Liana.
Estávamos eu e Letícia sentadas no banco da pracinha,tomando nosso sorvete,quando Carol e Suelen chegam.
Carol: iae mandadas,quanto tempo não via vocês cara.__disse ela já sentando no banco de frente ao nosso.
Suelen: mas também como que ver?essas aí são piores do que traficante quando é preso. Saí nunca.__ disse também sentando no banco em seguida.
Letícia: tão engraçada ela.__falou com deboche, referindo-se a Suelen. Letícia não se dá muito bem com ela,por obra de Suelen. À uns quatro meses atrás,Suelen percebeu que Felipe estava rondando Letícia,e que ambos estavam se flertando. Chegou até mesmo perguntar a Letícia se estava rolando algo entre eles e não sossegou enquanto não conseguiu desfilar na garupa da moto dele pelas as vielas da favela,ela sem dúvidas sabia que a Letícia estava curtindo ele. Mas como Letícia e Felipe não tinham nada sério,eu aconselhei Letícia a não tentar falar nada com ela,minha amiga é desbocada,não consegue disfarçar quando está descontente com alguém e se tiver algo para falar,ela não vai excitar em dizer. E mesmo que eu também ache que Suelen foi bem escrota,acredito que Letícia não está no direito para falar nada,até porque como eu disse,Felipe é solteiro e Letícia também,sem contar que ela e Suelen nunca foram amigas. Nós as conhecemos em algumas das poucas vezes que saíamos,para eventos aqui da comunidade mesmo. Elas largaram os estudos no ensino médio,ao que parece,na verdade, segundo Letícia. Não tem nada que a minha amiga não saiba da maioria dos moradores do alemão,e o que ela não sabe,decerto ela descobre.
Suelen tem uns vinte e três anos e Carol deve já ter uns vinte e cinco,aqui na favela é muito comum tanto as mulheres como os homens largarem a escola muito cedo para poderem trabalhar,devido a extrema precisão,as vezes para ajudar os pais em casa,as vezes para se ajudar,como no caso delas. Carol mora com os avós e Suelen com a tia. Neste lugar as pessoas usam os recursos mais fáceis para conseguirem dinheiro,porque precisam,a valer. Para os homens o caminho mais acessível, sem dúvidas alguma era entrar para a vida do crime,conheço apenas de vista, vários meninos da minha idade ou até mesmo mais jovens, que trabalham para o Terror,vivem para cima e para baixo,fortemente armados,é triste de se ver. Já para as mulher,ou é ser mulher de bandido,ou fazer visita íntima à presos na cadeia,que é o caso delas,ambas fazem visitas a detentos e conseguem ganhar uma grana boa com isso. Outras,trabalham como puta,tanto aqui dentro,como lá na pista,digo,fora do morro. O que também é triste,afinal,fazem porque precisam,e isso é a realidade de muitas mulheres,uma realidade triste e na qual eu tenho muito medo que precise ser a minha também. Embora que algumas dessas mulheres realmente não tenham caráter,isso não se deve ao que elas se prestam a fazer para conseguirem dinheiro,porque infelizmente é assim que elas são julgadas,como mulheres sujas,sem caráter e que nunca poderão ser valorizadas. Sendo que na maioria das vezes fazem por falta de oportunidade de emprego, conflitos familiares, necessidade emergencial de dinheiro e assim por diante. Na verdade,penso assim porque é assim que eu me encontro,e consigo talvez entender um pouco o que elas passam,dado que assim como eu,outras pessoas podem estar a sofrer as mesmas coisas.Carol: então meninas,como que vai a vida ?__perguntou.
Letícia: vai como tem que ir.__ disse imparcial.
Suelen: ai você sempre tão simpática,né?__demandou sorrindo,com uma pitada de deboche, olhando para Letícia.
Tratei logo de tomar o rumo da história,antes que Letícia perca a cabeça e comece a discutir com Suelen.Liana: vai ótima,e a sua?__perguntei forçando simpatia,sem nem mesmo me importar em disfarçar. Dado que eu estava estranhando elas com toda essa ousadia com a gente.
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Entregue A Um Traficante
Novela JuvenilSe você procura um livro onde tenha traficantizinhos bonzinhos que tratam mulheres como devem ser tratadas e são bons com todo mundo, já lhe expulso daqui, neste livro vou falar da realidade, e se você já sabe que a realidade do nosso mundo não é a...