Querido diário, eu sentia que iria morrer. Não era saudades, e sim um aperto no peito e uma sensação de ser observada que passei a sentir depois que aquela freira começou a me ameaçar. Eu andava assustada pelos corredores quando estava sozinha, e mal dormia, com medo que ela invadisse meu quarto a qualquer momento.
Toda vez que íamos tomar banho eu me envergonhava das minhas marcas nas costas, e sentia ainda mais raiva da madre. Haviam menos garotas porque grande parte estava em Londres, mas se Florence estava lá era suficiente para começar um burburinho. Eu estava esperando pela minha vez, e quando finalmente liguei o chuveiro Turgueniev abriu a cortina e viu minhas costas. Ela passou suas unhas pelas marcas num ato de pura maldade, e eu me controlei para não gritar ou acertar seu rosto novamente.
— Saia daí, Turgueniev! — A maldita freira ordenou. Desde que começou com as ameaças, ela pareceu ficar mais próxima de todas nós, ou eu apenas estava percebendo mais sua presença.
Florence fechou a cortina, mas a ideia da freira me ver começou a perturbar minha mente, comecei a hiperventilar e tremer e me recostei no ladrilho frio, fazendo minhas costas doerem.
Me agachei no canto da parede e abracei meu corpo. A água fazia minha feridas doerem, e eu permaneci chorando ali. Ouvi a voz da freira falando com outras garotas e aquilo me perturbou, então eu apertei meus olhos e tapei meus ouvidos para não precisar ouvi-la.
— Maria? — Ouvi Hannah chamar, mas eu não consegui responder.
Ela abriu a cortina, e assim que me viu, se aproximou, mas não sabia o que fazer.
— O que aconteceu? — Ela perguntou, e desligou o chuveiro num ato desesperado.
— A freira... vai ver você... aqui. — Eu falei entre soluços, e ela me ajudou a levantar.
Hannah me cobriu com uma toalha e me acompanhou até sairmos debaixo do chuveiro. Noviças nos olhavam, confusas, mas não falaram nada, nem Florence, pela primeira vez.
Fui para trás das cortinas e comecei a me vestir sem ao menos tirar a água do meu corpo. Sai com as roupas claramente molhadas, e tentei ignorar o olhar das noviças enquanto ia para o meu quarto.
Assim que deitei na cama eu respirei fundo e abracei o meu travesseiro. Fechei meus olhos, segurei mais forte e senti saudades de Ivy naquele momento. Lembrei da última vez que a vi no carro, prestes a ir para Londres, o momento em que minha vida se tornou pior no convento.
Então tive uma ideia.
Sem ter a mínima ideia se a carta seria enviada ou não, eu arranquei uma página do diário e comecei a escrever.
"Ivy, te necesito, e percebo isso a cada dia que passa. Espero que você esteja melhor que eu aí em Londres, mas se estiver bem, por favor não se esqueça de mim. Você estará sempre em meu coração, independente, se arranjar uma outra pessoa ou se nunca mais pudermos nos ver.
Para o meu único amor."
Assinei com o nome falso de um garoto, dobrei e me preparei para entregar ao mesmo garoto dos vestidos, já que ele parecia gostar de mim e podia sair quando quisesse.
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Convent | ⚢
Romance"Maria Cortez é levada para um convento. A causa disso? Sua escolha de ser livre, e não querer seguir os passos religiosos da mãe. Lá, conhece Ivy Lowell, uma das garotas enviadas pela avó, que a mandou para lá após descobrir que ela havia se 'desvi...