capítulo 33

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Aqueles dias foram turbulentos, foram
dias de intrigas entre os alunos com Priscila, discussões entre eu e minha mãe, de confusão do meu povo com meu reinado, era como uma tempestade por um só motivo. E a cada fim do dia eu me pegava com lágrimas nos olhos, não pelas ofensas das pessoas ou pelas acusações de minha mãe, mas sim, porque tudo tinha saído do controle, do meu controle e eu não fazia a menor ideia de como conquistar isso novamente. Todos no castelo tinham muito respeito com a minha pessoa, graças a isso não foram dirigidos nenhuma palavra sobre o atual assunto, entretanto, Priscila foi muito confrontada pela maioria dos alunos, por ciúmes ou inveja, ou talvez por serem homofóbicos. Isso me magoava, mas ela não parecia se importar.

- Quer mais chá? – Lee me tirou dos meus
pensamentos.

Limpei a lágrima solitária e confirmei com
a cabeça. Minha xícara foi novamente
preenchida, olhei para o céu escuro e senti
a brisa gelada vir de encontro ao meu rosto,
suspirei e me acomodei melhor na cadeira.
Ali da sacada do terceiro andar eu me sentia mais perto do céu e longe dos problemas, como se tudo ficasse nos meus pés, todos meus problemas, minhas preocupações, minhas tristezas. Olhei no relógio pela segunda vez e já se marcava seis e meia, meu pai estava mais do
que atrasado. Tomei um gole do meu chá e
logo escutei os passos atrás de mim.

- Filha. - Ele fez uma leve reverência com a
cabeça e se sentou na cadeira a minha frente.

- Está atrasado. - Continuei a olhar o céu.

— Sim, estava em uma ligação.

- Problemas?

— Você sabe... - Ele suspirou. - Eu li seu
depoimento, achei perfeito. Amanhã de
manhã estaremos ao vivo com todo o mundo. - Balancei a cabeça monótona. - Carolyna...

Virei o rosto para olhar o homem, ele enrugou a testa em um semblante de pai preocupado, suas mãos pegaram a minha mão livre onde ele apertou trazendo uma certa confiança.

— Não tenha medo, não fique triste, não
esconda quem você é de verdade, seja sincera, apenas seja a minha pequena Carolyna Borges. - Ele sorriu. - Você está lidando com isso muito bem e Priscila também.

Neguei com a cabeça e desviei o olhar, eu via como todos julgavam Priscila, com olhares e palavras afiadas, como se ela fosse culpada por eu amá-la, de alguma forma ela era, quem não amaria Priscila Caliari?

- Eles estão a maltratando, papai, os alunos.
- Meus olhos lacrimejaram.

- Eles estão confusos e com inveja, filha,
você não tem culpa.

- Nem ela!

- Sabíamos que não seria fácil. - Ele afagou
minha mão.

- Conseguiu falar com Pedro Paes? - Mudei
de assunto.

— Sim, ele virá para cá depois de amanhã.

- Mande trazer o Cadu também. Eu quero
saber o que eles tem a dizer. – Falei entre
dentes.

- Não sabemos se foi o Paes.

- Quem mais iria querer me atingir, papai? -
Meu pai respirou profundamente. – Ele é meu principal suspeito.

- Certo!

- E o Cadu?

- Os pais dele já vieram buscá-lo e
provavelmente está em segurança em sua
casa.

— Tomou alguma medida para que ele não
repita o que fez? - Bebi meu chá que já estava frio.

- Sim, ele ficará um mês sem vir para
Londres, seu passaporte foi confiscado. Seus pais pagaram uma multa para o garoto não ser preso. - Balancei a cabeça.

Destination Traits - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora