e desviou o olhar.

— Pois é, foi o que pensei... Siga meu conselho, passe a viver sua vida, porque se continuar assim... Vai envelhecer e lamentar sobre os dias que ficou trancado aqui. — Avisei. — Posso procurar um bom médico e psicólogo pra você, se quiser. Esse estado em que vive pode afetar sua liderança.

— Está bem, doutora. — Zombou. 

— Para de graça, estou falando sério. — Fiz uma careta. — Me preocupo com você e quero te ver bem, Gaara. 

— Olha, a doutora rabugenta se preocupando comigo... — Sorriu. 

— Como você é chato. — Revirei os olhos. — Não sei como Temari conseguiu te aturar todos esses anos. 

— Amor de irmão. — Se levantou. 

     Parou em minha frente e estendeu a mão, a peguei e me levou até janela enorme do escritório. Daqui, conseguíamos ter visão de toda a vila. 

     Como era tarde da noite, a lua e os postes de luz eram o que iluminava as estradas. Alguns comércios estavam aberto e atendendo clientes. Gatos de rua brigavam pelos becos.

     Uma linda visão. Só não é tão linda quanto Gaara, que olhava sua cidade com amor e orgulho.

— Tudo o que faço é por eles. — Começou. — Eles são a minha vida.

     É um homem tão apaixonante. 

— Confio na sua palavra e vou tentar melhorar, pelo bem deles.

— Assim espero. — Respondi.

— Obrigado por estar comigo, Sakura. — Concluiu. — Senti falta disso, senti falta dos nossos momentos.

— É, eu também. — Respirei fundo, encarando a vista. 

— Amar, pra mim, por muito tempo pareceu algo distante e doloroso. — Não desviava seu olhar da vila. — Mas amar você nunca doeu, sempre foi como estar no paraíso.

     Não sei o que dizer.

— Agora não me sinto mais sozinho. 

— Nascemos pra ficar sozinhos, Gaara. — Disse.

— Sim, sozinhos juntos. — Senti sua aproximação. 

     E nos abraçamos novamente. Pela diferença de altura, encostei a cabeça em seu peito e pude escutar seu coração acelerado.

     Havia me esquecido o quão bom é ser amada. Sentir o calor do abraço de um amigo é algo indescritível.

Gaara, obrigada por fazer eu me sentir viva.



     Eu e Gaara ficamos daquele jeito por muito tempo, conversando sobre coisas triviais e do dia-a-dia. Até dar horário para voltar ao meu quarto e descansar. 

     Mas Obito me chamou antes e fomos ao terraço. Ele parecia tenso e estava mais sério que o costume, fiquei curiosa em saber o que queria.

     Nos sentamos e admiramos a vista da vila. Longos minutos se passaram e ele não falava nada, nem sequer me olhava. Aquilo era muito estranho. 

     Quando decidi que iria perguntá-lo o motivo daquilo, ele diz antes disso:

— Me desculpa, Sakura. 

     Não fiz questão de responder ou o encarar, apenas esperei o mesmo terminar.

— Naquele dia em que te chamei pelo nome dela, fui um idiota. Nunca vi ela em você, só... Era difícil aceitar que amava alguém além dela. 

— Está tudo bem, Obito. — Respirei fundo. 

— Tudo o que te disse na guerra é verdade. — Suspirou. — Todas as nossas brigas, todas as suas teimosias... Em todas essas vezes amei você. Sakura, eu te amo mais a cada coisinha que faz.

     Novamente não fazia ideia do que dizer.

Me desculpa por estragar tudo. — Diz por fim.

— Eu perdoo você. Não se cobre tanto, gosto de você do jeitinho que é. Fiquei decepcionada quando disse aquilo, mas passou... Sei que é melhor que aquilo.

Eu te amo tanto. — Encostou sua cabeça no meu ombro, segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos. — Amo nossa amizade.

     É incrível a forma como amor tem diversos significados.

— Sakura, não quero perder você.

     Dessa vez, sabia que Obito não estava mentindo. 

— Não se preocupe... Eu sempre serei sua Sakuratan

SERÁ QUE SOU uma boa pessoa?



Yo, guys! Tudo bem?

Lembrando: não existe apenas amor romântico.

Até a próxima, dattebayo!

A Única Rosa PálidaOnde histórias criam vida. Descubra agora