Capítulo 12: Todos por um, sob a lua e a noite

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Eles caminhavam agora para fora da torre das mensagens. O sol ainda estava bem alto, forçando-os a fazer uma pequena proteção acima dos olhos com as mãos. Os meninos debatiam sobre as coisas que mais precisariam levar, também falavam de vendedores que poderiam emprestar itens por crédito futuro.

Olip ainda segurava a bússola na mão e agora um lampião apagado na outra, porque Slim havia o entregado assim que saíram da torre.

— Com o tempo que tem feito, água é o mais importante. — Berno caminhava logo à frente deles.

— Podemos pedir um cantil à madame Moly. Ela é bem generosa comigo.

— Só com você, então. O gato dela me arranhou um dia desses, saltou na minha cara e tudo. Ela ainda ralhou comigo.

Olip seguia-os em silêncio. Sentia a ansiedade germinando em seu estômago silenciosamente, como a mudança dos ventos do outono para o inverno. Tinha medo do que iria enfrentar, e do que precisaria fazer, mas acima de tudo, sobre como seria reencontrar seu avô novamente.

Os garotos andaram em direção ao centro, e Olip os seguia-os à distância. Enquanto os meninos conversavam inúmeros assuntos, Olip reparava no vilarejo, em suas casas e prédios. Olip notou que não existiam grandes construções na cidade, como prédios altos ou ruas asfaltadas. Era o mais interiorano possível.

Berno e Slim viraram para a esquerda na fonte de pedra e agora seguiam descendo a estrada. Olip olhou de relance para uma sorveteria, ou o que deveria ser uma, cuja porta estava aberta ainda para a freguesia. Lá dentro, na penumbra da sala, uma mulher chorava apoiada ao balcão, com uma taça de alguma coisa que Olip nunca iria identificar.

Toda aquela cidade, por mais hospitaleira que parecesse, e não parecia, emanava algo estranho, quase como uma áurea de melancolia. A todo lugar encontrava pessoas que pareciam rabugentas demais, ou tristes demais. Olip percebera também que, aquelas que não choravam, ou eram totalmente normais, ou totalmente fora de si, como Mélia.

— Quer dizer que você esbarrou com ela? Sinto muito. — Disse Berno.

— Tem um tempo que ela não bate bem da cabeça. Fica falando do filho que foi para a guerra e não voltou. Ela também fica enviando cartas em garrafas para as mais inusitadas pessoas.

Olip, por um momento, sentiu uma sensação de pena genuína.

— E cê acredita que ele queria o Mr. Plino? — Berno disse.

— Mas conseguiu resolver tudo?

— É, bem... Arcônio precisou... você sabe.

Slim riu sem mostrar os dentes.

— Se ferrou.

— Completamente! — Berno gritou, em tom cômico.

— Ei, o que estamos procurando agora? — Olip apareceu entre eles.

— Hm? Ah, vamos até a loja da madame Moly ver se arranjamos um cantil de água e alguns outros equipamentos. — Slim disse.

— E... o plano...? — Perguntou, Olip.

— Ah, certo! Em direção às pedras, para o Oeste. Ali é mata fechada, e o mar é mais violento por causa dos arquipélagos, mas se conseguirmos pegar uma boa distância, conseguiremos colocar o barco na água e margear o caminho por água — Slim disse, enquanto gesticulava bastante. — Talvez seja melhor, por ninguém estar esperando.

— E o outro... plano?

— Seguiremos para o Norte, em direção as planícies. Provavelmente teremos que passar por Pássaros para descansar, e depois, continuar por uma trilha oposta de Roan. Continuaremos para o Norte, mesmo que a trilha acabe. — Disse Slim. — E em qualquer um dos planos, os bromálios estarão pela ilha.

Além da Coroa e do Nevoeiro [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora