* Aviso este capítulo possui conteúdo sensível, violência domestica, álcool .*
Inglaterra, 1979
Uma alta buzina me desperta, abro os olhos e enxergo a forte luz do farol de um trem que vaga rapidamente em minha direção estou deitado sobre o meio dos trilhos, a comprida locomotiva passa por cima de meu corpo espremido, meu grito é abafado pelo barulho das rodas no metal. Após alguns minutos os vagões se vão me deixando respirar, meu corpo permanece inteiro com leves arranhões. Me levanto anestesiado e cambaleio andando para longe da linha de trem, olho ao redor e avisto os altos pinheiros do sombroso bosque, sigo tonto, minha cabeça está girando e dolorida, exalo forte cheiro de bebida, levo as mãos ao bolso encontrando algumas libras. "Preciso chegar a estação." Continuo o percurso distante dos trilhos seguindo por uma estrada de terra até avistar as luzes opacas da Beacosfield Station, vou até a bilheteria onde uma mulher de cabelos claros e forte maquiagem se encontra no guichê, ela me encara de modo hostil.
— Preciso de uma passagem para Londres. — entrego o dinheiro, a mulher sorri debochadamente com seu forte batom vermelho.
— Com essa mixaria você não consegue uma passagem. — ela devolve meus £6 libras mostrando a tabela de preços. — São £10 libras.
— Eu não tenho.
— Então não terá passagem, próximo. — me ignora chamando uma senhora idosa.
Observo a velha e abro um sorriso.
— A senhora poderia me ajudar? Preciso de uma passagem para Londres mas me faltam £4 libras. — a idosa de corpo roliço me olha e tampa o nariz.
— Saia daqui seu bêbado imundo!
— Use o troco e compre mais uma rosquinha sua vaca gorda! — levo uma bolsada da velha.
Corro e pulo a catraca, há poucas pessoas na estação já passam das onze da noite. Ouço passos fortes e apressados olho para trás e vejo guardas, volto a correr os homens tentam me alcançar procuro pela parada para Londres esbarro em um senhor de sobretudo marrom que cai na frente dos meus perseguidores, ganho tempo e enxergo a parada onde a uma pequena fila de espera, entro nela, tiro minha jaqueta de couro e tento abaixar o volume do cabelo observo um garoto usando um boné branco.
— Eai garoto, boné legal. — o elogio.
— Ele é importado dos Estados Unidos, meu pai trouxe ele dê uma competição de Skate. — responde o adolescente.
— Me venderia ele? — os guardas estão próximos.
— Nunca. — o jovem gargalha e olha para minha jaqueta. — Posso fazer uma troca. — diz com um sorriso de canto de boca. — Sua jaqueta pelo boné.
— Beleza. — abro seus bolsos tirando meus cigarros, dinheiro, isqueiro e canivete. — entrego a jaqueta ao garoto que me entrega o boné.
Coloco os dois cigarros atrás da orelha, dinheiro no bolso, o canivete no coturno e o boné na cabeça. Os homens com cassetetes se aproximam e o trem também, eles andam rapidamente para a fila, me aperto entre as pessoas ficando mais perto da porta que se abre entro e corro para o fundo. Da janela observo os guardinhas abordarem o pobre adolescente e o levando para entrada da estação, suspiro e me sento, fecho os olhos e um rosto surge o belo e delicado rosto de Violet, abro os olhos e olho para fora tentando colocar minha cabeça no lugar. "Estaria louco? Tudo passou de um delírio? Mas então por que sinto um aperto no peito, uma saudade tremenda e angustiante."
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O Bosque dos Esquecidos (The Woods of the Forgotten)
FantasiaInglaterra 1984, uma jovem órfão completa seus esperados 18 anos para seguir a busca por seu irmão mais novo que foi adotado e afastado dela há 4 anos, mas seus planos mudam quando é engolida por um bosque de pinheiros que a leva a um estranho loca...