capítulo 46

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Eu cobria minha boca para tampar meu
choro, e acabava me engasgando com os
meus soluços. Deitada no chão frio de uma
sala qualquer do castelo, eu me entregava a
tristeza. Eu havia machucado Priscila, Deus, eu vi nos seus olhos, eu escutei seu coração virar cacos de vidro, eu senti em mim. Eu fui cruel. Eu fui desumana com alguém que eu amo. Mas que tipo de amor é esse? Mas que tipo de pessoa que eu sou?

Eu sou um monstro!

Soquei o chão e deixei meu grito demonstrar minha dor, a dor por fazer Sarah sair da minha vida, mas essa dor não se comparava com a dor que Priscila estava sentindo nesse momento. Ela não merecia isso.

- Me desculpe, meu amor. – Falei entre os
soluços.

- Filha... - Escutei a voz da minha mãe.

- Eu já fiz o que vocês me pediram. Agora me deixe em paz, por favor. - Gritei.

- Oh, filha. - Ela correu até mim e se sentou
no chão, me puxando para o seu colo. - Você sabe que fez o certo, Priscila vai estar segura longe de nós.

- Eu... eu machuquei ela, mamãe. - Escondi
meu rosto no seu peito. - Ela disse que me
amava.

- As vezes temos que sacrificar algumas
coisas, para que tudo dê certo, filha. -
Olhei para minha mãe e ela limpou minhas
lágrimas. – Eu sei que você ama ela, mas
Priscila estaria correndo perigo estando com você.

Balancei a cabeça e voltei a chorar baixinho. Minha mãe me abraçava e dizia repetidas vezes que tudo ia ficar bem. Mas eu sabia que era mentira.

Tudo ficaria pior.

Me tranquei no meu quarto, não almocei,
não jantei, mas mesmo assim Lee levou a
janta no meu quarto, ela me lançou olhares
repreendedores e me deu sermões, eu não me importava, não dava ouvidos para nada, era como se eu estivesse no piloto automático. Naquela noite meus pesadelos ficaram cem vezes mais assustadores, na segunda vez que eu tentei dormir, meu pesadelo tirou meu sono totalmente.
No meu sonho eu estava com Priscila,
estávamos felizes e sorridentes, mas do nada um temporal mudava o cenário para uma floresta escura e assustadora, com barulhos estranhos e bichos rastejantes, então Priscila já não estava comigo, eu gritava por ela, mas não obtive resposta, depois do meu quinto grito tudo se clareou e eu me via na frente de todo o meu povo, com o corpo de Priscila já sem vida nas minhas mãos, todos me olharam espantados enquanto meu pai colocava uma coroa pesada sobre minha cabeça. Eu gritava por Priscila, eu gritava horrorizada por ver todo o sangue de Priscila nas minhas mãos.

- Carolyna, acorde! - Levantei assustada e
encarei os olhos preocupados de meu pai. –
Outro pesadelo?

Balancei a cabeça e abracei meu pai chorando como uma criança amedrontada. Meu pai suspirou e se deitou ao meu lado, ele beijou minha testa e afagou meus ombros.

- Vai ficar tudo bem.

Eu não disse nada, apenas fiquei ouvindo
sua respiração calma batendo no topo da
minha cabeça, meu pai dormiu e eu continue acordada, eu vi o sol nascer sem conseguir pregar os olhos. Levantei antes do meu pai, tomei um banho rápido e fiz minha higiene pessoal, corri para a salas dos governantes e encontrei Chelsea ali conversando com Zoe, as duas me olharam curiosas.

- Chelsea, posso falar com você? - Ela
balançou a cabeça e se levantou.

Caminhei até o corredor vazio e esperei
a mulher vir até mim, eu estava nervosa,
ansiosa por notícias de Priscila. Chelsea parou na minha frente e cruzou os braços.

- A Priscila... Ela está bem?

— Não. - Ele respirou fundo. - Você sabe que não.

- Ela vai embora? - Chelsea me olhou
impaciente e incrédula.

Destination Traits - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora