Liana.
Ele saiu e eu fui tomar café da manhã que ainda não tinha tomado. Aah essa minha vida. Eu tô muito feliz. Ao mesmo tempo que sinto muito medo,porque sempre que tô feliz ,acontece algo desastroso,como minha vida!
-senhor,por favor, que tudo dê certo agora.
Me arrumo feliz da vida,último dia de faculdade antes do meu feriado tão sonhado de quatro dias. E porque estar de bem com Thiago nem parece verdade,parece até sonho. Quer dizer,não tão de bem assim. Ir morar no asfalto não era o que eu queria,longe das pessoas que eu amo,como eu vou viver sem a Leticia? sem o Felipe,dona Olga,tia Suzane,dona Benê,sem o Thiago? aceitei muito rápido para quem disse que morreria e não sairia daqui. Porém agora eu estou grávida. As coisas que ele me falou me assustou um pouco e eu temo pelo o meu filho.
Ok que eu vou estar vindo para o postinho todos os dias,a Leticia talvez eu possa ver sempre,o Felipe tá sempre pra lá e pra cá, mas e ele? e em dias de baile? cheio dessas mulheres malucas por ele o tempo todo em cima dele,que dariam tudo por um minuto com ele. Eu emeti um gritinho de ódio por pensar nisso,me jogando na cama em seguida.
Liana: não,não,não.—digo deferindo o travesseiro no rosto várias vezes—Não cria paranóia agora,tá tudo tão bem. Não inventa Liana,NÃO INVENTA.—grito porque meus pensamentos estavam mais altos que a minha voz. É uma droga,porém eu não tenho culpa. Ele tem a fama que tem,então por esse motivo óbvio eu não consigo confiar nele,por mais que eu queira,já que ele falou umas coisas que me fizeram ficar mais aliviada,visto que ele não é de mentir,porém,ainda não confio cem por cento,isso ele tem que me provar ainda. Mas Deus,o Thiago é acostumado a ter várias,ele não vai se contentar só comigo! com uma só,não vai! lembro de uma frase que ele sempre fala,desde que o conheci: “—E eu não sou de negar fogo—" é a cara dele.
Liana: para,ele deixou claro que eu não precisava me preocupar. —disse mais uma vez para mim mesma,parecendo uma maluca. Levantando pra arrumar meu material de hoje. Mas em tudo que eu procurasse fazer os meus pensamentos estavam aqui martelando na minha cabeça,me boicotando.
Liana: tsc... Deixou claro nada.—à quem eu estou querendo enganar? É o Thiago ,ele não vai largar a vida de putaria dele. “Eu não vou poder tá indo te visitar lá,mas quando você vinher pra trabalhar no postinho eu mando irem te buscarem quando der.“ É claro que vai ser assim,ele vai continuar com a vidinha dele e quando der e ele quiser,ele vai mandar chamar a otáriazona aqui e eu vou ,porque eu sou trouxa. Imagina quando eu estiver gorda,feia e acabada?ele não vai mais nem olhar pra mim,eu não vou conseguir suportar se for do jeito que eu estou imaginado. “Eu não vou fazer isso ok?! Eu tô te falando que eu quero construir uma família contigo só confia em mim, e vamo devagar" ele deixou na cara mesmo,o "vamo de vagar" que ele me falou mais cedo,era isso. Ir de vagar,claro... Se ele ficar com outras tudo bem, a gente tá indo devagar. Ou: não me cobra nada agora que ainda é cedo,a gente tá indo devagar. Ou... Aah,pode ser tantas coisas e eu só imagino o pior de tudo. Respiro fundo e termino de me arrumar. Se o Thiago pensa que eu vou direto pra esse tal apartamento,ele está muito enganado. Me despachar assim de uma vez,onde já se viu. Eu venho direito pra cá,preciso me despedir das pessoas do morro e aí depois eu vou,ele tem que permitir pelo menos isso,já que eu estou indo tão do nada,sem uma despedida preparada,nem eu estou preparada para ir,ele vai ficar puto,mas eu vou vim sim. Separo uma roupa qualquer e deixo afastada das coisas que eu avisei que não tinha necessidade de levar agora.. Quando eu chegar,tomo um banho,me despeço da minha casinha,que eu não vou poder vim um bom tempo e, me despeço das pessoas aqui da parte de cima do morro. Vão ser raras as vezes que eu vou subir esse morro de novo e talvez se subir ,não vai dar tempo de olhar nem para a cara das pessoas. E ainda preciso resolver as últimas coisas no postinho,se tudo ainda estiver de pé,começo segunda feira. Quase uma semana sem ir para faculdade,porém,trabalhando. Mas nada a reclamar,somente agradecer. Termino a maquiagem e me olho no espelho, look nada a ver para faculdade,quer dizer,nada a ver para a antiga Liana. Ótimo! ia tirar uma foto,mas quando olhei a hora no celular vi que estava atrasada. Pego minha bolsa,fecho a casa e corro para encontrar a Letícia que já devia estar me esperando impaciente. Mandei mensagem pra Leticia e ela disse que já estava na entrada do morro.
Leticia: caralho Liana.— me olhou com uma cara de poucos amigos
Liana:desculpa amiga,eu perdi a hora—essa era minha desculpa pra tudo.
Leticia:você sempre diz a mesma coisa—fala no momento que já vai andando.
Pegamos o Uber e eu tirei a foto que não tinha dado tempo de tirar em casa. A aula passou correndo e graças a Deus hoje eu não tive muito estresse. Agora estávamos eu e Leticia esperando um Uber na porta da faculdade.
Liana: afs que demora—eu reclamo olhando a hora no celular.
Leticia: ué,você quer que venha rápido? tava até ontem toda chorosa porque não queria ir pra esse apartamento,e agora já quer ir rápido? — disse rancorosa e olhou pra rua completando.—Você quer ir mesmo pra esse tal apartamento, ter vida de madame!—ela odiou a idéia de eu ter que ir para lá,e olha que eu achei que ela fosse amar,já que ela poderia desfrutar da vida de condomínio também,poderia passar dias comigo. Porém ela também está com planos de trabalhar.
Liana: Que vida de madame ? literalmente sozinha em um apartamento que eu nem sei como morar e triste ainda por cima,isso é vida de madame? dispenso então. Você sabe que eu tô odiando ter que ir pra esse apartamento.—confessei.
Leticia: tá nada,quem que não quer sair da favela,ir pra um lugar melhor?todo mundo Liana,não precisa se desculpar. —ela estava se sentindo abandonada,tadinha.
Liana: eu não estou me desculpando ... Eu não quero ir embora da favela. E não é por causa das violências,ou por todos os outros problemas que enfrentamos lá,é por causa de vocês.—disse e ela me olha desconfiada.
Leticia: vocês quem ?
Liana: Você,o Thiago,o Felipe,dona Olga,tia Suzane,dona Benê,o Palhaço. As pessoas que eu sinto que gostam de mim de verdade ,ou quase. Leticia,eu fui criada no Alemão,eu tenho um carinho enorme por aquele lugar. Mesmo lembrando do tanto de vezes que eu me escondia em baixo da cama com medo dos tiros.—disse lembrando de dias assim.
Leticia: a gente só vai ser ver na faculdade agora—ela fala visivelmente chateada.—Tem noção disso cara?
Liana: aaah amiga,eu te amo tantooooo.—abracei porque fiquei morta de dó da gente. E ela com vontade de chorar já. Não vai ser assim do jeito que ela tá falando,mas a gente não vai se ver mais como antes.
Liana: você vai no meu apartamento quatro vezes por semana. Eu vou estar todos os dias no Alemão também,no postinho ,claro.— olhei pros lados com jeito divertido ,como se eu fosse contar um segredo— Mas eu prometo que eu vou subir o morro algumas vezes só pra te ver. Agora ela que me abraçou.
Leticia: se você me trocar por alguma patricinha daquele prédio,eu mato você! —eu ri porque ela não estava brincando.
Liana: Fica tranquila.— saímos do abraço. —Você é insubstituível. — ela sorriu vitoriosa. —Tá, cadê esse Uber?
Leticia: eu não chamei— eu olho para ela indguinada— Aah amiga,não quero que você vá.
Liana: eu não vou agora para o hotel sua otária. Eu ainda vou passar no Alemão,vou me despedir de todo mundo,já deixei tudo pronto.
Leticia: você não me avisou sua ridícula.— diz deferindo um tapinha no meu braço.
Liana: eu esqueci amiga. Mas de toda forma,você é muito idiota! não podia me enrolar não? sei lá,me levar pra outro lugar? ficar nesse sol esperando Leticia? você é péssima. —reclamo.
A gente faz faculdade de manhã cedo até meio dia. Mas tem dias que varia,você só precisa ficar as cinco horas inteiras. Hoje entramos as 9:00 e saímos as catorze. Eu chamo um Uber novamente e pucho a Letícia para a sombra de uma árvore.
Leticia: aah eu ia te trazer pra cá.—disse fazendo pouco caso.
Liana: sua raba.—digo à contradizendo,porque ela nem havia pensando nisso. O Uber chegou rapidez e a gente foi rumo ao Alemão. Meu coração até aperta um pouco,era estranho saber que eu não vou mais morar aqui e que esse momento,de sair daqui não está saindo nem um pouco como eu imaginei que seria. Paramos uma quadra antes,como sempre. Pagamos A corrida e seguimos andando.
Leticia: o Terror sabe?—perguntou sobre eu estar voltando de novo para o morro para me despedir,quando ele espera que eu fosse da faculdade direto para o App.
Liana: não.
Leticia: e você tá plena ?
Liana: estou.
Leticia: eu juro que eu não sei o quê que aconteceu com você,a um mês atrás você era totalmente entregue...Submissa é a palavra certa.
Liana: E ainda sou Leticia. Eu acho que...Só estou mais decidida agora
Leticia: decidida a morrer?
Liana: muito engraçada você.—faço careta pra ela.—Não era você que sempre mandava eu parar de ser trouxa ?
Leticia.: era,mas você nunca deixou ,eu até acostumei.—Eu olhei pra cara dela com cara de reprovação,porém a gente acabou rindo juntas.
Chegamos da rua da minha casa e eu disse que não precisava que ela me esperasse. Depois eu iria lá. Então ela seguiu e eu fui tomar um banho na minha casinha. Tomei banho sem molhar a cabeça. Minha maquiagem estava intacta, eu não ia tirar se eu ainda posso reutilizá-la,né? qual é?quem nunca?
Vesti a roupinha simples que eu havia deixado,usei o perfume e desodorante que eu levo para a faculdade,me olhei no espelho e de repente me senti tão eu. Sabe quando você se olha e as vezes você se acha bonita,ou estranha,mas bonita e pensa,"nossa nem parece eu"?
Eu sou assim na maioria das vezes. E agora não,eu estou vendo a Liana,a mesma menina de antes. Antes de conhecer o Terror,antes de conhecer melhor a maldade. Pensei em tirar uma foto. Meu cabelo estava bom, eu estava me sentindo bem,confortável. Confesso que estou bem viciada em tirar fotos minhas. Só estava com o coração apertado,última foto na minha casinha. Meu Deus quanta coisa eu vivi aqui. Deixei minhas bolsas aqui em casa enquanto eu ia lá na Leticia,quando eu descesse pra ir embora eu pegava. E nossa como é ruim pensar em ir embora. Passei na Dona Penha,minha vizinha .
Liana: Dona Penha?—chamei por ela.
Dona Penha: oi minha filha. —saiu lá de dentro enxugando as mãos em um pano de prato.—Veio me dar notícias do Pedro?—ela sempre tão interessada no meu tio .
Na verdade,eu sempre soube disso e sempre pensei que fosse por isso que ela não me ajudava quando eu corria pedir ajuda a ela,pra que ela não deixasse meu tio me bater. Era porque ela amava ele,e deixava ele fazer tais coisas,por medo de ele a desprezar,porém,ele acabou desprezando-a da mesma forma. Eles tinham algo,eu sei que tinham,eu era só uma criança e era meio confuso para mim,porém eu sei que eles tinham um caso,até ele cair de vez nas drogas. Que foi quando ele não quis mais saber dela,e passou a me bater. Todo mundo tem um jeito diferente de pensar e de amar. Não quero acreditar que ela não me ajudava de alguma forma porque ela era uma pessoa ruim. Porque ela não é! mas Dona Penha poderia ter me tirando de perto dele,ou sei lá,denunciado ele. Ela não fazia nada além de tentar conversar com ele,porém sabia que não era suficiente mas mesmo assim não tomava atitudes maiores,porque ela tinha dependência emocional nele,ela até pegou depressão depois que ele desistiu de tudo. Lembro que ela me ninava nos dias que ele estava muito louco,fazia eu me acalmar,matou minha fome diversas vezes. A minha e a dele também.
Liana : Não Dona Penha ,não é isso. Mas ele tá bem ,fui lá ontem e ele está se recuperando,ele vai se tornar uma pessoa melhor. A senhora vai ver.
Dona Penha: aah menina, ele vai sim.—ela sempre foi esperançosa.
Liana: eu vim me despedir da senhora.—digo tocando em seu ombro.
Dona Penha: se despedir Liana? você vai embora?
Liana: Sim, eu vou ter que ir morar em um apartamento no Ipanema por um tempo.
Dona Penha: mas minha filha... Porquê?é ele não é? é aquele monstro que está obrigando você?— ela sabia o que eu passava com o Terror,todo mundo devia saber,mas ela sabia bem mais,sempre reparava em mim. Pedi pra sentarmos no sofá e fazer ela entender melhor. Eu sinto que eu preciso fazer isso,ela se preocupa comigo e não seria justo eu não tentar deixa-lá menos despreocupada.
Liana: Dona Penha,ele não me bate mais ,ele está mudando.
Dona Penha: não é possível.
Liana: eu sei que não parece possível,mas é. Ele quer que eu vá pra lá, porque eu... Estou grávida Dona Penha,grávida dele. E ele acha perigoso para mim continuar aqui. —ela colocou as duas mãos na boca, em choque.
Dona Penha: não minha filha,mas como?como...? Seu tio sabe disso?—sim,ela não consegue parar de pensar nela em quase nenhum estante.
Liana: não, eu descobri ontem depois de ter chego de lá.
Dona Penha: mas minha filha,você ainda é uma menina...—ela gaguejava,procurando as palavras,totalmente desacreditada ainda.— Ele... Ele é um bandido.—então...
Liana: eu sei disso Dona Penha,eu me envolvi com ele sabendo disso. Eu me envolvi com ele pra conseguir pagar a dívida do titio com ele,na verdade.—confessei e ela volta a crescer os olhos,disso ela não sabia.
Dona Penha: eu sabia Liana, sabia que você nunca faria isso se não tivesse um bom motivo. Eu te criei também,te vi crescer,você não seria...Você não faria. Mas você sabe,nem assim era um bom motivo. Devia ter me pedido ajuda como sempre,a gente daria um jeito minha filha— eu não falei nada,ela não iria entender,até porque agora não faz mais diferença.—Você sempre tão ingênua.
Liana: eu juro que não sabia o inferno que iria ser. Que foi...—digo e baixo a cabeça,imaginado tudo que passei com ele.— Ele foi ruim mesmo como a senhora disse,mas ele está mudando Dona Penha,ele não é uma pessoa ruim. Ele é um traficante,bandido,um mostro para pessoas como ele. Mas pra mim ele não é,não mais. Ele só precisava de alguém que o fizesse se reencontrar,que o fizesse ver que ele não precisava ser essa pessoa cruel com o mundo inteiro, ele precisava de alguém que o fizesse amar,se sentir amado sabe Dona Penha?—ela baixou a cabeça e eu também. É difícil pra todo mundo entender.
Dona Penha: eu entendo minha filha—eu olho para ela de imediato.
Liana: entende?—perguntei surpresa.
Dona Penha: eu conheço pessoas assim.
Liana: Igual o Terror? Impossível.—digo sorrindo.
Dona Penha: o Pedro era quase igual. Porque igual igual a esse Terror não dá pra ser né minha querida?—pior que sim.
Liana: Titio?—inquiri para que ela continuasse.
Dona Penha: Sim, antes de você vim morar com ele,Pedro já era viciado,mas...—ela pareceu pensar— Eu o conheci,a gente ficou junto por um tempo,como homem e mulher,você sabe.— disse rápido tentando fugir dessa parte.
Liana: vocês já se conheciam desde muito antes então?— perguntei me referindo a eles terem tido um caso.
Dona Penha: desde muito jovens.—confessou. E eu admito que não sabia que era para tanto.—Ele não era um dos melhores homem,mas sabia me agradar. E quando tínhamos nossos momentos, eu via nos olhos dele,que ele queria mudar,queria ser melhor do que era.—exatamente o que eu vejo no Terror.— Aí você chegou e ele se desesperou, ele queria se reerguer,mas não dava tempo. Não tendo que cuidar de você.
