Liana.
Dona Benê é tão querida que resolveu preparar o almoço antes das dez, porque sabia que eu iria sair à essa hora para o Enem. Geralmente ela termina um pouco mais tarde,nas onze ou no meio dia,já que é a hora que o Terror costuma chegar. Dona Benedita sempre chega aqui às oito e hoje quando ela chegou estava tudo limpinho,pois as seis eu já estava de pé. Embora dona Benê nunca tivesse muita coisa para fazer aqui,as vezes só uma pouca louça que o Terror sujava,ou uma sala um pouco bagunçada e roupas na lavanderia. Mas hoje eu havia feito tudo. A casa estava toda organizadinha e as roupas dele já estavam secas e dobradas,só não guardei porquê ele ainda não me deu permissão para entrar no quarto dele,então deixo dobradas na lavanderia mesmo e dona Benê guarda para ele. A limpeza geral da casa parecia ser pesada,já que a casa é enorme,mas essa só se fazia uma vez na semana e eu faria provavelmente no sábado,por isso nada com que eu precisasse me preocupar agora. Eu sigo muito ansiosa para o Enem,não estou conseguindo nem comer direito. Dona Benê preparou frango assado,salada,arroz,feijão e um suquinho de abacaxi. Após alguns segundos depois de comer eu fui me preparar para descer o morro,hoje terei que ir a pé,ao que tudo indica,já que ontem eu estressei Thiago um pouco. É bem longe e cansativo,dado que a casa dele é um pouco distante da entrada do morro,mas não é tão ruim para ir a pé,pois como é uma descida,não fica tão cansativo só ir descendo. Agora para subir até aqui aí sim fica exaustivo,muito inclusive,embora eu não creia que ele vá deixar eu subir sozinha a noite. Eu e Letícia iríamos descer juntas como sempre,mas não faremos a prova no mesmo lugar, eu irei fazer na minha escola mesmo e ela em uma faculdade que tem bem próximo.
Lavei e hidratei o cabelo,deixei secar sozinho dado que ainda não tenho secador e não tenho ventilador aqui ,já que no quarto tem ar-condicionado então não precisei trazer meu ventilador. Escovei meus dentes, fiz uma skin care meia boca no rosto,visto que não tenho os produtos certos e necessários. Depois fui escolher uma roupa e optei por uma calsa Pantacourt preta,combinei com t-shirt estampada,escrito “RAISE BOYS AND GIRLS THE SAME WAY”,e All star branco,achei que ganhou um toque casual e moderninho, combo perfeito para incrementar o visual do dia a dia,ou ir ali fazer um Enem. De cabelo já seco eu passei a escova,para tentar deixar mais acentuado e liso. Fiz uma maquiagem bem simples e leve ,logo após passei hidratante na pele,um perfume, uma bolsa preta de lado e pronta.
Dona Benê: nossa que linda.— ela me observou.
Liana: a senhora gostou?—perguntei sorrindo.
Dona Benê: muito elegante menina,tá linda.—disse e eu me despedi dando um beijo nela ,ela me desejou boa sorte e como previsto, nenhum dos homens de Thiago me esperando. Ainda bem que o tempo hoje aqui no Rio estava mais fresco,não tinha muito sol ,embora o clima possa mudar em minutos. Eu e Letícia descemos e fomos fazer o tão aguardado Enem. Hoje o dia era apenas de humanas e a redação, que pra ser bem sincera ,não me preocupava muito. O que me preocupa um pouco são as exatas,mas estas serão apenas para o próximo domingo. Foram as sete horas mais rápidas da minha vida,me concentrei tanto que realmente não vi as horas passarem. Quando me dei conta a fiscal já estava anunciando que faltava apenas alguns minutos para que marcássemos o gabarito: “—como assim?já?—" foi só o que passou na minha cabeça,depois de me desesperar um pouco para me apressar. Porém eu consegui terminar tudo a tempo e fiquei esperando Letícia fora da escola.
