11| Ladrão, bom ladrão - Parte 1

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AS DUAS SEMANAS que se passaram pareceram um eterno purgatório para Dorian, Melina e Maxine voltaram a isola-lo no caso Corbeau, enquanto elas resolviam outros casos mais simples. Tinha de admitir que não se sentia entusiasmado para ajudar em casos isolados, mas também ficar naquela mesa apenas lendo e daquela vez fazendo relatórios, não era nada animador.

Pelo contrário, sentia o tédio lhe abater novamente.

Porém, mal esperava que em uma típica quinta-feira sua situação fosse mudar. As agentes estavam sentadas em suas respectivas mesas e tudo estava no mais completo silêncio até Max chamar por Melina.

— Veja o que recebi. – Começou Max, assim que sua amiga se posicionou atrás dela – James Weber está no país.

— Não é aquele contrabandista inglês?

— O próprio.

— Como ele conseguiu passar pelas fronteiras?

— Não faço ideia. – Respondeu Max, digitando mais alguns comandos no computador – Mas recebi uma informação anônima de que ele tentaria atacar o Museu de Orline, estou checando as associações dele no país.

Melina se inclinou para mais perto da tela do computador e até apoiou a mão sobre a mesa de Maxine, enquanto lia em voz alta alguns nomes listados ali e já conhecidos. A maioria estava detido e alguns foragidos, porém, foi um nome em específico que fez as duas arregalarem os olhos e proferirem lentamente:

— Damian Nolan.

Não havia nenhuma foto associada àquele nome, mas já era tão conhecido por elas que sequer precisaram procurar por aquela pessoa. Lentamente seus olhares se voltaram na direção de Dorian, que estava alheio à situação e rabiscava despreocupadamente um bloco de notas, enquanto assoviava uma música aleatória. Provavelmente era Beethoven.

— Dorian! – Chamou Melina, e quando ele ergueu os olhos, apenas acenou para que ele se aproximasse.

Com o cenho franzido, demonstrando o tamanho de sua confusão, ele lentamente deixou o bloco de lado e se levantou. A princípio pensou que teriam descoberto o roubo que fizera na festa, logo depois, seus pensamentos se voltaram para a mala que sua irmã havia guardado, onde ele havia escondido certa quantia. Se aproximava das agentes de modo receoso, já pensando em qual argumento usaria para se defender das acusações, porém, certo alívio recaiu sobre si quando viu a foto daquele idiota no computador e logo depois a voz de Max soou, o questionando:

— Conhece esse cara?

— Ah, conheço sim. É o Jimmy. Gente boa, mas burro como uma porta.

— Burro?

— É, os planos dele são sempre os mais estúpidos possíveis.

— Esse homem acabou de atravessar a nossa fronteira e está no país. – Melina apontou para o computador, indignada.

— Caramba, como o Jimmy fez isso?

— Ele já entrou no país outras vezes, não foi?

— Sim, mas fui eu quem o ajudou a entrar.

Daquela vez, quem se voltou para Dorian foi Maxine, que girou lentamente na cadeira e erguendo os olhos em direção a ele, os semicerrou e lentamente questionou:

— Você ajudou um criminoso a entrar ilegalmente no país?

Percebendo que acabara falando demais, Dorian ergueu as sobrancelhas e arregalou levemente os olhos, brincou com os próprios pés por alguns segundos, antes de resmungar:

— Não foi exatamente o que quis dizer.

Melina não queria perder tempo com aquela discussão, sabia que se fosse mais a fundo descobriria muito mais coisas que Delyon havia aprontado, e se descobrisse era provável que gerasse outro processo, haveria mais burocracias e problemas, que naquele momento ela sabia que não poderia enfrentar. De todas as coisas que Dorian poderia ter feito, aquela era a menor.

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