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Itália, circuito de Monza

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Itália, circuito de Monza.

Florencia estava quase botando todo seu café da manhã pra fora, andava de um lado para o outro dentro da sua sala, sentindo um enorme nervosismo. Hoje seria o fatídico dia em que reveria seus genitores. Marco e Verona foram pais muito jovens, não tinham maturidade para lidar com a criança e nem se esforçaram para isso, quem assumiu toda a responsabilidade foi a sua nonna.
Seb tinha praticamente implorado para que fizesse esse encontro na lanchonete do paddock, para que ele conseguisse ficar de olho nela.

A porta foi aberta em um supetão a fazendo soltar um palavrão, irritada. Mick deu um sorrisinho maroto ao fechá-la atrás de si. Carbone não disse nada, apenas caminhou até ele abraçando sua cintura e afundando o rosto em seu peitoral forte. O alemão acariciou os cabelos bagunçados da assessora.

- Você quer mesmo ir? Sabe que pode desmarcar essa baboseira.

- Não. Preciso ir, enfrentar os meus problemas, estou adiando isso há seis anos.

Mick tocou gentilmente o queixo da italiana, chamando sua atenção. Seus olhos azuis estavam brilhantes como duas pedras preciosas, com a ponta dos dedos acariciou as bochechas dela. A ansiedade não tinha sido generosa com ela, tinha tido uma noite péssima de sono, obviamente ele tinha percebido ela revirar a noite toda.

- Tudo bem então, mas vou com você. Quero estar ao seu lado, caso precise de mim.

Ela negou rapidamente tentando escapar dos seus braços, mas foi em vão. O piloto a segurava pela cintura, não a deixava mexer um músculo. A italiana suspirou pesadamente segurando o rosto dele entre as mãos, não poderia o deixar ir. Isso era um problema dela, Mick não tinha nada haver com isso.

- Preciso enfrentar isso sozinha. E outra, você não tem que se preocupar com os meus problemas, ok?

- Você sempre se mete nos meus problemas, eu querendo ou não. Então sim, eu devo me preocupar com os seus problemas.

- Pode ir se quiser, mas quero conversar com eles em particular. Acerto de contas.

- Tudo bem, querida.

🌷••🌷

Os deixou esperando por quase dez minutos, seu coração bateu acelerado assim que viu a mensagem da sua mamma avisando que tinham chegado. Caminhou até o local de mãos dadas com Mick, que tentava ao máximo dar carinho a ela.

Assim que entraram, Florencia quis correr para o mais longe possível. Respirando fundo tentando ao máximo se acalmar, entrou no ambiente. Seus pais não tinham envelhecido nada durante seis anos afastado, Marco continuava um homem muito bonito de olhos verdes claros, e cabelos negros. Flora por outro lado achou que a cada dia mais estava parecida com sua mãe, os cabelos enrolados, lábios grossos e olhos castanhos. Era esculpida e escarrada a Verona que se parecia com a nonna Marieta, talvez a personalidade parecesse um pouco com a de Marco.

Deu um sorrisinho discreto ao ver, Sebastian e Willow sentados em uma mesa distante. Mick se abaixou, lhe dando um beijinho carinhoso na bochecha.

- Se precisar, não hesite em me chamar.

- Pode ficar tranquilo.

Se despediram com um leve sorriso. A italiana caminhou até seus genitores, sentiu o mundo rodar a sua volta. Se surpreendeu ao sentir Verona lhe abraçar, um abraço sincero que nunca tinha ganhado na vida.

- Senti saudades, tesouro. Você está tão linda! Está igualzinha a mamma!

- Grazie mama.

Deu um sorrisinho triste ao sentir o abraço de Marco. O patriarca lhe deu um beijinho na bochecha antes de se sentarem. O clima não estava pesado como imaginava, era estranho se reunir com eles depois de tanto tempo. Graças a Deus a nostalgia não tinha os pego, aparentemente ninguém ali queria tocar no assunto passado.
O casal estava de mãos dadas, Verona estava quase chorando assim como Florencia. A assessora sentia vontade de se esconder, suas mãos tremiam de nervoso, queria acabar com aquilo de uma vez.

