08/07/1958

49 10 0
                                    

Haviam se passado dois dias desde que entreguei a carta e até aquele momento Patrick não havia retornado. Eu andava em círculos na frente do convento quando o vi em sua bicicleta pedalando em direção ao convento. Fiquei animada, mas não consegui relaxar enquanto não sabia se tinha tido uma resposta.

Ele parou a bicicleta, e passou um tempo fazendo suspense antes de finalmente abrir sua bolsa.

- Eu tive uma resposta? - Perguntei, animada.

Patrick fez um suspense, então assentiu.

- Ontem mesmo essa carta já estava lá, mas eu...

- Por que não a trouxe? - O empurrei levemente, estava com raiva. Ele me olhou confuso e franziu o cenho.

- Para quem são essas cartas, Maria? Elas parecem muito importantes para você.

- Você não precisa saber!

Fiz um gesto pedindo a carta, mas ele balançou a cabeça.

- O que foi, Patrick?

- Estou sendo gentil e ajudando você, então qual é o motivo da sua raiva?

- Não tenho muito tempo, e eu preciso mesmo saber o que está escrito nessa carta.

Ele abriu sua bolsa, mas ao invés de tirar logo a carta, ele tirou uma câmera.

- Disse que me deixaria ter uma foto do seu cabelo.

Bufei, mas não tinha opções, então tirei o hábito e o deixei tirar quantas fotos queria.

- E agora?

Ele parou de olhar as fotos e me entregou a carta.

- Aqui está.

- Obrigada - Agradeci e sorri. - Posso contar com você para enviar outras cartas?

Ele assentiu.

- Fico feliz em ser útil para você.

O sino tocou e as noviças começaram a sair para chegar até a capela.

- Precisa ir! - Eu disse me afastando, e ele subiu na bicicleta exatamente do mesmo jeito.

Coloquei a carta no bolso e me virei para seguir as garotas. Deixei a vassoura perto da entrada e as segui.

Meu cabelo molhado escorria pelos ombros, minha pele estava com algumas gotas de água, mas a única coisa que importava era ler a carta de Ivy. Sentei na minha cama, tirei o papel do bolso da minha blusa e tirei o selo para conseguir abrir.

Minhas mãos tremiam e eu me agitava, ansiosa para finalmente saber o que Ivy havia dito.

"Querida Maria, não imaginei que receberia uma carta sua, mas quando recebi, fiquei transbordando de felicidade, e no momento que terminei de ler, me apressei para escrever sua resposta. Eu não consigo parar de pensar em você por um segundo sequer, e a conheço o suficiente para saber que vêm pensando em mim também. As coisas vão bem, pelo menos eu acho. Estou perto de ir embora daqui, e não queria voltar para bakewell, mas ao menos tenho você aí. Não estou tendo emoções muito fortes ultimamente que possam me fazer passar mal, e acho que isso é bom, assim não morro sem me despedir de você antes.

Por favor me escreva de volta, diga-me como você está, o que aconteceu desde que parti. Muitas vezes, quando estou prestes a dormir, relembro da nossa última noite, e espero que possamos viver uma daquela mais uma vez. Não sou uma pessoa acostumada a escrever cartas, e por isso nem sei se estou fazendo o certo, mas espero que esteja, e que possa ver você em breve.

Para meu amor.
De: Alex"

Quando terminei de ler a carta os meus olhos estavam marejados, eu deitei e coloquei a carta sobre o peito e abracei.

Sorri para o teto e em seguida fechei meus olhos, relembrando de cada palavra que Ivy escreveu.

Convent | ⚢ Onde histórias criam vida. Descubra agora