AO SAÍREM do galpão novamente, Melina recebeu uma mensagem de Max sobre o caso que haviam encerrado e lhe passando outro caso em que ainda vinham trabalhando. Um mais complicado, relacionado a manipulação de ações e contrabando. Ela se sentia até mesmo uma pessoa ruim por admitir, mas adorava casos envolvendo esses dois crimes.
— Max me mandou uma mensagem, disse para conversarmos com um dos nossos informantes sobre um caso novo. – Disse, caminhando pela calçada e sendo seguida por Dorian – A casa dele não é muito longe daqui, então acredito que uma caminhada possa nos fazer bem.
— Concordo. Estou precisando esticar as pernas.
Caminharam em silêncio por vários minutos, apenas aproveitando a companhia um do outro. Dorian aproveitava para observar ao seu redor, raramente saía daquela forma e quase não conhecia a própria vizinhança. As calçadas eram largas e espaçosas, se perdia de vista na enorme avenida depois que dobraram uma esquina. As casas de sobrado tinham alguns tijolos propositalmente à mostra, com suas sacadas praticamente iguais, os prédios mais altos eram comerciais e vez ou outra se avistava uma loja ou lanchonete, mas o que mais prevalecia eram as árvores. Se erguiam altas sobre as calçadas e algumas até mesmo ficavam em canteiros que dividiam as duas vias da avenida. As flores ainda não haviam florescido, e o frio as castigara, mas Dorian tinham a certeza de que na primavera podia-se ver as copas das árvores repletas de cores, e no outono, sem dúvida haveria um tapete de folhas pela avenida. Sentiu uma vontade repentina de retratar aquelas paisagens.
Estavam quase se aproximando da rua que Melina indicara quando Dorian estacou no meio da calçada e ali permaneceu alguns segundos, encarando um engraxate trabalhar.
Voltando rapidamente para perto dele, questionou:
— Alguma coisa de errado?
— Sim. Aquele é meu paletó. – Respondeu ele, apontando o engraxate.
Irritada por ter sido enganada ao pensar que algo grave acontecera com ele, Melina ralhou:
— Está falando sério? Pelo amor de Deus, Dorian, quantos paletós daquele devem existir no mundo?
— Um, e aquele é meu.
— Seus paletós antigos já eram, foram doados, não tem a mínima possibilidade de ser o seu.
— Eu conheço as minhas roupas, agente, e pelo que me disse algumas foram doadas para a caridade. Estou certo?
— Está.
— Pois então, aquele homem deve ter ganhado ele.
Sem esperar por uma resposta dela, Dorian caminhou a passos largos na direção do homem, se aproximando pediu desculpas ao cliente e indo diretamente ao ponto, perguntou ao engraxate:
— Eu notei o belo paletó que usa. Quanto quer por ele?
O homem estranhou aquela pergunta e por alguns segundos continuou encarando Dorian de forma confusa.
— Perdão. Mas não entendi o que quis dizer.
— Quero saber quanto quer pelo paletó.
— Não está à venda, senhor.
— Te dou duzentos.
— E-eu não posso...
— Quatrocentos. – Notando a incerteza do homem, Dorian tentou mais uma vez – Oitocentos. Mil e quinhentos e não se fala mais nisso.
Com o último valor, o homem praticamente arrancou o paletó duas vezes maior que seu corpo e o entregou a Dorian, que enfiou a mão no bolso e tirou um maço de notas, entregando ao homem.
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Carte Blanche - Carte Ás 1
AléatoireSérie: Carte Ás Até onde vai sua moral? Dorian Delyon foi um dos criminosos mais procurados do país. Por anos foi escorregadio o suficiente para despistar qualquer um que estivesse atrás de si. Até se deparar com Melina Singh. Após cinco anos de um...