Liana: mas.. Mas porque não me deixou em um orfanato, não sei...?
Dona Penha: ele me dizia que não podia fazer isso com sua mãe.—então tudo foi do jeitinho que eu já imaginava.—Eu falei que a gente daria um jeito,que eu o ajudaria ,mas ele não acreditava que fosse possível. Você era uma criança e criança trazia muitos custos. No primeiro ano com você conosco, ele tentou,tentou procurar emprego,tentou largar o vício. Até que ele conseguiu,estava indo bem,mas aí com o tempo ele recaiu novamente e desistiu de uma vez,se afundou por completo,ficou depressivo. Se tornou uma pessoa ruim,principalmente com você.
Liana: porque ele me culpava—digo e ela balança a cabeça positivamente,com cara de "sinto muito" porém nem me abalava tanto,porque eu sempre soube.
Meu Deus e eu achando que ele era ruim por ser,por simples prazer . Mas não, titio também sofreu muito .
Dona Penha: eu tentava minha filha,tentava o fazer pensar diferente. Mas ele já havia entrado em uma depressão e dependência horrível. Ele tentava te...bater—baixou a cabeça e meus olhos lacrimejaram,porque ele não só tentava,ele batia mesmo.—Eu tentava impedir,mas ele não deixava, me ameaçava dizendo que se eu tentasse te ajudar,seria pior pra você. Depois,quando você dormia,ou ia a escola,ele vinha na minha casa,chorava como criança por tudo que estava fazendo. Depois ele saia morro acima,procurando se drogar de novo,como se nada tivesse acontecido.
Liana: eu...Nunca imaginei que fosse assim.
Dona Penha: ali dentro,ainda existe um bom homem.—eu balanço a cabeça positivamente pegando em sua mão.
Liana: e ele vai reviver Dona Penha ,ele vai ser um homem melhor .
Dona Penha : aah eu rezo todos os dias minha filha,todos os dias. Queria até poder dizer isso a ele.
Liana: vamo comigo na próxima vez,eu levo a senhora. Ela disse que iria e ficou toda feliz .
Eu disse que já precisava ir e ela me acompanhou até porta me observava.
Dona Penha: aah menina,olha só você, uma menina ainda, magrela,linda linda,parece uma modelo. —eu ri—Com um filho aí dentro ,nem parece meu Deus. Eu te peguei no colo,era pesadaaa.— disse como se estivesse lembrando. E eu gargalho.— Uma criança de dez anos,toda tímida. Agora está aí, grávida.
Me abraçou forte e eu me senti acolhida, como num abraço de mãe.Porque ela também representou isso para mim.
Dona Penha : eu espero muito e rezo muito a Deus também pra que você seja muito feliz. Você é tão merecedora minha filha. E que esse bebê venha com saúde.— sorri para ela e dei um beijo em sua testa,me despedindo e prometendo voltar quando desse,para visita-lá .
Subi o resto do morro até a casa de Leticia, cumprimentando algumas pessoas. Fui por outra rua pra não ter que passar pela a boca, se o Terror me visse ele me mataria. Eu estou desobedecendo as ordens do chefe né.
Estava quase entrando na casa de Leticia, quando eu o vi do outro lado,montado naquela maquina que ele chama de moto. Felipe do lado e vários outros caras,todos armados,pareciam falar coisa séria e era visível pela a cara de Thiago que ele estava dando ordens prós demais,como sempre. Todas as vezes imponente,cara fechada,que fazia ele ficar ainda mais gostoso. Me bate um ódio, por saber que ele vai ficar aqui no Alemão e eu não. Reparei nele,com uma arma maior que eu nas costas e sem camisa. Mania escrota,tanta camisa que ele tem e fica desfilando sem. Percebi que ele varria ao redor com os olhos, Thiago é sempre atento a tudo,a TUDO. Talvez fosse essa vida que ele levava. Tratei de correr logo pra dentro da casa da Leticia ,literalmente. Se ele tiver me visto,já era passeio pelo o Alemão. Entrei na casa de Leticia e a tia dela fez almoço pra gente,já havíamos comido na faculdade,mas tem problema não,a gente come de novo .Fiquei bastante tempo com elas,aproveitei muito,porque momentos assim de novo,vai ser difícil.
Depois de duas horas e meia com elas,eu tentei ir embora. O que foi bem difícil, porque Leticia não queria deixar. Mas eu consegui,me despedi e prometi que voltaria.