Liana: por que demorou tanto?— indaguei.
Letícia: menina,eu fiquei presa na porra da redação um tempão acredita?—ela comentou,indignada.
Liana: eu achei o tema esse ano bem bom.—comentei.
Letícia: crise mundial econômica? mas que merda eu escreveria sobre isso. Aí nossa sério,acho um saco.—ela reclamou. Diferente de mim,Letícia manja mesmo é nas exatas.
Liana: vem vamo logo,que é perigoso pra gente ficar na rua a essa hora. — eu disse logo após perceber um cara tatuado, todo de preto em uma moto fz25 também na cor preta, nos observando.
Letícia: iih amiga,aquele cara ali tá olhando muito a gente. — ela disse olhando em direção ao cara.
Liana: eu sei. Não olha ,disfarça.—eu disse.
Letícia: se prepara.—me habilitou.
Liana: pra quê?—indaguei meio cismada.
Letícia: pra gente correr.—disse como se fosse a única e melhor solução.
Liana: que correr Letícia. —desaprovei.— A gente vai ficar aqui até esse cara ir embora. Se ele encontra a gente no meio do caminho de volta é pior,aqui pelo menos tem pessoas em volta.—disse observando o lugar. Tinha alguns pais,parentes vindo buscar as pessoas.
Letícia: amiga olha,ele tá chamando a gente.—falou exasperada.
Liana: ele tá maluco se tá achando que a gente vai.—disse. Mas aí ele tirou o capacete e eu ainda fiquei um tempo tentando conhecer aquele homem de cabelos pretos ,aquele rosto bem definido.
“—Lucas!—” Eu e Letícia constatamos juntas. Nos entre olhamos e respiramos aliviadas,logo após fomos até ele.
Letícia: você quase mata a gente do coração cara.—disse meio que advertindo a atitude dele.
Lucas: desculpa.—ele sorriu.—Não sabia que estavam assustadas.
Liana: o que você tá fazendo aqui? —questionei.
Lucas: eu vim te ver. — disse me olhando com um sorriso tão lindo que eu fiquei sem graça.— Como você está,linda?—perguntou me estendendo a mão. Estendi a minha também, em retorno e ele me puxou para um abraço. Hoje ele tinha cheiro de ervas ,folhas verdes e talvez marinho,estava com uma fragrância mais aquática,mas era bom ,muito bom.
Liana: estou exausta,pensei muito hoje.—disse.
Lucas: eu imagino. — falou enquanto percorria os olhos pelo o meu rosto.
Liana: você realmente veio de tão longe só para me ver? —perguntei enquanto jogava a cabeça para o lado,sorrindo sem mostrar os dentes,tentando disfarçar o quanto eu estava boba com a presença dele aqui,só para me ver.
Lucas: sim,eu nem sei te explicar direito um porque mais elaborado.—dizia calmo ,enquanto desviava o olhar.—Eu só fiquei com vontade de te ver e nem pensei direito ,só vim.—disse me olhando agora. E eu não pude disfarçar o sorriso sem graça dessa vez.
Letícia: não queria atrapalhar o momento flerte fofinho e tals…—interrompe, fazendo movimentos involuntários com as mãos.—Mas eu estou com muita fome e preciso chegar logo em casa,eu não aguento de saudade da minha cama. — disse fazendo o melhor drama dela.
Liana: aí Lucas, me perdoa não conseguir ficar mais tempo,mas é que a gente tá bem cansada mesmo.—disse meio sem jeito,o coitado veio só me ver e eu nem pra ficar conversando um pouco mais com ele aqui.
Lucas: não,não tem problema ,imagina. Inclusive,eu posso levar vocês até a primeira quadra ,fica menos cansativo e vocês podem chegar mais rápido. — disse e Letícia me olhou meio duvidosa, acho que ela não está gostando de algo,que eu não faço a mínima idéia do que seja.— Só posso levar até a primeira quadra.— Lucas completou.
