12/05/1963

44 5 0
                                    

Foi num fim de tarde, quando o céu estava em tons de azul e roxo que eu decidi reescrever meu diário. Ivy havia abandonado seu emprego por se sentir muito cansada, mas eu continuava indo para o meu trabalho no restaurante. Depois de tanto tempo, aqueles limites se tornaram entediantes e eu finalmente quis viajar com Ivy para conhecer o mundo, porque essa era a vida que a gente planejava.

Então eu me sentei, peguei algumas folhas e li com atenção cada palavra que eu havia escrito. Comecei a reescrever, e quando quase tudo estava pronto, contei para Ivy. Ela se tranquilizou quando eu disse que sairia dali com ela, e esse fui o único motivo que fez Ivy me deixar publicar.

Marcy Jeremy tinha um escritório bem perto do restaurante, e eu levei as cartas e tudo que havia escrito. Marcy disse que leria tudo na minha frente, e ao descobrir quem e de onde eu era, ela se levantou da sua cadeira de couro e me encarou com espanto.

- Você teve uma vida de cinema, Maria Cortez!

Eu não soube dizer se isso havia sido uma coisa boa, mas sorri.

- Então... Eu vou ser publicada? - Hesitei.

- Agora mesmo! Há tanto tempo não haviam histórias tão emocionantes!

Marcy Jeremy era uma mulher de baixa estatura, ela se movia pelo escritório com rapidez e deixava seu cabelo bastante curto e preto se mover junto com ela.

- Eu preciso de um tempo - Informei. - Eu e minha namorada precisamos sair de Londres. Concordamos que é mais seguro.

Ela assentiu, eu fiquei aliviada.

Eu voltei para casa e contei a notícia para Ivy, então começamos a preparar nossas malas de viagem para ir a qualquer lugar.

- Eu nunca achei que poderíamos chegar até aqui. - Ivy comentou, sorridente.

- Foi o que eu sempre imaginei para nós duas, meu amor. - Coloquei as mãos em sua cintura, trazendo ela para mais perto, então a beijei.

- Tenho medo do que pode acontecer, mas você sempre esteve certa. Podemos fazer tudo se estivemos juntas.

Nós nos amamos aquela noite, e no dia seguinte eu fui me despedir de Marcy. Ela havia separado dinheiro para mim, muito dinheiro, porque acreditava no meu trabalho. Ficou feliz em conhecer Ivy, porque ela havia vivido tudo aquilo comigo.

Ivy e eu partimos naquele dia, e quando estávamos sentadas no trem, eu olhei para ela, completamente apaixonada. Por todo aquele tempo nosso amor só tinha ficado mais forte.

Ela me encarou também, sorriu e segurou minha mão.

- Por que para você esse livro foi tão especial?

A pergunta de Ivy não me surpreendeu, eu esperava que ela questionasse.

- Porque um dia, eu quero que pessoas como nós sejam felizes. Eu quero que elas não precisem se esconder, que elas possam se amar livremente - Eu sorri para Ivy. - Garotas como nós merecem amor, e não sofrimento. E apesar de tudo que passamos, eu não desejo que elas passem pelo mesmo. Eu desejo que elas se amem sem medo.

Convent | ⚢ Onde histórias criam vida. Descubra agora