29| Diga adeus - Parte 4

79 13 135
                                    

DORIAN AINDA se afundava na investigação na semana seguinte, ninguém nunca o vira tão empenhado como estava naquele caso. Talvez o fato de ter alguém tão próximo envolvido o fez se sentir impelido a terminar com aquilo de vez.

Estava de pé, em frente a um arquivo, analisando uma ficha que tinha em mãos quando escutou um burburinho vir da porta de entrada.

— Senhor, não pode ficar aqui. Saia imediatamente!

— Eu só saio daqui quando eu falar com o Dorian.

— O senhor não está me deixando muitas escolhas.

— Só quero falar com ele, por favor.

Deixando a pasta de lada, Dorian caminhou rapidamente na direção das vozes, encontrando Linus sendo barrado por uma agente, que parecia já bem irritada. Ao notar o desespero nos olhos do amigo e sua postura desarmada, Dorian correu em sua direção, se intrometendo entre ele e a agente.

— Tudo bem, Luna, pode deixar.

— Tem certeza? - Questionou ela, incerta.

— Claro, deixa comigo.

Lentamente ela se afastou, ainda com os olhos desconfiados fixos em Linus, ele, no entanto, não esperou que Dorian lhe perguntasse o que fazia ali, respirou fundo e logo disparou:

— Precisamos conversar.

— Vai me esculachar de novo? – Questionou Dorian, com os braços cruzados.

— Não, eu... só quero conversar. Dessa vez com calma. Eu preciso de ajuda.

Aquela última frase desestabilizou Dorian, ele já tinha a certeza, mas ali estava Linus lhe confirmando que algo estava muito errado e que ele de fato precisava de ajuda.

— Tudo bem. Eu vou chamar Max e Melina e então podemos conversar.

— Não! – Se adiantou Linus, segurando seu braço – Só converso se for com você.

Dorian queria dizer que sem Maxine e Melina não poderia fazer muito, mas o desespero e talvez até a esperança que viu despontar nos olhos de Linus o fez desistir da ideia e concordar e sair dali rapidamente, puxando o amigo pelo braço até o elevador.

Desceram e caminharam em silêncio até a lanchonete de frente para o prédio e só depois de se acomodarem e pedirem dois cafés expressos que Linus disse, abrindo um sorriso:

— Fez amigos de verdade. Eles parecem gostar mesmo de você.

— A gente acabou se apegando. Mas vamos direto ao assunto. O que queria conversar comigo?

Linus demorou alguns segundos para reagir ante aquela pergunta, a cabeça permanecia abaixada, enquanto os dedos estavam cruzados sobre a mesa. A respiração se tornou pesada, os ombros começaram a chacoalhar levemente e somente quando ele finalmente ergueu a cabeça que Dorian percebeu que ele estava chorando. Os olhos já haviam tomado uma coloração avermelhada e as lágrimas desciam sem nenhum empecilho.

— Eu desisto. – Confessou ele – Eu desisto, eu não aguento mais.

— Linus, me diga o que está acontecendo.

— Eles não me deixam em paz, Dorian. Não existe um segundo em que eu me sinta seguro.

— Se refere aos sócios da Past & Edge?

Antes de responder, Linus se forçou a recobrar a postura, enxugou as lágrimas e fungou.

— Sim. Estão fazendo um verdadeiro inferno na minha vida.

Carte Blanche - Carte Ás 1Onde histórias criam vida. Descubra agora