Letícia: por que?—indagou de cenho franzido, meio indelicada e com tom suspeitador. A olhei de lado reprovando essa atitude dela ,assim do nada.
Lucas: então… meio óbvio, né? Um cara como eu eles vão parar pra revistar, saber quem eu sou, vai que eles me roubam.—ele explicou comumente. Eu subi na moto dele ,mas Letícia ainda parecia cismada com ele e quase me aniquila com o olhar quando me viu subindo na moto. Mas veio,meio excitante mas também subiu. Assim que chegamos na primeira quadra ele parou e eu e Letícia descemos.
Lucas: quando chegar me avisa?—pediu.
Liana: claro.—sorri.
Lucas: a gente pode marcar alguma coisa qualquer dia?—perguntou.—Só a gente?—falou e Letícia arquei as sobrancelhas.
Liana: eu só não posso essa semana,preciso focar em estudar. Mas na próxima, podemos sim!—disse e agora ele quem sorriu. A gente se despediu e ele me deu um beijo na bochecha.
Lucas: eu vou cobrar tá bom? — disse com o rosto bem proximo ao meu. Eu consegui sentir o cheiro do hálito quente de hortelã que ele tinha. Eu sorri meio tímida e ele seguiu o olhar para a minha boca, depois para os meus olhos e também sorriu,um sorriso grande e quando sorria os olhinhos dele fechavam.
Liana: pra onde pretende me levar?—perguntei um tanto baixo,para que só ele consiga ouvir. Acho que eu estava meio que hipnotizada nele,se esse homem com esse sorriso e esses olhos, me pedisse pra ir para o inferno com ele agora,eu sem dúvidas iria ,sem pensar duas vezes.
Lucas: você vai ter que sair comigo para saber.—falou sorrindo de canto ,sem mostrar os dentes. E eu deixei escapar um risinho.
Liana: você é bom nisso. —disse.
Lucas: eu sou bom em muitas coisas ,modéstia à parte.—falou sorrindo ainda sem mostrar os dentes,desviando o olhar dos meus ,fazendo a linha tímido. Mas sei que de tímido com certeza ele não tem nada.
Liana: até logo então Lucas. —disse.
Lucas: até logo Liana.—falou com os olhos nos meus. Eu e Letícia saímos e ele deu partida na moto ,enquanto deixei que escapasse um suspiro.
Letícia: não sei não hein Liana ,esse cara tá me parecendo muito estranho do nada.—falou olhando para trás, enquanto Lucas se distanciava.
Liana: não estou entendendo essa sua desconfiança com ele de repente.—falei no tempo em que caminhávamos pela a última quadra que logo mais nos levaria a entrada do morro.
Letícia: você não achou super estranho ele já estar ali a muito tempo,como se observando a gente,não esperando que você saísse?—articulou.—Além do quê, quando vinhamos um cara em uma moto parecida passou pela a gente.—disse agora pensativa.
Liana: não viaja Letícia.
Leticia: Como ele sabia onde era a primeira quadra próxima ao Alemão se ele nunca tinha chego perto de uma favela?como ele sabe que é perigoso para ele vim até a entrada do morro se ele é um playboy de condomínio?—questionou como se para mim e para ela também.
Liana: onde você está querendo chegar? não dá pra entender você,sério. Você diz que é bom que eu encontre alguém para distrair minha cabeça e quando eu encontro um cara que parece incrível,super gente boa,que me trata bem e ainda é um gato,você começa a achar sei lá o que ,que ele vai me matar? vender meus órgãos?—interpelei em tom agitado.
Letícia: vai saber.—ela disse e eu reviro os olhos.—Tá,ok…Mas é só que realmente achei esquisito esse cara te rondando e sei lá,né? a meneira que ele se aproximou de você, lá na praia,não é muita coincidência? —interrogou intrigada.
