Egoísta

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Eu estava errada.



     Não deveria ter feito isso, sei que não deveria. Mas é mais forte que eu, não consigo controlar minhas vontades. Quando vi aquilo na minha frente novamente, quis ali mesmo fugir da realidade e esquecer que existo por míseros segundos.

     Agora vejo o resultado da minha escolha. 

     O chão dessa casa se movia, me fazendo ter certeza de que preciso correr. De forma tão mágica, andava pelas paredes e dançava naquele teto. A dor que tanto sentia, nesse momento não passava de um imenso prazer.

     É como se Beethoven tocasse sua Nona Sinfonia nos meus ouvidos e, como uma amante de músicas clássicas, não podia deixar de dançar até sentir meus pés queimarem.

     Me sinto tão bem e, ao mesmo tempo, sinto que vou morrer. Acho que a euforia invadiu minha mente.

     Me sinto em outro mundo, mesmo que ainda esteja presa na maldita Terra. 

     Minha respiração e batimentos estavam diferente do comum, meu corpo se sentia tão bem. Mas quero mais. Tamanha alegria não é o suficiente para apagar minhas dores.

     Já perdi minha vida há muito tempo, por que não aproveitar até o último segundo?

     Então, mais uma vez, enchi meu copo com uma bebida qualquer e bebi tudo. Essa cena se repetiu mais e mais vezes, tantas vezes que já me fez esquecer do porquê comecei a beber.

     Junto da Heroína em minhas veias, em meu sangue corria o álcool. 

     Talvez assim esqueça da minha existência. Talvez assim esqueça que vendi minha alma. Talvez assim esqueça que estou sozinha. Talvez assim esqueça que posso surtar a qualquer momento.

     Talvez assim esqueça suas mãos tocando meu corpo.

     Obito estava em missão e Inari em um plantão no hospital, ambos demorariam para voltar. Estava sozinha e sentimental, por que não escutar minhas vontades?

     Acho que estou louca.
     Acho que estou com muita raiva.

— Sakura? 

     Ela entrou pela porta e veio ao meu encontro. Senti a garota segurar meus braços e me levantar. 

     Por que ela estaria aqui?

— Você... — Sua voz estava baixa. — Está usando essas coisas? Por quê? Isso é... errado.

     Ela não deveria estar aqui.

— Se veio me dar sermão, pode ir embora. 

     Do que estou falando? Deveria calar minha boca.

— Sakura, por favor... Se acalme, vou ajudar você. Vem, tome um banho gelado, tenho certeza que— 

— Me larga. — Tentou segurar meus braços, mas a empurrei. — Você não tem direito algum de me tocar.

     Eu realmente deveria calar a minha boca. 

— Por que você é tão insistente? Se eu não quero a merda da sua ajuda, por que diabos insiste em me dar a merda da sua ajuda!?

     Alguém deveria costurar a minha boca.

— Hinata, vá embora. 

     Eu realmente enlouqueci?

— Você claramente não está bem! — Ela chorava. — Nunca iria me tratar dessa maneira, ao menos que estivesse fora de si...

— Para de chorar! É só isso que sabe fazer!? Chorar e chorar... Para com essa merda!

A Única Rosa PálidaOnde histórias criam vida. Descubra agora