- Então, por qual motivo resolveram me procurar? Aconteceu alguma coisa, em Florença?

Eles negaram rapidamente, Verona olhou para o marido. Lágrimas caíram pelas suas bochechas antes de se virar para olhar a filha. Flora se segurava para não chorar, não iria demonstrar fraqueza perto deles.

- Queremos pedir desculpas, por tudo que fizemos e causamos a você...

- E por que só agora? Depois de vinte e três anos.

A italiana apertava as mãos, tentando se acalmar e não agir agressivamente. Queria realmente entender o motivo deles terem saído de Florença até Monza apenas para pedir perdão. Marco segurou uma das mãos da menina, seus olhos verdes cheios de arrependimento.

- Tivemos uma crise no casamento, ano passado. Resolvemos fazer terapia, o que resolveu alguns dos nossos dilemas...

- Até chegarmos no assunto família e em como fomos negligentes em relação a você.

Engolindo em seco, Florencia sentiu seu pai apertar sua mão, suavemente. Verona limpou algumas lágrimas que insistiam em cair.

- Não queremos um perdão imediato, tenho certeza que isso leva tempo e vamos dar isso a você. Só queremos nos reaproximar, reatar nossa convivência, retomar nossa relação.

Verona apertou o ombro do marido, enquanto observava a reação da filha. A italiana mordeu o lábio inferior tão forte que sentiu o gosto metálico do sangue, tinha ansiado por aquela reconciliação desde muito nova, queria ter a atenção dos pais, o amor deles. Assim como as outras pessoas, não que desprezasse a criação da nonna, tinha orgulho de ter sido criada por ela, sabia que Marieta iria querer os ver bem novamente. Seu coração batia tão acelerado como um motor da Ferrari, fechou os olhos por uns instantes antes de voltar a encarar seus genitores.

- Para um perdão ainda está muito cedo, mas podemos tentar nos aproximar, não é? Aos poucos e com calma.

O casal Carbone sorriu animado, Verona limpou as lágrimas recebendo um beijo na bochecha do marido. Eles poderiam até ser pais negligentes, mas ninguém poderia dizer que não eram apaixonados um pelo outro, tão apaixonados que foram aproveitar a juventude sem se preocupar com as consequências.

- Então nos conte sobre sua vida na Inglaterra, inclusive sobre aquele loirinho que entrou com você.

Marco olhou para a mesa atrás deles, dando um tchauzinho sem vergonha, Verona deu um sorrisinho em direção a eles. Se soubessem o ódio que aquela mesa tinha deles, não fariam gracinhas. Mas Florencia riu ao vê-los retribuir o tchauzinho.

A assessora contou sobre sua vida na Inglaterra, adoção de Obi-Wan, de como os  Vettel eram importantes para ela, como se fosse um família, obviamente os deixando desconfortáveis. Eles se interessaram muito sobre seu namoro com Mick, dizendo que ela parecia radiante com seu mais novo relacionamento. Assim como eles contaram sobre a vida em Florença, a família Carbone era pequena, Verona só tinha uma irmã mais nova, tia Giulia. Era uma mulher incrível, que ajudou no que podia na educação de Flora, mas pouco se importou quando ela se mudou nem ao menos procurou saber sobre ela. Giulia não tinha tido filhos, ou um relacionamento que tivesse dado certo.

Se despediram com um abraço sincero e promessas de visitas em Londres, assim com a vaga promessa de Florencia de tentar passar o Natal com eles. Assim que saíram pela porta, a italiana soltou as lágrimas que tinha prendido até em então, seu corpo tremeu sentindo as mágoas irem junto. Se surpreendeu ao receber um abraço triplo de seus amigos, sorriu tristemente.

- Você está bem?

Sebastian murmurou assim que se separou do abraço para a deixá-la respirar. Florencia abraçou o próprio corpo, um sorriso amarelo brotou em seus lábios.

- Estou melhor do que esperava, papá.

Daylight - Mick Schumacher Onde histórias criam vida. Descubra agora