capítulo 24°- "abuso e desordem mental"

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Liana.

Acordei com marcas roxas por todo o corpo,eram grandes e bem expostas. Eu não conseguia me mover direito e a dor era insuportável,só não conseguia ser maior do que a dor da alma,a dor do desgosto e do abalo. Eu estava arrasada,me sentindo culpabilizada e repulsiva,só não tinha mais nojo de mim do que sentia dele. Mas acima de nojo eu agora o temo,e eu sinto medo de continuar nesse lugar,debaixo do mesmo teto que o dele. Eu sei que eu procurei, eu já sabia que ele era doente,as pessoas já haviam alertado várias vezes e mesmo assim eu persisti em confrontá-lo,pois claro,era muito difícil me manter calada perante a forma como ele me trata. Mas agora,como não ter medo?como não se encobrir?
Ele estava possesso,havia usado muita droga,mas para mim já é algo normal essas condições dele,porém a gota d'água foi a ligação,que ele achou que fosse de algum homem,naquele momento eu senti medo,no momento em que percebi que ele já havia se próprio persuadido de que eu estava falando com algum cara.

Na ligação... Número desconhecido.

Liana:alô,quem é?-minha voz soou indagadora.
***: oi lindinha,lembra de mim?-uma voz que era impossível que eu não reconhecesse me contesta do outro lado da linha,com voz de tom zombeteiro.
Liana: Katarina?-inquiri com entoação de estranheza na voz.-Por que está me ligando?-perguntei.
Katarina: preciso falar um assunto sério com você...Mas não pode ser por ligação.-disse firme,me fazendo estranhar outra vez.
Liana: do que você tá falando e onde conseguiu meu número?
Katarina: é algo sobre o Terror que você precisa saber. Talvez quando souber você até tentará fugir dele a todo custo.-eu me assustei. -Pode ser depois que você sair da sua escola?-que mulher estranha,como ela vêm com um papo desse do nada e como que ela sabe onde eu estudo? o pior é que me bateu um sentimento que ao que parece é algo como se me urdindo para saber o que ela tem para me falar. Ao que eu entendi ela disse que o Terror não poderia em hipótese nenhuma sonhar que ela havia me contado a possível coisa que ela irá contar.
Liana: não sei se consigo amanhã,tenho coisas para resolver depois da aula.-disse referindo-me a precisar ir olhar um vestido para a minha formatura.-Mas posso tentar.-falei depois de alguns segundos calada,pensando se realmente iria encontrar-me com essa louca.
E foi aí onde tudo resultou em uma das piores noites da minha vida. A todo momento quando eu implorava que ele parasse,olhando nos olhos dele eu via que parecia que não era ele,o Terror estava totalmente fora de sí, porque simplesmente me ouviu conversando no celular e deduziu que era com algum cara,ele simplesmente me espancou,com um cinto de couro e pelada porque conceituou na cabeça dele que eu estava falando com algum outro cara. Me desespera muito saber que eu me meti nessa vida com ele totalmente inocente e cega,podia até já saber da base de uma realidade do que seria me envolver com ele,mas como eu iria presumir que iria chegar nessa situação?
Se foi somente um escape desesperado de uma jovem que passava fome e tinha um tio que foi tudo que sobrou das origens dela,da família dela,do mesmo sangue que o dela,o único alguém que sobrou da influência de matrizes e de berço da família dela. Para salva-ló de um assassinato e que seria somente por um curto período de tempo,na minha cabeça apenas. Como eu imaginaria que esse cara me tomaria como propriedade,como eu imaginaria viver tudo que eu vivi nesses poucos dias?como acreditaria uma vez que o meu próprio tio,depois de tudo que já havia feito,e depois de tudo que eu estava fazendo por ele,me roubaria e ainda me venderia para um traficante?no meu mundinho isso nem faz sentido,não tem lógica,é inadmissível. Como presumiria que um dia eu estaria no chão de um quarto na casa de um criminoso,que inclusive era o meu quarto agora,pelada e toda machucada depois de levar uma surra de um bandido que acha que é meu dono,como presumiria que um dia eu estaria entregue a um traficante?

A Letícia havia ficado a noite inteira comigo,dormiu comigo e cuidou dos meus machucados,eu estava integralmente destruída,literalmente marcada. Era o nosso último dia de aula,já entrariamos de férias depois de hoje,era nossa despedida da escola e não fomos,pois Letícia se recusou a me deixar sozinha nesse estado. Depois do que ele fez, mesmo que eu soubesse que já havia acabado,eu tive medo que ele voltasse para fazer tudo de novo,ou pior,me estuprar,pois quando ele me pediu para tirar a roupa eu me desesperei ainda mais, se é que era possível. Eu fiquei desorientada,muito assustada,com muita dor e ansiedade,então liguei para Letícia que óbvio recorreu a Felipe,porque tudo ela pede ajuda a ele,acho que já deu para percebe isso.

Entregue A Um Traficante Onde histórias criam vida. Descubra agora