Um vento extremamente forte se choca contra o casarão que parece estremecer, as janelas e portas do andar secreto batem assustando as crianças mágicas que seguem meus passos apresados descendo as escadas de madeira até chegarmos a grande porta negra e sairmos por ela. Caminhamos pelo corredor de dormitórios vazios, ouço murmúrios vindos do andar de baixo, coloco meu corpo contra o parapeito da escadaria decorada e observo Helena e Sra. Melinda no salão principal acompanhadas pelos mais jovens moradores, a pequena Clara e sua amiga Bianca, também o garoto pálido e calado que lembro-me de ver somente uma vez tocando piano na apresentação de música de Willian. Eles parecem assustados e sem saber o que está acontecendo lá fora.
A porta de entrada se abre com força invadindo o ambiente com rajadas de vento, os garotos abaixo se encolhem nos corpos robustos das mulheres, silhuetas surgem em meio a poeira. Dag caminha com dificuldade contra a força da ventania carregando o senhor jardineiro em suas costas, consegue atravessar a porta e soltar o idoso no chão de carpe creme, o homem vai em direção do grupo de olhares confusos. O punk segura a porta com toda sua força a espera de Violet, ela se encaminha para dentro e o rapaz a solta fazendo-a bater e se fechar, a menina loira ganha um sorriso brilhante no rosto e corre com suas perninhas até a moça que a aperta em um forte abraço.
— Estou sonhando! — grita feliz.
— É real, estou de volta minha ratinha. — responde quase chorando de emoção.
— Você está bem? — pergunta observando a aparência cansada de Violet e os trapos que a vestem.
— Eu estou bem. — a jovem solta a garotinha e se levanta. — Helena se aproxima boquiaberta.
— Senhorita! — fala abismada. — Todos achavam que estava... — ela não completa a frase.
— Eu sei, eu estaria se não tivesse sido salva por Elionor e Dag. — faz uma pausa. — É uma longa história e não temos tempo para isso, estamos em perigo. — o rebelde se aproxima.
— Se olharem para fora iram ver o que está prestas a derrubar essa casa. — dá um sorriso sarcástico.
As duas mulheres vão até um das janelas da frente do casarão e abrem as cortinas peroladas avistam um céu escuro e um gigante monstruoso agitado parado onde devia existir os muros verdes que protegiam a Casa Gregory, ambas ficam caladas e estáticas.
— O que há lá fora de tão ruim? — Clara questiona se aproximando da janela. — ela se estica tentando olhar afora, enfim consegue e se assusta. — Um monstro! — grita apavorada.
Bianca segura seu coelho de pelúcia com força enquanto escuta estrondos e o forte vento batendo no telhado antigo, o garoto de cabelos curtos escuros ao seu lado faz sinais com as mãos, ela os interpreta.
— Devemos nos esconder dentro de um armário? — ela se chacoalha e o responde. — Não seja bobo, Theo! Armários também tem monstros. — o menino abaixa o olhar triste.
— Mas então, viram a Elionor? — pergunta Dag impaciente. — Sra. Melinda responde que não com a cabeça. — Ela deveria trazer ajuda. — ele suspira e se encosta na parede.
Desço os degraus correndo e fico diante do grupo de pessoas, logo em seguida Madame Gregory surge ao meu lado olhando Violet surpresa e esboçando um sorriso.
— Ai está você, cadê a ajuda? — o punk encara Madame Gregory levantando uma sobrancelha. — Essa rabugenta não vai servir de nada.
— Continua mal educado. — Angelic o olha furiosa.
— Estão aqui. — respondo. — Vamos, venham não precisam ter medo. — chamo as pequenas fadas.
As criaturas arriscas deixam os degraus e preenchem o centro da sala.
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O Bosque dos Esquecidos (The Woods of the Forgotten)
FantasyInglaterra 1984, uma jovem órfão completa seus esperados 18 anos para seguir a busca por seu irmão mais novo que foi adotado e afastado dela há 4 anos, mas seus planos mudam quando é engolida por um bosque de pinheiros que a leva a um estranho loca...