31| Diga amém - Parte 6

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"Oh, mesmo se eu tentar o meu melhor para consertá-lo

Deixe-me no estado em que estou

Oh, mesmo se eu tentar o meu melhor para consertá-lo

O que eu não daria

Apenas para ver sua luz

Apenas para te abraçar, meu amigo

Eu não me sinto bem

Se você estivesse comigo, eu poderia dizer amém"

Say Amen - American Authors.


MELINA DEVERIA ter ido embora de imediato, mas ao invés disso, desceu até o subterrâneo, onde se concentravam as salas de interrogatório e se plantou à frente da única que estava ocupada, sabendo que ali estava Dorian. O interrogatório levou pelo menos uma hora, com agentes entrado e saindo da sala, sem que ela soubesse exatamente o motivo. Somente quando a porta se abriu novamente e Dorian passou por ela, se surpreendendo ao vê-la ali, pôde enfim respirar aliviada.

— Vão indiciá-lo? – Questionou, se aproximando.

— Não. – Respondeu ele, enquanto abaixava a cabeça – Eu fiz um acordo. Se eu entregasse o nome não me acusariam de nada e me deixariam ir.

— Não foi um acordo ruim. Você fez o certo.

— Não me parece certo agora.

— Por que estava tão disposto a se prejudicar por um assassino, Dorian?

Os olhos dele finalmente se desprenderam no chão, e a encararam, banhados de angústia e talvez até culpa e remorso.

— Porque ele não nasceu um assassino. Ele não quis fazer aquilo, só estava desesperado.

Somente quando viu uma nova comoção de agentes chegando com um preso, Melina entendeu o que Dorian queria dizer. Reconheceu na figura daquele homem de cabeça baixa, adentrando uma das salas de interrogatório, o faxineiro do prédio da Past & Edge. Aquilo explicava o pavor dele no dia do assassinato, temia que o descobrissem. E para o azar dele, Dorian descobriu.

— O faxineiro?

— Esteban é o nome dele. – Acrescentou Dorian.

— Por que ele fez isso?

— É isso que eu queria saber.

Sem que Melina esperasse, Dorian adentrou a antessala, onde poderia assistir através do vidro o interrogatório de Esteban. O homem permanecia de cabeça baixa, entrelaçando os dedos, enquanto as mãos estavam algemadas. Tremia tanto que poderia ter um ataque a qualquer instante.

Dorian não soube o que os policiais haviam questionado anteriormente, pôde somente ouvir a confissão de Esteban.

— E-eu não queria fazer aquilo. Foi um ato desesperado, só queria proteger minhas filhas, mas quando vi... já tinha acontecido.

— Por que matou Gerald? – Questionou um dos agentes, diretamente.

— E-eu estava limpando a sala dele um dia e tirei alguns documentos da mesa para limpar. N-não li o que estava escrito, eu j-juro, não sei nem mesmo do que se tratava, mas ele não acreditou. Ele ficou furioso quando me viu lá e começou a gritar comigo. Disse que destruiria minha vida e que eu nunca mais iria ver minhas filhas, que ele daria um jeito de mandá-las de volta para nosso país. – Não conseguindo se conter, o homem abaixou ainda mais a cabeça e foi às lágrimas – Eu só queria protegê-las. Eu não podia perder minhas filhas.

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