Capítulo - 28 - Noite Fria ( Cold Nigth)

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*Aviso: as imagens não ficaram das melhores por conta que o IA gratuito que usava mudou o sistema e assim não consigo abrir diversas contas mais.

13 de novembro de 1985

 Acendo as luzes do meu atelier de pintura, percorro vendo todas as obras que criei cada uma delas guardando uma lembrança, passo os dedos com cuidado sobre o rosto do bondoso Sr. Juan. Vou até uma tela vazia puxo para perto a mesinha de rodinhas que abriga meu material de pintura, seguro um lápis de ponta macia iniciando os traços de mais uma recordação que eternizarei em pinceladas lentas, termino de fazer o contorno escolho um pincel pequeno de cedas longas que molho em tinta preta. Escuto vozes vindo de cima que parecem animadas, deixo o som em segundo plano focando na tela preta e branca.

 Algum tempo depois uma voz rouca próxima diz meu nome me afastando de meus pensamentos, viro bruscamente borrando o contorno na tela, parado encostado na porta meio aberta vejo o rapaz alto de jaqueta de couro.

 — Dag? — falo vislumbrando seu rosto escondido pela sombra.

 Ele começa a andar com passos lentos e olhos atentos em cada uma das pinturas penduradas pela sala, o punk estaca observando o rosto de bochechas coradas de Violet em uma delas, sinto que ele perde a respiração por um segundo e volta a me fitar.

 — Não sabia que era uma artista. — comenta.

 — É um dom que recebi da minha mãe. — respondo. — Ela era pintora.

 — Não me visitou mais. — diz ríspido.

 — Foram meses complicados.

 — Imagino, deve ter estado muito ocupada com todo o luxo. — me provoca.

 — Estive ocupada tentando conquistar o coração da Sra. Berenberg, uma tarefa nada fácil. — rebato com uma explicação. — Quando cheguei o Sr. Berenberg havia viajado a negócios então fiquei um mês inteiro somente com ela e meu irmão. Parecia uma disputa pela atenção de Philipe, a mulher sempre parecia competir comigo fazendo eu me sentir mal, como se ele não precisasse de mim por perto. A proteção exagerada que Sophie dava ao garoto o incomodava, ele sempre tinha que seguir uma lista de afazeres sem quase nunca ter tempo para se divertir, ser uma criança. Claro que quis mudar isso e gerou um clima ainda mais tenso entre nós. Um dia estava explorando o gigante jardim da mansão com o meu irmão e encontramos um lago onde resolvemos nos refrescar da tarde quente. Ela nunca tinha me falado sobre ser proibido ir naquele lugar, a Sra. Berenberg surtou ao ver Philipe nadando, o tirou a força da água. Então descobri o motivo da Madame ter tanto medo de perdê-lo. — Dag escutava atento diante de mim. — O casal tinha um filho que se chamava Louis, ele morreu com 5 anos. Sophie estava com o garotinho no quintal da casa de campo e o deixou lá fora por alguns minutos ao lembrar de ter deixado um bolo no forno, quando voltou a criança havia sumido, gritou por seu marido que assava carnes na churrasqueira ambos o procuraram desesperados até encontrar o portão da cerca aberto e alguns metros a frente o corpo dele boiando na água de um lago próximo da propriedade. A mulher entrou em depressão e Oscar sempre tentou fazer de tudo para curá-la assim teve a ideia de deixar a sua vida antiga na Alemanha e vir para a Inglaterra recomeçar, adotar uma criança.

 — Que história triste. — diz ele com voz fraca.

 — Sempre aquele que parece ter um coração de pedra antes foi alguém que teve o coração quebrado. — olho para o rebelde de semblante melancólico. — Eu e Sophie tínhamos algo em comum, a dor da perda, o luto. Isso fez nos aproximarmos uma mulher que perdeu o filho e uma filha que perdeu os pais, além do amor que sentíamos por Philipe. Juntas começamos a mudar os dias monótonos os transformando em dias alegres e divertidos onde o menino pode aproveitar sua infância livre. O Sr. Berenberg retornou tendo uma grande surpresa ao ver que eu tinha me tornado parte da família.

O Bosque dos Esquecidos (The Woods of the Forgotten)Onde histórias criam vida. Descubra agora