Liana: o quê? é tão esquisito e…impossível assim alguém como ele ter realmente se interessado muito por mim?—perguntei tentando disfarçar o meu tom sentido e compungido.
Letícia: claro que não amiga,não é isso. Só achei estranho,você sabe que é normal eu desconfiar de qualquer coisa,de qualquer pessoa,mas ok,desculpa.Eu só me preocupo demais com você. — explicou-se.
Liana: tudo bem.—disse,no momento em que já entrávamos na favela. Tinha os caras de sempre armados na entrada do morro, com armas grandes e feias. E próximo deles,outros dois,estes cada qual em uma moto,e os quatro conversavam.
***:iae meninas.—um deles comprimentou.—Ôh, a gente veio buscar as duas. O Felipe quer trocar uma ideia contigo em um dos cafofo dele lá. Diguinho vai te levar.—ele disse para Letícia, apontando para o outro cara. —E tu ruivinha.—me olhou.—Patrão deu as ordens de te levar direto pra casa.—disse e eu concluí que era a casa de Thiago,que óbvio estou ficando lá, mas não é minha casa. Eu e Letícia nos entre olhamos.Era algo que parecia normal ,mas estranho. Mas fomos e assim que entro em casa percebo um silêncio esquisito,será que ele não está em casa ainda? Subo para o meu quarto e quando abro a porta silencio com uma mão na boca um gritinho de espanto. Terror estava sentado na minha poltrona,com um cigarro de maconha entre os dedos. Só o que estava iluminado no quarto era o rosto dele,com a brasa do cigarro que ascendia na medida que ele aspirava a fumaça,parecia uma assombração. Acendi a luz do quarto depressa e então o pude observar melhor. Ele estava com um calção moletom preto e camiseta preta básica,os cabelos que mesmo baixo,era sempre bem alinhado e ajeitados agora estavam bagunçados. O reparei e percebi que ele estava com um olhar frívolo,meio morto,álgido. E ele não me olhou na cara ainda desde que percebeu minha presença,na verdade parecia que ele nem havia me percebido. Estava com o olhar fixo na janela.
Liana: você tá maluco? quase me mata de um susto.—disse e ele ainda mantinha-se fechado.—O que você está fazendo no meu quarto?—perguntei e o silêncio ainda era imponente, mas não mais do que ele,que mesmo calado passava uma visão de arrogância,ameaça,parecia que estava em transe.
Terror: a casa é minha.—ele então quebrou o silêncio,mas assim que ouço a voz dele eu tomo outro susto,dado a maneira que ecoou no silêncio do quarto. A voz rouca e grossa dele,em um tom de menosprezo e impassibilidade me fez concluir que algo estava errado.—Tu demorou mais do que o previsto.—comentou dando leves batidinhas com o dedo no cigarro,para que a cinza caísse.—Tava com alguém?—questionou me olhando nos olhos e agora confesso que bateu um sentimento de fobia,o olhar dele era ruim.
Liana: não…Foi só a Letícia que demorou um pouco.—tentei falar firme e calma ,embora ache que não soou tão bem como esperado. Ele começou a balançar a cabeça em positivo, sem pressa. Depois tragou o cigarro outra vez e me olhou,agora observando bem dentro dos olhos dele,eu percebi como estavam vermelhos como fogo, puxados e estreitos. — por que a pergunta?—questionei receosa.
