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Hongjoong

Eu já estava naquele quarto há umas mil horas! Quer dizer, eu estava exagerando, mas ainda assim, parecia que o Seonghwa nunca chegava. Ele não deveria ter me dito que ia passar aqui no meu dormitório ontem a noite, porque mal dormi de ansiedade. Quando nós estávamos brigados eu também mal dormia, mas agora não era pra ser assim...

— Olha só! — Sunwoo abriu a porta de uma vez e já se jogou em sua cama ao lado da minha. Como eu estava com as costas na parede e o notebook no colo, ele acabou ficando exatamente de frente pra mim.

— Se divertiu ontem? — perguntei com sarcasmo. O cara raramente ficava ali naquele quarto, então minha mente ia longe ao pensar no que ele tinha andado fazendo.

— Não? Sim? Talvez. — Ele sorriu enquanto arrumava o cabelo sobre os olhos, depois tirou os sapatos e os deixou jogados. Só para imitar minha posição, mas na própria cama. — Não ache que eu esqueci da nossa conversa, Hon.

Revirei os olhos. Aquele otário começou a me chamar assim porque tinha visto "acidentalmente" — eu duvido disso ainda — uma mensagem do Seonghwa uns dias antes. Eu já tinha ameaçado ele de tantas formas, mas nada tinha adiantado, Sunwoo parecia o capeta em pessoa e eu não podia bater nele porque qualquer confusão nos dormitórios resultava em expulsão imediata e eu não tinha dinheiro para conseguir algum lugar pra ficar ainda.

— "Hon" é o caralho, Sunwoo. — O fitei com todo o ódio que consegui reunir.

Ele riu. Cacete, que porra, esse cara era um filho da puta, nada parecia abalá-lo porra!

— Eu não achei que ia conhecer seu namorado tão cedo — ele disse, parando de rir. Seu semblante era totalmente de interesse e curiosidade. Eu sabia que ele já tinha me ouvido conversando com o Seonghwa por ligação, tinha visto as mensagens "sem querer" naquele dia e desconfiava da minha reação "indiferente" sempre que tocava no nome dele, mas não tinha como ele saber que eu estava, de fato, ficando com o Seonghwa. — Eu vi uma matéria estrangeira interessante que circulou por uns dias, talvez você me confirme agora que o bonitinho que todo mundo baba ovo na faculdade é um babaca bêbado.

Franzi a testa, porque não sabia que matéria era aquela. Será que naquele dia da festa dos pais dele... Não, sem chance...

— Ontem eu joguei bola com ele, sabia? — Sunwoo continuou, só para me encher. E eu continuava de cara fechada, me segurando pra não reagir a sua boca suja com o meu punho. — Aí... — Ele sentou na beira da cama e se inclinou na minha direção como se fosse me contar um segredo. Quando voltou a falar, seus olhos foram para o notebook. Não... Não para o notebook... — Ele tirou a camiseta no fim do treino do pessoal do time... — Sunwoo sorriu de lado e umedeceu o lábio com aquela língua venenosa. — E eu reparei em uma coisa muito interessante enquanto as garotas ficavam puxando o saco dele.

— No quê? — Ergui uma sobrancelha. Mesmo que pudesse adivinhar, eu queria estar errado.

— Uma coisinha de nada. — Ele deu de ombros e se afastou, mas sem parar de sorrir. — Mas eu tive a impressão que já tinha visto alguém com aquela coisinha, no mesmo lugar. — E apontou pro meu quadril pra confirmar o que eu já achava que ele ia dizer. — Você.

Tá, nós éramos colegas de quarto e quando eu me trocava ou vinha do banheiro após tomar banho, ele pode ter visto, ou não, a minha tatuagem. Mas de qualquer forma, Seonghwa não tinha a mesma tatuagem que eu. Ele estava criando uma teoria muito, muito mesmo, forçada. Minha conclusão era que ele queria me provocar depois que quase bati nele no dia anterior.

Então foi minha vez de rir.

— Sunwoo, você é muito desocupado, né? — Eu ia me segurar pra não bater nesse filho da... Uma batida soou na porta, atrapalhando meus pensamentos. Ah, não.