23/06/1958

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Eu definitivamente não queria ser uma freira, e tinha mais certeza disso a cada dia que se passava, porque via aquelas mulheres más e sem um sorriso no rosto e não desejava ser daquele jeito.

Olhei para Hannah, que varria em silêncio, e depois para Aline, que nos supervisionava.

— Sejam rápidas, a missa está prestes a começar.

Ela disse isso e nos deixou, e foi aí que Emily chegou perto e cochichou:

— Você e a Ivy estão juntas?

Eu segurei a vassoura mais forte e olhei ao redor antes de assentir. Hannah deu uma risadinha, mas depois pareceu triste.

— O que foi? — Perguntei.

A resposta era óbvia: O lugar que estávamos. E não só isso, as pessoas lá fora também eram horríveis quando se tratava de um amor diferente do que eles estavam acostumados.

— Acho que eu sempre soube que vocês acabariam juntas. Você era o que faltava para Ivy.

— Como assim?

— Você é você, Maria. E Ivy ama o seu jeito, deveria ser o que ela procurava, e agora ela parece feliz.

Fiquei feliz quando ouvi aquilo. Sorri feito uma boba, igual quando Ivy dizia coisas românticas para mim.

Ivy realmente gostava de mim. Demonstrava isso com atitudes e palavras. E eu também gostava dela. Mas se essas demonstrações fossem longe demais, acabaríamos sendo descobertas, e fiquei nervosa, pensando no que iriam fazer conosco.

— Eu contei para a Hannah. — Sussurrei para Ivy, que parou de arrumar o arranjo e me encarou.

Era melhor contar logo sobre o que eu tinha feito, porquê esconder de Ivy não seria bom, e eu não queria segredos.

Ela parou um segundo e respirou fundo.

— Fiz uma coisa ruim? — Perguntei, preocupada.

— Não. Hannah e Diana estão juntas, então tudo bem.

— E por que parece brava?

— Eu não estou! Só quero que tome cuidado para não deixar isso escapar.

Ivy não precisava duvidar de mim quanto a isso, eu não falaria isso para ninguém além de Hannah e talvez Diana. Eu confiava em Ivy, ela sabia como as pessoas eram, e eu era só uma idiota.

— Vêm — Ela chamou. — Vou guardar essas flores.

Eu a segui pelo corredor estreito, e assim que chegamos na sala onde as flores estavam eu percebi que não conseguia ver nada. Ivy parecia saber onde estava cada coisa exatamente, e guardou as flores com agilidade.

— Eu te amo — Ela disse de repente, e segurou minha mão. — Eu não quero perder você, e se a pessoa errada souber o que acontece entre nós duas... Então estará tudo acabado.

— Eu não quero que acabe.

Ivy beijou minha boca, e eu segurei sua mão com mais força.

— Eu quero que acabe somente quando uma de nós morrer — Ela disse, e me deu um outro beijo, no canto da boca. — E somente nessas condições. Tirando isso... Espero que esteja comigo, Maria.

— Não vou a lugar nenhum. — Sorri.

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