Voltei pela a mesma rua que vim e adivinha quem foi que eu encontrei parado lá?
Se você pensou no Terror,você errou, porque graças a Deus era o Felipe,junto de uma cambada de homens armados e o Palhaço. Porém eles dois estavam mais afastados dos demais.
Felipe: Ruiva?tá fazendo o que aqui?—pela o tom da pergunta, provavelmente ele já sabia que não era mais para mim estar aqui.
Palhaço: iae patroa,pensei que já tivesse ido lá pra pista.
Liana: pois é,eu quis vim me despedir das pessoas.
Filipe: o Terror tinha me dito que tu nem ia voltar pô. Ele tá querendo esconder a novinha dele até dos amigo. — ele disse e me abraçou.
Liana: é, ele me disse também,mas eu voltei.— disse e abracei Palhaço também.
Que não sabia que eu estava grávida,certeza. Acho que Thiago só contou ao Felipe e por causa dos outros ele nem comenta.
Felipe: eu espero que tu seja muito feliz tá ligada?—ele disse sincero.
Liana: eu também espero Felipe.—sorri.
Filipe: te cuida piveta.—olhou pra minha barriga disfarçadamente.— Agora é pra valer.—eu sorrio grande outra vez.
Liana: ah Filipe eu vou sentir tua falta.— disse e olhei pra palhaço.— A tua também palhaço.
Palhaço: pô, fala isso não muie,eu fico até sem jeito.—eu e Filipe rimos,porque o jeito que ele fala é comédia. Me despeço deles e sigo,daqui a pouco escurecia. Não vi o Thiago e não sei se tô feliz por isso.
Entrei não minha casa e fui no meu quarto pegar minhas bolsas, com o coração pesando.
Assim que eu abri a porta,eu gritei com o susto. Thiago estava lá sentado, lindo e pleno na cadeira do meu quarto.
Liana: você tá querendo me matar? —digo com a mão no peito.
Terror: tu não cansa de ser teimosa né cara?—o tom de quem já estava putinho.
Liana: eu só fui me despedir das pessoas. Não briga comigo,já tá sendo horrível ter que ir embora. — falei e terminei de colocar algumas coisas na bolsa e ele ficou me olhando calado,acho que desistiu de me dar a bronca que ele acha que pode dar.
Liana: vai ficar só me olhando? Achei que fosse brigar comigo.
Terror : eu ia . — ele disse e eu reviro os olhos.
Liana: desistiu por quê?
Terror: tu não ia se despedir de mim? —encarei ele.
Liana: você me ignoraria e ainda iria brigar comigo. Então não! —disse e continuei fingindo está ajeitando a bolsa,só porque eu estava sem jeito mesmo, porque não tinha mais nada que colocar e nem tirar. E ele me secando, porque tudo ele observa.
Terror : Vem aqui.—ele me chama pro colo dele. Eu olho pra ele com um ponto de interrogação na cara. Mas fui até ele e o mesmo me puxou pra cima dele. E eu sentei no seu colo com uma perna de cada lado.
Terror: eu sei que você tá achando que eu quero te jogar pra lá pra não ter que te ter aqui ,me atrapalhando nos meus corre. Mas tá erradona, eu tô disposto a ficar contigo,construir família e pá...—pausou e de repente eu fiquei muito atenta,porque ele estava falando sério.— Não fica lá se enchendo de paranóia não, eu sou sujeito homem, não muleque,se a visão que eu tô te passando é essa,então vai ser essa mermo,sem desenrolo. Antes de eu descobri que você estava grávida, eu já te queria lá, porque a favela tá sobre invasão, eu tenho que levar a minha atenção só a isso e com você aqui ,é sem chance.— ele olhava no meu olho.—Eu iria tá indo atrás de você,tsc,não ia da certo você sabe. Só que você grávida e o morro assim,e daí é mais preciso você lá do que aqui, pelo o teu bem ruiva. Se alguma coisa acontecer com vocês por minha culpa... Eu não quero... —o cortei colocando minhas mãos em cada lado do rosto dele.
Liana: para... eu ja entendi. Nada vai acontecer a gente,com nenhum de nós três. Eu entendo que você está fazendo pelo nosso bem.—juntei minha testa com a dele.— Tá tudo bem.—beijei ele suave,enquanto ele retribuía.