Terror: achei que meus homens tivessem visto tu e tua amiga com um cara.—não sei como era possível mas ele ficou ainda mais sério agora. E eu pensei em falar logo quem era,dado ao medo de imaginar que não tem como mentir para ele. Mas o que eu diria?como eu diria quem era o Lucas? eu engoli em seco,visto que não sabia o que responder,estava passando segundos e eu ainda não havia pensado em uma resposta. Então ele sorriu de canto,um sorriso pernicioso,calculador. O Terrror além de frio e calculista ,também é inteligente, metódico e hábil em enganar. Seu objetivo é instrumentalizar as pessoas quando ele quer algo,quando quer obter benefícios, metas, conquistas e posições de poder, tratando os demais como simples variáveis da equação. E para isso, ele não hesita em usar estratégias de mentira e manipulação, deixando muitas vítimas para trás. E nesse caso,a vítima sou eu,o ruim era que eu era uma vítima fácil,indefesa e burra,burra demais. O Thiago tem problemas,como a psicóloga já havia me alertado. “— afaste-se dele ,ele é perigoso para você—” passou na minha cabeça o aviso dela. Pessoas como ele tendem a ser frias,as vezes sem apegos emocionais e, em muitos casos, com um padrão de comportamento maquiavélico. Eu já sabia que ele era perigoso,estranho,antes mesmo de o conhecer,mas depois que passei a me envolver com o mesmo acreditei que ele podia sim ter um lado bom, que ele não podia ser como as pessoas falavam. Mas agora,tenho medo do que vejo,medo de realmente não haver mais esperança de existir alguém melhor dentro dele. “—Eu seria mais cruel se te desse esperanças quando não há nenhuma.—” Lembrei que ele mesmo já havia me alertado. Ele era como tubarões habilidosos à espera de algum descuido para conseguir o que desejam.
Liana: era só um cara que a gente conheceu um dia na praia.—eu disse.
Terror: e vocês trouxeram ele para perto do morro ? —questionou um pouco alterado. E eu fiquei confusa,qual era o problema ao certo? — Tua amiga não é a fiel do Felipe? o que ela quer de conversa com outro cara?—perguntou ,agora tranquilo novamente, mas era só manipulação.
Liana: ela não estava de conversa com ele.—disse e tentei pensar em um jeito menos desagradável de dizer que ele estava de conversa era comigo,na verdade.—Ele é meu amigo.—falei.
Terror: teu amigo? —indagou sem me olhar, repetindo outra vez o mesmo meneio de balançar a cabeça em concordância,lentamente. — Você tem amigos agora?!—balbuciou.
Liana: onde você tá querendo chegar?—perguntei de uma vez.
Terror: eu tô querendo chegar na porra da parte onde eu enfio uma bala na tua cabeça e na daquele filho da puta que tu anda de papinho.—bradou e meu coração quase saí pela a boca nesse estante.
Liana: eu já disse que ele é meu amigo e você não tem o direito de interferir nas minhas amizades.—disse e antes de poder observar qualquer expressão dele,Terror partiu para cima de mim,com grande aversão. Tomando meu pescoço com as mãos,fechando toda minha passagem de ar ,ele estava me sufocando,me levantando do chão pelo o pescoço. Eu não conseguia respirar e sentia como se ele estivesse prestes a comprimir as minhas artérias e me matar, eu comecei a entrar em desespero e a espernear,quando ele me solta de qualquer jeito, bruscamente. E eu caio no chão com as mãos no pescoço, tossindo e subsistindo para conseguir recuperar o fôlego.
Terror: eu falo pra você… EU TE AVISO PRA NÃO ME PEITAR, MAS VOCÊ INSISTE EM ME PÔR À PPROVA.—gritou deferindo um murro na parede.
Liana: você…você tentou me matar?!—falei com dificuldade,desacreditada.
Terror: eu vou te perguntar mais uma vez.—ele disse.—E se eu não ver verdade em você eu juro que agora eu não vou só tentar.—falou e eu percebi pelo o olhar dele que ele não estava pra brincadeira,ele realmente faria! ele de verdade teria mesmo a coragem de me matar?! — Quem era aquele cara Liana?—perguntou. Eu comecei a chorar,o que eu falaria se de fato não era mentira o que eu já tinha falado?
Liana: ele é um cara que veio conversar comigo na praia. Ele veio conversar comigo…—disse tentando deixar claro que Letícia não tinha nada a ver com isso.—E a gente acabou virando amigos ,só isso…—disse com a voz embaraça,minha garganta estava dolorida. Ele sorriu tipo gato da Alice,balançando a cabeça em negativo,estava tentando se acalmar,talvez para não me matar. Ele não estava acreditando em mim.Então veio em minha direção outra vez,o movimento rápido dele me assustou.
Liana : Terror por favor.—implorei. Ele me pegou pelos os cabelos com força, me levantando do chão e me jogando encima da cama.
Terror: tu tá dando pra ele?—perguntou.
Liana: não! eu juro que não. Nunca rolou nada.—disse depressa. Ele subiu encima de mim,agora agarrando o meu maxilar.
Terror: me prova que só eu estive aí. ME PROVA SUA FILHA DA PUTA.—gritou apertando com força o meu queixo. Eu não estava acreditando que ele realmente estava fazendo isso. Está completamente descontrolado,fora de sí.
Liana: como?—chorei desesperada.—Eu não sei como te provar. Eu juro que não rolou nada,ele nunca encostou em mim.—naquele momento tudo o que eu queria era que ele não me fizesse mal,então se eu precisasse falar qualquer coisa que não fosse verdade para ele não me machucar,eu falaria. Mesmo que agora eu não esteja mentindo ,sei que nem adiantaria.
Terror: escuta só. —ele começou enquanto ainda apertava meu maxilar,fazendo tudo doer,a mandíbula, o pescoço, minha garganta.—Eu vou descobrir, tu tá ligada que por mim não passa nada?que tá tudo escoltado?se eu descobrir que tu tá mentindo pra mim eu te mato.Entendeu Liana?eu te mato!—disse sisudo,deixando bem claro pelo o tom de voz e pelo o olhar efêmero que ele não estava para brincadeira. Ele realmente faria!ele realmente me mataria!. Eu apenas assenti tentando segurar o choro que intentava à vim com força.—Me responde direito caralho.—disse fazendo mais força contra meu queixo puxando minha cabeça de qualquer jeito.
Liana: entendi, eu entendi.—disse em meio à soluços. Logo após ele saiu de cima de mim,olhando a mim que chorava encima da cama com as mãos no pescoço. Ele dava passos para trás,desacreditado ,meio que ilegível na própria confusão,na própria loucura e bagunça. Era isso que ele era,um louco!. Assim que ele saiu eu corri para trancar a porta e depois me encolhi na cama,chorando abraçada as minhas pernas. Eu estava me sentindo tão humilhada,culpada,arrependida e com muita repulsa dele. Pego o celular e digito uma mensagem para Letícia.
“—Amiga ele me bateu.—” escrevi chorando.
“—O quê? eu não acredito nisso. Por causa do Lucas?—” ela perguntou.
“—Como você sabe?—” eu digitei.
“—Felipe mandou que me levassem para uma das casas dele por isso,a gente brigou horrores pelo o mesmo motivo,quase terminamos.—” ela disse. Como esses caras são malucos a esse ponto? O Felipe não pra tanto,dado que ele tem um relacionamento com Letícia, mas e o Terror? a gente não tem nada,e nem se tivéssemos ,ele não tinha o direito de fazer o que fez .
“—Eu estou muito mal.—” eu escrevi.
“—Eu não estou nem aí para ele,vou te buscar agora,você vai dormir aqui hoje.—” ela enviou.
“—Tá bom.—” eu digitei,sem exitar,eu precisava dormir longe daqui hoje, ele conseguiu me apavorar como nunca antes. Agora de verdade eu o temo,o temo muito.
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Entregue A Um Traficante
Fiksi RemajaSe você procura um livro onde tenha traficantizinhos bonzinhos que tratam mulheres como devem ser tratadas e são bons com todo mundo, já lhe expulso daqui, neste livro vou falar da realidade, e se você já sabe que a realidade do nosso mundo não é a...