Além da Coroa e do Nevoeiro [CONCLUÍDA]

Capítulo 11: Eu declaro: decido!

— De jeito algum! — Berno largou uma pasta sobre a mesa — Eu não ponho os pés para fora das muralhas nem se fosse sonâmbulo!

— Olip — Slim recolhia algumas anotações que havia deixado cair — O que "a voz" te disse, especificamente. Você lembra?

— Sim. Perfeitamente. Ela, ou ele, estava indo para um lugar onde poderia trazer um amigo de volta.

— Como assim... de vol— Disse Slim.

— De volta de volta.

— Tá...

— E ele disse que era na vila de Meandros!

Olip deu um passo à frente, para ficar um pouco mais perto de seus amigos. Berno parecia não querer fazer contato visual, enquanto Slim fitava os próprios pés.

— Ele disse que estava seguindo uma estrela, mas precisava de uma outra coisa antes de chegar na vila. Ele precisava de um coração bondoso. Disse que se eu conseguisse chegar, também poderia trazer de volta... alguém — Olip finalizou sua fala quase inaudível. Percebeu que suas mãos soavam agora.

Um pequeno silêncio de três partes se propagou pela sala. Os meninos pareciam não saber como reagir. Berno continuava a esquivar-se, e Slim, a olhar para o chão, porém agora franzia o cenho.

— Existe uma estrela, não existe, Slim? — Berno perguntou, enquanto ainda olhava para o telescópio.

— Sim.

— E de quando em quando ela aparece?

— Três meses. É vista com mais clareza no meio da ilha.

— Existe mesmo uma estrela? — Olip perguntou.

— Sim. — Disse Slim.

— E essa vila, Meandros? Vocês conhecem?

"Sim" Os dois disseram.

— Mas sabemos muito pouco. Não tem estradas para Meandros. O conselho dos líderes diz que Meandros fica aproximadamente no centro da ilha. — Berno disse.

— E é por justamente não sabermos nada sobre ela, que ninguém vai até lá, muito menos nestes últimos dias, onde os bromálios estão doidos e as sombras, piores. — Disse Slim.

— E o que é esse coração bondoso? Será que ele quer o meu coração?

Berno e Slim rapidamente trocaram olhares.

Os meninos levaram Olip para a praia em frente a torre. O sol estava bem no alto, indicando que já era meio-dia. Caminharam por alguns minutos pela areia, em silêncio, até Olip avistar alguns pequenos brilhos verdes sobre os grãos da praia. A primeira reação que teve foi a de estacar, enquanto via seu amigo continuarem. Após alguns metros, Slim voltou-se para Olip, percebendo que já não mais o acompanhava.

— O que houve? — Slim perguntou.

— Essas coisas! — Gritou, à distância.

— Ah, então já conheceu os colares? — Disse Berno, erguendo um de dentro da areia.

A joia era idêntica àquelas que Olip havia visto, quando chegara na ilha. Um colar simples, porém com uma joia verde pequena. Berno segurava o objeto pela extensão do colar, e então ele e Slim retornaram até Olip.

O brilho esmeralda da joia chegava a ser hipnotizador.

— Eu não seguraria isso, se fosse você — Disse Olip, apreensivo.

— Por quê? — Berno perguntou.

— Eu não sei o que faz, mas quando deixei cair na areia, uma coisa estranha aconteceu.