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Hongjoong

"... além disso, eu tenho orgulho de quem eu sou. O que a minha sexualidade tem a ver com a vida de vocês?" Eu observo o canto do vídeo nos stories do Seonghwa, onde Sora sorri para ele muito orgulhosa. Mesmo que agora eu entenda e identifique esse sentimento amargo como o que realmente é — ciúme —, ainda é difícil de lidar com ele. Porém não mais pelo motivo de antigamente — proteger minha heterosexualidade, convenhamos, quase inexistente —, é mais pela minha racionalidade, que enxerga que não existe nada entre eles dois. "Não quero que me vejam através de com quem eu fico, quero ser visto e aceito como eu." O próximo story é um print com várias mensagens positivas e pessoas contando como ele inspirou elas a se assumirem.

Bloqueio a tela e viro o celular para baixo na mesa. Minha cadeira range no estúdio quando eu encosto as costas nela, com um suspiro cansado.

Tenho acompanhado os posts dele e dos meus amigos a semana toda. Além de ver eles juntos com Sora e Sunmi direto no campus. Eu sei que ando ocupado e que mais da metade deles enxerga que se Seonghwa não me chamar, não há motivo para o fazerem, mas isso não me impede de me sentir solitário e deixado de fora. Eu fazia parte do grupo muito antes de Sora e Sunmi.

Elas foram embora no sábado pelo que entendi, mas até hoje, segunda-feira, eles estão postando coisas de quando estavam todos juntos.

Passo a mão pelo rosto e olho para o teto. Onde eu me meti quando tentei resolver tudo sozinho? Sempre que sinto que está tudo nos trilhos, o trem descarrilha. Por que minha vida não podia ser um pouco mais fácil e...

— Hongjoong? — O professor Choi pega meu ombro e eu me assusto. — Tudo bem?

— Sim...

Ele senta na beirada da mesa e olha para mim com uma expressão que acredito que quer dizer "tem certeza?", mas ele não insiste quando tudo o que eu faço é sentar direito e olhar para ele.

— Eu queria conversar com você sobre o seu último trabalho com a Hye e o Sunwoo.

— Ah, claro. — Um nó se desfaz quando percebo que o assunto é muito mais leve do que eu pensava. — O que foi?

Ele abre a boca, mas nada sai quando meu celular começa a vibrar em cima da mesa ao lado dele. Eu me apresso para ver quem é que está nos atrapalhando e quase engasgo quando vejo o nome da mãe do Seonghwa.

— Professor, eu preciso atender — digo instantaneamente nervoso.

— Pode atender, falo com você quando você terminar. — Ele sorri de lado e me deixa sozinho no estúdio.

Assim que ele sai eu coloco o aparelho na orelha.

— Senhora Park.

Eu achei que tínhamos um combinado — ela me diz, indo direto ao assunto como sempre. — Era para você resolver o que precisava e só então eu falaria com o pai dele.

— Eu sei disso — digo, mas não consigo explicar que desde a viagem para os Estados Unidos, onde nos falamos em particular, Seonghwa e eu passamos por um monte de... coisas. — Eu sei...

Não era para ele saber... daquela forma. — Ela faz uma pausa e nós acabamos suspirando juntos. — Mas eu sei como meu filho é. E como meu marido é. A sorte de vocês é que o pai dele quer se desculpar pelo que aconteceu na festa e vai ser mais brando de agora em diante.

— Eles têm se falado? — pergunto, mesmo duvidando.

— A Jihyun tem tentado convencer o pai deles a dar o primeiro passo. Acredito que ele vai ceder em breve. Principalmente com o noivado.

Boys Like Boys » seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora