Florencia nunca imaginou que um simples sorvete de chocolate e uma carona fossem a colocar em um dos assuntos mais comentados no twitter. A assessora estava acostumada a lidar com os problemas de mídia da equipe em que trabalhava, era invisível aos...
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Itália.
Circuito de Monza.
A última vez que esteve na Itália, não tinha saído como o planejado. Mas dessa vez iria, Florencia estava mais animada que o habitual. Monza é conhecida por seus milagres, esperava que Santa Lucia abençoasse seus meninos nesse fim de semana. Queria ver Mick ou Sebastian em um pódio.
Não demorou muito para dar de cara com Lawrence Stroll, o canadense deu um sorrisinho calhorda a fazendo suspirar raivosa, talvez seu dia fosse sim, ficar ruim. Um pouquinho mais, já que seus pais a surpreenderam lhe mandando uma mensagem pedindo para vê-la. Quando Sebastian ficou sabendo, praticamente surtou. Enquanto Florencia ficou anestesiada com tudo.
- Podemos conversar, senhorita Carbone? Em particular.
- Queria tanto negar, mas sei que não tenho escolha.
Ele apenas revirou os olhos e segurou o braço da italiana, a levando até a sala de reuniões. As vezes se questionava se Lance era realmente filho dele, esperava que não. O empresário a fitou por um instante, analisando dos pés a cabeça.
- Diga o quer, stronzo*
O empresário umedeceu os lábios, ignorando totalmente o xingamento que lhe foi dirigido. Sentou-se em uma das cadeiras. Sua expressão carrancuda tinha sumido, talvez a conversa não seria tão ruim como tinha imaginado.
- Não é nada demais. Queria apenas aconselhá-la, você deve ficar mais próxima do alemãozinho..
- O nome dele é Mick, então faça o favor de chamá-lo assim, senhor Stroll.
O mais velho deu um sorrisinho maroto novamente, Flora apenas engoliu toda a sua raiva.
- Tentar sempre estar presente nos treinos, talvez no reconhecimento em pista. Aparecer mais nas fotos, sabe? Isso é ótimo para os negócios. As pessoas adoram um romance adolescente.
- Não tenho tempo pra isso, eu tenho um emprego.
- Só faça o que eu mandei, se não pode dizer adeus a ele.
Ele se foi a deixando totalmente sozinha, com o estômago se revirando. Graças a Deus, ele iria viajar a noite. Pelo menos não teria que encará-lo até o GP de Singapura.
Deu um sorrisinho sacana, se ele queria uma sombra na cola de Mick,era isso que iria ter. Pegou suas coisas e saiu às pressas do motorhome da Aston Martin, caminhando em direção a Haas.
Um dos mecânicos disse que Mick tinha acabado de sair para o reconhecimento de pista, mas que ela poderia esperar por alí se quisesse. Carbone se escondeu na salinha privada do piloto, se deitou encolhida no pequeno sofá, sabia que o alemão não iria demorar muito, mas o cansaço foi mais forte. Quando se deu por si, já estava dormindo.
Não precisava abrir os olhos para saber que Mick estava dedilhando seu rosto. Seus dedos passearam por seu nariz, bochechas e enfim a boca. O alemão contornou os lábios grossos da assessora com as pontas dos dedos, um sorriso manhoso surgiu ao abrir os olhos e o encontrar sentando na beiradinha do sofá. Aqueles olhos oceânicos, tão profundos que poderia se afogar.
- Como estava seu soninho, princesa?
- No nosso quarto vai estar melhor, tenho certeza.
Ele sorriu se deitando ao lado da italiana, ficaram esmagados no pequeno sofá. Seus rostos tão próximos, que Florencia conseguia sentir a respiração dele em seu rosto. Com um sorrisinho maroto tirou o boné azul que ele usava e o jogou no chão, levou as mãos até os cabelos dourados dele os acariciando gentilmente, Mick a encarou com suas írises azuis tão brilhantes que a deixaram constrangida, Florencia suspirou fundo sentindo seu corpo queimar.
- Quer sair pra tomar um sorvete? Só nós dois.
- Está me chamando para um encontro, Mick Schumacher?
- Se quiser chamar assim, então é.
Florencia corou violentamente, achou que era brincadeira. Engoliu em seco, sentindo seu coração bater acelerado.
- Aceito, se você pagar.
- Eu chamei, eu pago.
- Você sabe o que dizer para agradar uma mulher, Schumacher.
Mick sorriu dando um beijinho no pescoço da italiana que corou com tamanha intimidade em que estavam. A porta foi aberta em um supetão os fazendo pular pra cima e corar levemente. Günther estava ao lado de Gary, ambos analisaram o casal dos pés à cabeça.
- Vocês dois não tem educação não? Se bate na porta antes de entrar.
Florencia resmungou irritada, enquanto Mick a ajudava sair do sofá.
- Quem invadiu alguma coisa aqui foi você, diaba! Estamos no nosso local de trabalho, ao contrário de você.
- Me deixaram entrar, stronzo!
- Que inferno, dá pra pararem! Vem Mick, temos reunião de equipe.
Gary brandou com as mãos na cintura, o homem parecia tão irritado. Mick murchou rapidamente, como se não quisesse ir.
- Acho que o gelato vai ter que esperar, amor.
Florencia sorriu, ficando nas pontas dos pés para dar um beijinho na bochecha do alemão.
- Sem problemas. Já vou indo,ok?
- Nos encontramos mais tarde?
- Claro, anjo.
Deu uma piscadela safada, enquanto pegava suas coisas. Se despediu dos três homens. Já do lado de fora do box, escutou Günther gritar.
- Rapidinho aqui, vocês dois estão juntos de verdade?
- E se estivermos, tem algum problema?
- Nenhum, seria até bom. Pra dar um ânimo no menino. Estou o achado bem desanimado ultimamente.
A italiana segurou uma gargalhada que brotava em sua garganta, com certeza Günther poderia abandonar a vida no automobilismo para ser humorista.
- Se você agisse como um chefe de equipe sensato. -A italiana apontou o dedo na cara do homem que arregalou os olhos assustado, sentia uma sensação de raiva crescendo em seu peito. – E o valorizasse, talvez ele não estaria desanimado! Nunca, em hipótese alguma, você deveria o comparar com ninguém, ainda mais para um veículo sensacionalista. Agora se me der licença, preciso ir antes que eu gaste meu réu primário.
Respirou fundo sentindo o ar frio entrar em seus pulmões que queimavam com a raiva que sentia. Girou os calcanhares e saiu sem olhar para trás, porque se olhasse talvez não respondesse por si.
🌷
- Eu gosto do Nicholas, acho uma pena ele sair da F1.
- Cria vergonha na cara! Esses dias mesmo estava rindo dele, Willow.
Florencia tinha ido conversar com Low, só ela poderia animar a italiana naquele momento. E tinha conseguido realmente, em cinco minutos, Florencia estava gargalhando.
- Mas ele é gentil, nunca destratou ninguém!
- Se orienta, Willow! Ele é comprometido.
A franco-brasileira estalou a língua no céu da boca bebericando seu café logo em seguida.
— Como se eu quisesse pegar o grid todo! Só estava elogiando.
— Quem é seu sonho de consumo? Aquele que você deseja e sabe que não vai ter de jeito nenhum.
—Sir. Lewis Hamilton.
— Aproveita a oportunidade de trabalhar com ele na próxima temporada, quem sabe não rola!
— Virou cúpido agora, Florencia Julietta?
— Talvez o feitiço tenha virado contra a feiticeira, Willow Maria.
