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Havia pequenos detalhes que eu estava deixando passar, não era nada tão insignificante quanto o fato de estar chovendo há alguns dias, eram detalhes importantes, nos quais eu me pegava pensando toda vez que olhava para Hongjoong, ou San e Wooyoung.

Na véspera de Natal, aparentemente eu dei uma bronca em Mingi por mencionar Wooyoung com aquele apelido que criaram na escola. "Wooyoungay". Eu não lembrava disso, mas Mingi sim e mesmo que ele tivesse pedido desculpas — segundo o que Hongjoong me contou — ele ainda parecia meio distante de mim.

Nós estávamos arrumando nossas coisas na van de Yunho, indo direto para a casa de praia dos avós dele. Bom, essa seria a nossa viagem de fim de ano. Exceto por Jongho, que precisava passar essa data com a família, todos os outros estavam indo.

Por mais que não acreditasse nessas coisas de renovação, eu queria terminar o ano sem essas pendências, por isso decidi que falaria com Hongjoong e Mingi, assim que chegássemos.

— Posso sentar com você? — O Kim perguntou, já tomando o lugar disponível ao meu lado. — Tem alguma coisa te incomodando?

Não sei como ele sabia. Talvez eu não estivesse agindo tão normalmente quanto achava, ou talvez estivesse escrito no meu rosto.

— Tem uma coisa, mas eu não quero falar disso aqui — disse, olhando ao redor, para os outros que estavam sentados em seus lugares. Hongjoong apenas assentiu.

Ao invés de tentar arrancar uma resposta agora, ele foi compreensivo e colocou a cabeça em meu ombro, começando a falar de outra coisa enquanto Yunho ligava o motor.

— Hwa, você se lembra da primeira vez que fomos à praia? — Eu o olho de relance, com o peito subindo e descendo, acelerado. Ele não se move sobre meu ombro e continua olhando para a janela ao meu lado. O ângulo deixa difícil que eu veja se ele está triste com a lembrança de quando seus pais e os meus nos levaram ao litoral. — Sinto falta daquele tempo. — Sua voz sai baixa e quebradiça, mas Hongjoong não está instável, ele parece longe de chorar por causa disso.

— Eu também sinto.

Naquele tempo, a mãe dele estava viva, os pais eram felizes e seu pai nunca havia nem sequer levantado a voz para alguém. Quanto aos meus, eles eram um pouquinho mais presentes na vida de Jihyun e na minha.

Com o coração doendo, faço carinho em sua cabeça e felizmente ele não me afasta por isso. Imagino o quanto é difícil para ele estar indo até um lugar que pode te trazer tantas lembranças de um passado para o qual ele não pode mais voltar.

Hongjoong, até hoje, nunca tinha dito mais nada sobre as lembranças que envolviam sua mãe. No início eu sei que ele a culpou e se sentiu abandonado. Ele mal falava comigo e eu era a única pessoa com quem ele podia falar, era frustrante, mas eu nunca me chateei de verdade com ele. Sabia que precisava respeitar seu tempo.

— Eu também tenho algo para te dizer. Então quando você puder, vamos conversar. A sós — ele especificou.

— Tudo bem. — Parei de acariciar sua cabeça e coloquei a bochecha encostada ali, sentindo o cheiro doce do seu shampoo de cabelo. — Hon, eu sempre vou estar aqui para você.

A viagem na verdade foi mais rápida do que eu esperava e só paramos para passar no supermercado, já que provavelmente a casa estava com estoque vazio.

Hongjoong e eu descemos da van, alongando as pernas enquanto os outros já iam direto para dentro do estabelecimento.

— Está chuviscando. Acho que vamos passar o ano novo debaixo do maior temporal — disse ele, com as mãos sobre a cabeça para se proteger.

Boys Like Boys » seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora