capítulo 44

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Me tranquei no meu quarto por quarenta e
oito horas, afogada em lágrimas e em luto
total, não quis receber visitas de Malu
ou Jess, não dei tanta atenção para minha
namorada, nem comia direito, tudo que eu
fazia era tomar banhos demorados e dormir a tarde toda. Eu apenas estava sofrendo em silêncio, eu estava respeitando a morte do meu irmão.

- Está na hora. – Edgar falou assim que eu
saí do quarto.

Dois dias depois da fatalidade que aconteceu com Lucas, meu pai veio me buscar, perguntei sobre minha mãe e ele disse que que ela estava inconsolável para sair do lado do corpo do meu irmão. Thomas não estava diferente, as olheiras escuras debaixo dos seus olhos mostravam o quanto ele havia chorado, assim como a rouquidão incomum na sua voz. Mas mesmo assim ele se preservava forte, abrindo sorrisos curtos e me dando beijos amorosos. Já em Los Angeles, enquanto tentávamos sair do aeroporto, os paparazzi's caíram em cima de nós, usando perguntas invasivas e intimidadoras, meus nervos estavam à flor da pele o que fez meu choro sair na frente de todos, os braços do meu pai tentavam me proteger de tantos flashes e os seguranças faziam uma barreira humana entre nós e os
fotógrafos. Quando finalmente entramos no
carro, conheci o novo motorista e segurança dos meus pais. Ele era grande e fofo, não tinha um semblante muito amigável, mas se mostrou bastante amoroso ao me conhecer.

Meu pai havia me dito que minha mãe já estava no cemitério, apenas nos esperando.
Assim que pisei de volta em casa, Angela
apareceu e me abraçou como sempre
fazia, chorei novamente no seu colo, mas
rapidamente ela impediu toda aquela
choradeira, dizendo que eu precisava me
apressar para o enterro do meu irmão, ela
usou as palavras: "Você precisa se despedir
dele, para que ele possa descansar em paz,
Priscila". Subi as escadas correndo, evitando de olhar em volta e sentir a falta de Lucas, missão fracassada com sucesso. Entrei no meu quarto aos prantos, tomei um banho rápido e vesti roupas que me lembravam a alma de Lucas, branca e florida. O vestido que jurei nunca usar se encaixava perfeitamente com o que se pedia. Meus cabelos se formaram cachos naturais, não passei maquiagem porque sabia que iria borrar. Assim que saí no corredor encontrei Renan de cabeça baixa tocando na maçaneta da porta do quarto de Lucas, ele limpou suas lágrimas e me olhou. Suas roupas estavam um pouco amassadas e desalinhadas no seu corpo.

- É bom te ver. – Ele abriu um breve sorriso.

- Acho melhor irmos.

Balancei a cabeça e segui o garoto, descemos para a sala de estar e esperamos nosso pai. Renan e eu não trocamos nenhuma palavra desde aquele momento. Meia hora depois, Angela e meu pai se juntaram a nós, para assim seguirmos a caminho do cemitério.

[...]

O dia estava quente e o sol radiante, o lugar
era perfeito. Desci do carro e caminhei ao
lado de Angela, a grama verde e bem cortada deixava as flores mais vivas, e no meio daquele imenso gramado verde com algumas lápides maiores do que as outras, estava um grupo de pessoas. Senti meu coração parar assim que vi minha mãe ao lado de um caixão, ela usava óculos escuros e roupas pretas, uma de suas mãos estavam sobre o caixão de madeira e a outra segurava o lenço branco perto do nariz.
Minhas pernas travaram e acidentalmente fiz Renan trombar em mim, Angela segurou meu rosto e me fez olhá-la nos olhos, minha visão já estava embaçada por causa das lágrimas.

- Você precisa ser forte, meu amor. Eu sei
que você é. - Balancei a cabeça e a lágrima
escorreu. - Lucas precisa descansar em paz,
Sarah.

- Eu não quero que ele vá. - Falei com a voz
embargada. - Eu não quero que ele me deixe.

— Ele não está mais entre nós, apenas
nos nossos corações. - A mulher tocou
suavemente sobre meu peito. - Ele precisa
sentir paz no seu coração, para viver apenas aí dentro.

Destination Traits - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora