capítulo 86°- "deu ruim"

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Liana.

Terror: por favor,espera só mais um pouco. Não desiste agora que eu estou tão disposto a tentar.-isso me quebrou,mas me quebra mais ainda saber que eu estou mesmo pensando em aceitar isso.
Eu não consigo dormir,passo quase a noite inteira pensando nisso. Eu não posso sair,me divertir,porque aqui na pista não conhecemos nada,a Melanie quer ir para a favela e a Letícia também não gosta de muita coisa aqui na pista não,então o que me resta se não tenho amigas para sair?ficar aqui?! Eu sei que eu nunca gostei de festa mesmo,muito barulho e tudo mais. Porém eu estou quase entrando em uma fase que tudo isso vai ter que acabar para mim obrigatoriamente,que eu não vou poder mais me divertir ,não porque eu não quero ,mas sim porque eu não posso ,a gravidez vai sugar todas as minhas forças e o meu ânimo, a minha energia. Eu preciso pelo menos tentar me divertir enquanto à tempo. Porém é como ele disse,mesmo depois de toda essa conversa,não resolvemos nada e esse plano dele vai continuar sendo o mesmo: deixar várias piranha jogar para ele na frente de todos. Agora vou ter que desmarcar com a Melanie porque ele vai mesmo fazer o que tem em mente. Mas então,e se eu for ele não faz? mas daí não vou poder avisar,e sem avisar ele não manda que alguém venha buscar eu e a Melanie,se bem que era bom fazer ela andar um pouco de ônibus,já que ela quer conhecer um pouco da nossa realidade. Com tantos pensamentos em mente eu acabo pegando no sono. Pela manhã eu tento ao máximo dormir até as oito mesmo acordando o tempo todo. Ja acordo com a mensagem da Melanie toda ansiosa perguntando se as noves estava bom para que ele viesse para cá. Eu respiro fundo,já tinha marcado com a coitada e desmarcar assim eu fico até com vergonha.
mensagem.
Liana: pode vim as nove,estou te esperando.-foda-se. Eu sou mesmo muito burra ao ponto de saber que vai machucar e mesmo assim continuar intentando a cair e me golpear.
Levanto e vou direto para o banheiro escovar os dentes e lavar e hidratar o cabelo que estava precisando. Passo meus óleos corporais e visto uma roupa levinha,seco o cabelo e quando acabo, alguém bate na porta.
Melanie: bom diaaa-ela entra toda animada parecendo uma criança.
Liana: caraca,você veio de avião?-pergunto adimirada por ela ter chegado tão rápido.
Melanie: vim de uber.-ela era contagiante,cheia de alegria,mais parecia uma criança na verdade.
Liana: você já tomou café da manhã?-pergunto porque eu ainda não tinha tomado e estou com muita fome.
Melanie: ah já!-diz observando o meu ap, jogando a mochila dela no sofá.
Liana: eu acordei e fui hidratar o cabelo,ainda não comi nada,tô cheia de fome. Vamo comigo comer algo lá embaixo?-chamo.
Melanie: claro, vamo sim!-fomos para a minha parte favorita desse hotel no momento,a parte das comidas. Aqui é tudo surreal de gostoso, desde o café da manhã ao almoço,café da tarde e jantar,eu amo muito. Eu pego várias coisas para comer,misturo fruta com bolo de chocolate e tapioca. Enquanto a Melanie fica somente na salada de fruta,bem fitness.
Melanie: garota,você tá comendo por dois?-eu travo na hora,porque de fato eu estava mesmo comendo por dois,porém ela não sabe disso. E eu nem sei como contar,porque não devo,embora que ache que não tem problema nenhum que ela saiba,porém ela passou por uma fase chata e delicada em que precisou tirar o bebê dela. Estava confusa e contrariada,eu tentei conversar com ela,dizer que ela podia ter esse bebê se quisesse,que era uma escolha dela e que se ela não quisesse tirá-lo eu super daria apoio. Mas como eu disse ela estava muito mal psicologicamente, já tinha colocado na cabeça,ou melhor a família já tinha colocado na cabeça dela que ela não podia ter esse e filho,que essa criança iria desgraçar com ela e a família. Ela chorou horrores e eu vi no olhar dela que tudo que ela queria e precisava era se livrar da criança. E bom,eu não ia ficar insistindo que ela deixasse o feto crescer dentro dela,era uma escolha dela,ela estava decidida,eu não podia e não tinha o direito de interferir quando ela já tinha dito mais de uma vez que queria fazer isso. Embora que eu ache que não precisava ter sido assim,foi muito triste,porém agora passou e ela está tentando esconder a dor dela encima de coisas que a fazem bem,por isso me senti mal de desmarcar o que já tinha marcado com ela. Ela não parava de falar um só segundo,de verdade ela parecia uma criança. A gente subiu e ela me ajudou a escolher a roupa da noite,fiz minha mochila com tudo que eu iria precisar e a gente foi para o ponto de ônibus mais próximo e ela me olha com uma cara que foi impossível não rir
Liana: que foi? você não quer conhecer a nossa realidade? a gente não tem dinheiro para estar pagando táxi e nem viver não querida,é de ônibus mesmo. -e continuei rindo por que a cara dela foi só piorando cada vez mais. A gente passou maior micão na hora de passar na catraca no ônibus porque primeiro a Melanie não tinha moeda,segundo que ela demorou mó tempão pra conseguir passar e todo mundo olhando a gente. Meu Deus,eu nunca ri tanto na minha vida.
Melanie: meu Deus e não tem cadeira para sentar.? -não tinha lugar nem para ficarmos em pé e ela estava exigindo um banco para sentar. -Jesus,ainda bem-disse abanando-se com as mãos após descermos do ônibus.-Menina,meio longe hein?! vem cá amiga,como que você conseguia ficar toda esse tempo no ônibus?com esse pessoal tudo suado e fedendo a cc,misericórdia,vocês são super guerreiras,sério.
Liana: você é muito engraçada cara,não da com você.-digo espremendo os olhos de tanto que eu ri. A gente continuou andando e ela não parava de reclamar.
Melanie: como assim Liana? vamos ter que andar quanto mais? não era aqui a favela?
Liana: não Melanie,a favela é perigoso,ninguém pode chegar na entrada. Tanto ônibus ,como táxi,moto táxi e uber não aceitam nos deixar nem mesmo na entrada da favela,quem dirá dentro. -ela me olha por alguns estantes e só então que eu percebi que eu assustei a garota.
Liana:não precisa se...-ela me corta com aquele jeito dela todo entusiasmado.
Melanie: que máximo.-emitiu um gritinho de animação-Era dessa adrenalina que eu precisa.-adrenalina do que? de morte só se for.-Eu sabia que eu iria adorar esse lugar. -diz e assim que viramos a quadra e ela conseguir enxergar o amontoado de casas que a favela era,os olhinhos dela chega chegaram a brilhar,sério.-Meu Deus,como é lindo. Liana...-ela me chama adimirada,nunca vi ninguém olhar para a favela dessa forma,deve ser porque ela nunca morou e nem sabe como é a realidade de um morador,é sempre assim,os filhos de bacana acham o máximo,até porque eles veem por fora,por dentro eles nem fazem questão de reparar. Porém a Melanie é uma boa menina,a gente continua seguindo enquanto eu vou apresentando alguns lugares da favela a ela,como o postinho onde eu trabalho e logo mais estavam na entrada do morro,onde ninguém passa sem as ordens dele. Óbvio que eu ainda tinha medo de todas aquelas armas que eles carregam,porém eu era a guia aqui,eu quem tinha que pedir passagem para entrar.
Liana: oi,tudo certo?-falo com eles que olham para a gente como dois predadores,famintos e bravos,desconfiados e de mim eu sei que lembram,tanto que nem me olharam tanto,já para a Melanie, novinha e afro Paty e claro,muito bonita também. Ela tem os olhos puxados,parece descendente de índio,os cabelos negros e enrolados,de pele cor negra e um corpinho de violão,linda. Os caras daqui são como um detector de metais,eles sentem o faro de ouro de longe,e já sabem que se tratam de uma patricinha aqui na frente deles,toda banhada em roupas de marca e bolsa da Louis Vuitton. Já estavam todo cheios de olhares para ela,quase sugando a menina toda com os olhos,bandido ama uma patricinha da pista,não sei porque esse assíduo tamanho de bandido por mina rica,sério é de dar medo.-Sou moradora daqui e essa é uma amiga minha da Barra,libera aí pra gente passar.-um deles balança a cabeça positivamente enquanto a Melanie olhava para ele com cara de medo, acho que nunca mais ela vai querer vim. Eles fazem algumas perguntas a ela que de longe eu soube que não eram essenciais, porém eles não perderiam a chance de saberem mais sobre ela,né? obviamente.
Eles deixam a gente passar e enquanto entrávamos eu olho para a cara de pálida dela.
Liana: tá tudo bem,eles fazem isso por questão de segurança,eles são de boas com os moradores,você está comigo,tá segura.-digo passando confiança pra ela que ainda olhava para trás com cara de surpresa e admiração ao mesmo tempo.
Melanie: caramba Liana.-ela diz com maior cara de fascínio. -Eu não sabia que bandido era tão gato.-eu fico alguns segundos olhando para a cara dela para logo mais cair na gargalhada enquanto ela me acompanhava. -Cara você não existe Melanie. Eu aqui achando que você estava assustada,com medo e que depois de hoje nunca mais ia querer vim,e você simplesmente interessada nos cara da contenção. -eu digo completamente desacreditada,rindo e balançando a cabeça negativamente.
Melanie: amiga,é normal sentir tesão no medo e no perigo? Porque eles são a cara do perigo,com aquelas armas que a qualquer momento eles podem somente apontar para você e te matar. E mesmo assim eu achei eles um gato e super pegaria o que não falou muito. Você sabe o nome dele?-ela pergunta toda interessada e eu olhando para ela realmente desacreditada.
Liana: pior que não conheço muito deles por nome.-digo sincera.
Melanie: se você tiver chance você me apresenta?-ela pergunta toda eufórica.
Liana: claro. Mas aí-faço uma careta.-Tem muitos melhores pelo o morro,posso te apresentar um amigo meu que acho que você vai super gostar. Ele é um gato além de ser super engraçado.-digo e ela sorri animada.
Melanie: mas será que ele vai se interessar por mim,é que sei lá...Eu pareço ser tão...Sem sal para eles.-ah se ela soubesse que um bandido não pode ver uma patricinha.
Liana: aí Melanie,eles vão ficar maluco em você. Para de falar que você é sem sal garota,você é a cara do Brasil,negra linda da cor do pecado como eles dizem aqui.-digo rindo.-Muitos vão cair matando em você no baile.
Melanie: aí,tomara,quero beijar muito na boca de vários caras super gatos hoje.-diz e eu sorrio. Continuo aoresebtabso alguns lugares bem badalados aqui da favela como bares e lanchonetes que com certeza eu preciso trazer ela para comer os salgados daqui,com certeza ela nunca comeu coisa mais gostosa na vida dela do que os salgados da Dona Neusa. Apresento algumas ONGs de música,teatro,balé,ela fica maluca para conhecer mais e eu digo que vou apresentar tudo a ela assim que tivermos tempo. Ela ficou louca na ONG e depois de alguns segundos andando já estávamos na porta da Letícia.
Assim que ela abre, a Melanie já entra falando várias coisas sem parar,ela é extremamente tagarela. E Letícia me olha com um ponto de interrogação enorme na cara enquanto eu faço sinal para que ela somente deixe ela. A Melanie cumprimenta a mãe e a vó da Letícia e em segundos elas já estavam rindo horrores com a Melanie. A Letícia não queria admitir e nem deixar transparecer, mas ela estava gostando do jeito maluquinho da Melanie. Passamos a tarde conversando e depois do almoço estávamos nos arrumando bem básicas para apresentar a favela a ela. Enquanto a Melanie estava no banho eu e Letícia conversávamos .
Liana: adimiti, você gostou dela.-digo enquanto visto um shortinho frouxo,já estou com a noia de não poder apertar a barriga. Já estou com um quarenta dias e não está marcando nadinha,a doutora me falou que é normal devido eu ser muito magra.
Letícia: é...Não é das piores,ela mais parece uma criança de dez anos que a gente tem que cuidar.-ela está bem para isso mesmo,temos que prestar atenção nela o tempo inteiro se não ela faz alguma merda por aqui.-Mas eu ainda estou de olho nela.-ela já era desconfiada,agora então,depois do ocorrido com o Felipe. O meu celular toca,era ele,o Thiago.
Thiago: pode arrumar as suas coisas e voltar pra pista. Eu mandei você não vim porra. -eu gelei, ele estava puto.

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