Boys Like Boys » seongjoong

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Tranco a porta do apartamento em silêncio assim que chego, tirando os sapatos logo em seguida. Porém, assim que viro...

— Onde você estava? — Mingi pergunta segurando algumas cartas, sentado no tapete com Jongho, San e Wooyoung. Dois deles ainda usando uniformes.

Olho para os mais novos, confuso por estarem todos ali.

— Não me diz que você decidiu desistir da faculdade e virar socialite?! — Mingi larga as cartas no chão, em choque, e Wooyoung aproveita para ver todas.

— Do que... — começo a perguntar, mas sou interrompido.

— É que você tá com um sorrisinho estranho no rosto — diz Wooyoung, jogando a próxima carta para ferrar o Mingi no, agora eu percebo o jogo, Uno. — Compra dez.

— Quem compra não joga — diz Jongho, colocando a carta da cor que Wooyoung escolheu. Não é surpresa nenhuma que quando chega a vez de San, ele grite "Uno" e sorria para o Jung. — Achei que fosse um jogo individual — diz Jongho num tom ácido. — Enfim, e aí, Seonghwa... Vai contar o que te deixou tão feliz?

Não está tarde ainda, mas já é noite e depois que almoçamos juntos não enviei nem uma mensagem para qualquer um deles.

Wooyoung olha para mim como se desconfiasse de algo, mas não diz nada enquanto joga as próximas cartas para bloquear o Mingi e o Jongho.

— Cara, nunca mais jogo com você — reclama Mingi. — E eu achando o Yeosang mau.

— Vou dormir, porque tenho aula amanhã cedo — aviso. — Não façam barulho. Não destruam nada. Não voltem tarde pra casa. Entendido? — Caminho para o quarto quando eles assentem em uníssono e Mingi faz um "OK" com os dedos que eu não confio nada. Mas pelo menos estou por perto para evitar que eles saiam muito do controle, eu acho.

Assim que me tranco no quarto meio arrumado, meio cheio de caixas, tiro minha calça jeans — que trouxe de casa depois que tomei banho lá — e coloco um moletom confortável. Deito na cama nova com as luzes do quarto apagadas e pego meu celular.

Hon: avisa quando chegar

Seonghwa: vai me tratar como as suas ficantes do colégio agora?

Hon: claro!

Hon: aprendi no manual que achei no seu armário do vestiário quando a gente tava na escola

Hon: acho que o nome era "como conquistar garotas, um manual escrito por park seonghwa"

Seonghwa: wow, esse título parece mais uma coisa SUA e do MINGI.

Seonghwa: o meu se chama "como fazer todo mundo cair aos seus pés"

Seonghwa: cheguei em casa ;)

Seonghwa: mingi, jongho e san estão fazendo uma noite de jogos com o woo

Hon: faz sentido se até a garota mais popular da escola vc pegou

Hon: podemos fazer uma tbm

Hon: só nós dois

Hon: outro dia

Primeiro fico confuso com a parte da Sooyoung, ou pelo menos acho que seja sobre ela, mas depois preciso virar na cama e me afastar do celular para poder me recuperar. Agora fazemos piadinhas sexuais?

Seonghwa: eu não peguei a sooyoung

Seonghwa: de onde tirou isso?

Seonghwa: eu te aviso quando wooyoung for passar a noite fora

Hon: ok

Hon: boa noite, hwa

Seonghwa: boa noite, hon

Paro pra pensar que tem muitas coisas que quero perguntar para ele agora, mas prefiro fazer isso pessoalmente, sem pressa. Viro para dormir, mas meu celular começa a vibrar do outro lado e eu o pego para ver quem está ligando.

— Oi — diz Hongjoong baixinho quando eu atendo a chamada de vídeo. Ele está de fones de ouvido por algum motivo.

— O que a...?

— Eu liguei sem querer. — Ele também está deitado pelo que parece. Seu quarto está muito mais escuro que o meu. — Foi mal.

— Tudo bem. — Ajeito meu corpo na cama e espero uns segundos. — Por que você achou que eu tinha ficado com a Sooyoung?

— Porque, olha, ela obviamente gosta de você, e depois que... paramos de nos falar, ela estava em todas as suas postagens.

Fico quieto, assimilando a informação de que ele andou vendo meu perfil. Eu não costumo conferir quem visualiza ou curte minhas coisas, então não fazia ideia.

— Nós não estávamos sozinhos. — E eu não gosto dela, deveria dizer.

— Hm, eu entendi.

Coço meu olho, um pouco sonolento, mesmo com o horário. Não está tarde, mas desde que comecei a sair de casa cedo para as aulas...

— Você vai fazer alguma coisa amanhã depois da aula? — pergunto.

— Fico no estúdio até às 19h.

— E no fim de semana?

— Nada demais, só... adiantar umas coisas do trabalho e da faculdade.

— Faculdade de música, né?

— Isso. — Ele assente e seu rosto fica mais perto da luz do celular depois disso. — E você, o que vai fazer?

Quase dou risada de seu esforço para continuar conversando.

— Depois da aula? Talvez eu saia com um pessoal da faculdade. Já no fim de semana... nada.

— Que tal... pintarmos o meu cabelo? No fim de semana.

Fico surpreso a ponto de não conseguir falar nada e só assentir com um sorriso idiota. Mas neste momento não me importo com minha aparência, eu só quero manter isso aqui pelo máximo de tempo que eu puder.

— Estou vendo você rir de mim.

— Eu senti sua falta também, Hon. — Ele parece tentar conter o sorriso que se desdobra em seus lábios, mas falha. E eu o entendo, porque também não consigo tirar meu sorriso. — Que cor?

— Qual você quiser. Confio em você.

Contenho meu sorriso, mas meu coração já é outra história. Estou com uma teoria maluca de que ele anda dizendo... certas coisas, só para mexer comigo.

— Acho que vai dizer outra coisa quando terminarmos e você estiver careca — digo, rindo.

— É melhor manter minha beleza — ele avisa, soando muito como eu. Imagino que fosse sua intenção, mas deixo que ele roube um pouquinho do meu ego hoje.

— Só um pouquinho feio — digo, pensando que assim pelo menos vou deixar a concorrência menor. Como se Hongjoong pudesse mesmo ficar feio.

Apesar da brincadeira, ele deve ser lindo até careca. E... Droga! Ele olha para mim com esses cílios grandes e esse sorriso de lado e perco o raciocínio. Não sei mais o que estou fazendo quando sorrio de volta com a mesma malícia e o analiso.

— Vou comprar tudo — digo, segurando o celular em cima da minha barriga. — Enquanto isso pense em como vai me pagar pelos meus serviços, Hon. — Olho direto para a minha câmera e pisco um olho, aumentando o sorriso sugestivo. Hongjoong mostra o dedo médio e resmunga algo incompreensível.

— Boa noite — ele diz em seguida. — Meu colega de quarto está me mandando vário sinais de que pretende me matar se eu não calar a boca agora.

— Boa noite, querido — digo, para ver sua reação. E percebo a forma como ele estreita as sobrancelhas antes de desviar o olhar e desligar.

É bom saber que não sou o único surtando com algumas palavras.