Terror: você nem ia se despedir de mim. Nem tentou arriscar, mesmo sabendo que eu podia ficar bolado.—aah meu senhor,vocês não tem noção de como é lindo ver ele falando assim. Eu gargalhei alto.
Terror : tu ri né?!—disse pegando na minha bunda com uma mão,enquanto com a outra apertava forte minha cintura nua. Arrastando as mãos no meu corpo,por onde ele conseguia alcançar.
Esse homem...
Terror : se despede de mim Liana.— ele disse fazendo cara de safado.
Liana: Tchau amor—brinquei com ele dando um selinho e fingindo levantar. Ele riu com essa minha gracinha. E esse sorriso dele...
Terror : vai nessa de só tchau amor. — disse rindo beijando meu pescoço ,eu nem preciso dizer que eu já estava pegando fogo né? Comecei rebolar no colo dele e em segundos ele já crescia em baixo de mim. Ele tentou tirar minha blusa. Tudo sem parar com o beijo na boca,pescoço, queixo.
Liana:não tem nem cama Thiago.—digo ofegante.
Terror: quem disse que a gente precisa de cama?—ele disse e se livrou da minha blusa. Tá,né?!
Fiquei de pé e tirei tudo ,ele me olhava hipnotizado e eu já ficava constrangida.
Terror : você é linda pra caralho... —ele só baixou um pouco a calça junto da cueca.— Senta em mim senta?—ele pede fazendo cara de tarado e eu fui na hora.
E sentei bem devagar,enquanto nós dois jogávamos a cabeça pra trás. Eu fazia isso toda hora enquanto ele me incentivava a ir mais rápido com a mão no meu quadril.
Terror: e você não queria se despedir de mim...—disse ofegante,enquanto eu cavalgava que nem uma maluca.
Liana: ainda bem que eu ... mudei de idéia. —digo em meio a respiração descompensada.
Ele levantou comigo no colo e me colocou no chão, me empurrou na parede e me pôs de costas. Porque ele iria ficar louco se não tivesse o controle e eu gosto disso,gosto muito. Ele pediu que eu empinasse e eu obedeci. E foi aí que o show dele começou.
Eu em pé, colada na parede, na ponta dos pés, enquanto ele ia fundo. Eu ja estava quase lá, quando ele sussurrou no meu ouvido.
Terror :eu vou gozar.—acabei gozando primeiro que ele. E logo após foi a vez dele.
Sentamos na poltrona como estávamos antes,porque era o único lugar que tinha pra descascar as pernas. Nós dois ofegantes e eu acabada.
Terror: se você não se apressar,vai começar tudo de novo.— eu ri e concordei.
Já devia ser 6 horas e eu não queria chegar tão tarde lá. E eu ainda tenho que organizar todas aquelas coisas de muda e tals. Um saco!
Fui tomar um banho rápido e ele não quis ir comigo. Disse que não queria que eu chegasse tão tarde e ele sabia que se entrasse no banho comigo,a gente não sairia hoje.
Terror:: mas sai logo pô.—escuto ele gritando assim que entrou no banheiro.
Liana: calma.
Terror: a tentação é grande.— eu gargalhei alto e tomei banho rápido e saí. ué,porque ele tá me esperando mesmo?
Liana: tá me esperando por quê?
Tiana: vou te levar até a saída do morro. Bora?!
Liana: vamos. -disse toda feliz. Tranquei minha casinha e fomos. Agarrei forte nele ,porque se não eu voava. A gente parou e eu desci. Ele me puxou me colando nele. Eu fiquei surpresa,porque tínhamos quatro homens que trabalham pra ele aqui,incluindo o Felipe e o Palhaço. O Thiago me beijou.
Terror: vai lá. Juízo Liana.—mandou.
Liana: você também Thiago. —dei um selinho nele. —Se cuida,por favor.—ele me abraçou daquele jeito bruto dele .
Terror : se cuida também nega,de cês dois.—e então eu saí do morro e fui até a outra quadra esperar o Uber,feliz e com o coração na mão ao mesmo tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entregue A Um Traficante
Novela JuvenilSe você procura um livro onde tenha traficantizinhos bonzinhos que tratam mulheres como devem ser tratadas e são bons com todo mundo, já lhe expulso daqui, neste livro vou falar da realidade, e se você já sabe que a realidade do nosso mundo não é a...