O Bosque dos Esquecidos (The Woods of the Forgotten)

Capítulo - 20 - Memórias (Memories)

                   * Capítulo editado novos parágrafos adicionados por favor ler novamente a partir da cena da capela. * 

                  Beaconsfield, Inglaterra, 1985 - Hospital Healter.

 O médico se retira junto de sua ajudante me deixando a sós com a freira que me viu crescer, ela se senta na cadeira de escritório ao lado da minha cama, coloca a mão quente sobre a minha eu a aperto.

 — Eu fui muito imprudente em deixá-la partir durante a semana mais fria de dezembro. — a mulher lamenta com semblante angustiado.

 — Não imaginávamos que viria uma tempestade. — a respondo, dou um leve sorriso. — O importante e que estou bem. — Irmã Joli me olha com ternura.

 — Sim minha menina, todos os dias eu estava aqui esperando ver você despertar. Hoje é meu dia mais feliz desde o acidente, me sentia culpada, muitos diziam que não acordaria mas não perdi a esperança e fé! Orei a Deus com todo meu coração e aqui está meu presente. — seus olhos ficam cheios de lágrimas.

 Me emociono juntamente a ela e choramos juntas por um momento, a enfermeira volta pedindo que me deixe repousar, Joli se levanta mas não solto sua mão, ela se volta a mim.

 — Eli, a senhorita está certa você precisa descansar ainda está muito fraca.

 — Meu irmão veio me visitar? — a mulher parece incomodada com a pergunta. — Irmã, há algo errado? — a interrogo.

 — Philipe não esteve aqui. — responde desanimada.

 — Mas por quê? Ele sabe o que aconteceu, não sabe? — me sento na cama sentindo tontura.

 — Por favor senhora deve ir a paciente precisa descansar não pode ficar agitada, isso não é bom para sua recuperação. — diz a jovem enfermeira preocupada.

 A mulher não dá ouvidos a moça vestida de branco parada em frente a entrada do quarto e se senta novamente, me olha seria, fico atenta a sua explicação.

 — Logo após o ocorrido consegui com Madre Lúcia o telefone da família que adotou o pequeno Philipe, foi uma missão difícil conseguir falar com o senhor ou senhora Berenberg. Sempre algum empregado que atendia as ligações e eu necessitava em falar diretamente com eles, finalmente depois de várias tentativas tive a sorte de conseguir entrar em contato com a Sra. Sophie Berenberg, a mãe adotiva e dei a notícia que você Elionor Rigby, irmã de Philipe estava no hospital em estado preocupante e que seria importante uma visita, a mulher foi atenciosa e educada no telefonema mas nunca trouxe seu irmão até o hospital. — me sinto magoada e furiosa.

 — Como podem! — grito, meus olhos fervem.

 — Sinto muito, Eli. — diz Irmã Joli triste.

 — Ele deve achar que o abandonei! E se eu tivesse morrido? Philipe nunca saberia, acharia que eu sumi do mapa e que não o amava mais. — puxo os fios de eletrodos de meu corpo tentando sair da cama. — Não posso deixar isso assim eu preciso ir atrás do meu irmão!

 — Elionor, se acalme! — diz Joli tensa.

 — Senhorita, por favor se controle! — grita a enfermeira.

 A freira abaixa a cabeça e sai sem dizer mais nada, persisto em tentar me levantar, quase caio da cama a jovem tenta me conter, um rapaz usando o mesmo uniforme surge e me dá uma dolorida injeção, me sinto molenga e tudo fica distorcido, escuro.

 Me vejo com 11 anos dormindo tranquila no aconchegante quarto do meu antigo lar, as paredes com papel de parede branco com nuvens, a janela baixa de cortinas lilás balançando com o vento, os brinquedos jogados no chão e o armário de livros infantis de onde toda noite um deles era escolhido e lido por nossos pais. Meu eu criança desperta sozinha no escuro, coça os olhos e procura por suas pantufas cor-de-rosa, as calça e estranha a ausência de seu irmão, confusa abre a porta envernizada e sai pelo corredor indo em direção do quarto de seus pais, a porta está aberta e a cama de casal arrumada e vazia, assustada chama por eles descendo as escadas, procura por todos os cômodos mas não encontra nenhum sinal. Chora baixinho sentada encolhida no último degrau onde adormece por algumas horas, acorda com a campainha, corre e abre a porta da entrada com um grande sorriso esperançosa, encontra uma alta policial de cabelos loiros presos em um coque.