Liana.
Começo a limpar minhas lágrimas ao perceber que o moço do táxi me olhava pelo o espelho. Virei minha cabeça pra janela e me mantive pensativa. Eu vou focar agora em ficar no Morro. Ouvi falar que no no postinho lá debaixo,já fora do morro,estão precisando de uma ajudante,como se uma agente de saúde e por eu ser estudante de medicina,eu tenho muita chances de conseguir o emprego. Sem contar que seria mais que ótimo para mim,visto que é o mais próximo de casa que eu vou conseguir. Porém, parece que Terror contribui bastante com medicamentos e tudo que é necessário por lá também. Visto que o hospital que ele próprio fundou é mais voltando para cirurgias,por conta dos homens que saiem feridos das invasões que acontcem. O posto é muito qualificado e muito bem falado,dentro e fora do Alemão,até porque por aqui se não for o hospital,só temos esse postinho. Que é mais voltando para tratar de viroses e coisas mais relacionadas a termos acesso a ações de promoção, prevenção e tratamento relacionadas a saúde da mulher, da criança, saúde mental, planejamento familiar, prevenção a câncer, pré-natal e cuidado de doenças crônicas como diabetes e hipertensão. Fazer curativos. Fazer inalações. Tomar vacinas,essas coisas.
Quando falam que o Terror é o manda chuva daqui,não é exagero,tudo que entra dentro da favela dele,ele precisa saber. Todos os dados das pessoas,sério! Ele recebe tudo em um papel,eu imagino,onde consta tudo sobre a pessoa,mas tudo mesmo,nome,de onde veio,pai, mãe,idade,profissão,porque veio morar no Alemão. Mas ainda assim, Thiago chama a pessoa até a boca,pra perguntar tudo isso,vê se pode?! É bem mais sério do que você imagina,negócio mó trabalhoso,eu não duraria meio dia com toda responsabilidade que ele tem.
Sabe o mais interessante,mais que de normal não tem nada,é que quem paga os doutores(a),as infermeiras e todos os funcionários do hospital,é ele. Porém quem paga os funcionários do postinho é o governo,entanto como fica perto do morro dele e a maioria das pessoas que frequentam o postinho são pessoas da comunidade,então o Terror contribui muito com tudo e claro,exige que seja passado uma lista das pessoas novas que entram,por questão de segurança,acredito eu. E bom,não é certo,mas quem é que vai ousar impedir ele?
Quer coisa mais bizarra que isso ? lhes conto já. Os currículos dos médicos clínicos e cirurgiões do posto,tem que passar primeiro pela a mão do Terror para serem contratados. Quando A Leticia me passou essa informação,meu queixo foi no chão. Eu acredito que quem avalia não seja ele,que óbvio,era uma pessoa que sabe o que está fazendo. Mas,é impressionante saber o tamanho da audácia e do poder desse homem.
Então a questão é essa:pra eu conseguir trabalhar lá,ele teria que permitir,e olha que o posto não é dentro do Morro dele,o qual ele já deixou claro que quer me ver longe . Mas sim também pelo o fato de ser ele do mesmo modo,que autoriza,ou não a minha entrada. E quero acreditar que ele pode até estar bravo,mas que ele vai tirar essa loucura da cabeça dele e me deixar ficar. A gente corta os vínculos e aceita de uma vez. É preciso!e me falta o ar só de imaginar,porém já era para estarmos distantes a muito tempo. A verdade mesmo é que não era nem para termos nos aproximado.
Liana : Droga! mais essa ainda. — disse pra mim mesma,em voz alta meio que sem pensar. Estava super submersa nos meus pensamentos.
O moço me olhou novamente como quem pergunta: "Tá tudo bem jovem?". E eu apenas volto a fingir que tá tudo bem,tentando disfarça o constrangimento. Com mais alguns minutos chegamos na clínica e caraca, tinha esquecido o quanto era longe.
Desci quase esquecendo que tinha que pagar o moço,minha cabeça anda muito avoada. Fui pagar o moço pela a janela,entreguei o dinheiro e o homem sorriu pra mim. Eu sorri de volta e ele aparentava estar na casa dos quarenta e oito. Ele parecia ser alguém tão do bem. O senhor me entregou um papel bem bonito,onde se lia em letras maiúsculas .
"NÃO TE MANDEI EU? ESFORÇA-TE, E TEM BOM ÂNIMO; NÃO TEMAS, NEM TE ESPANTES; PORQUE O SENHOR TEU DEUS É CONTIGO, POR ONDE QUER QUE ANDARES." (Josué 1:9)
Olhei pro moço e senti meu coração aquecer e quase me emociono. Não faço a mínima idéia do porque,mas mexeu comigo. Parecia que era para mim sabe? até o olhar do moço quando ele me deu me fez ter a sensação de que ele estava me dando já na intenção,como se soubesse que eu estava precisando de uma palavra dessas. Tanto que ele me entregou o papel e continuou a me observar com um sorriso sereno no rosto.
Liana: o senhor é um anjo ? — pergunto sorrindo pra ele,e mesmo não tendo nenhuma lógica,se nesse momento ele me dissesse que era um,eu acreditaria. Ele riu alto e disse de voz mansa:
***:Quem me dera minha filha,quem me dera. — disse ele me entregando o troco,eu disse que ele poderia ficar com ele e ele sorriu grande. E antes de sair,já com o pé no acelerador indo bem devagar ele completou.
***:Olhe no exterior do papel,lá bem embaixo. —e saiu sem esperar que eu olhasse. Virei o papel e pude ver bem pequeno em letras também maiúsculas.
"TENHO-VOS DITO ISTO, PARA QUE EM MIM TENHAIS PAZ; NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES, MAS TENDE BOM ÂNIMO, EU VENCI O MUNDO." (João 16:33)
E eu me emocionei outra vez,como o Senhor é lindo!
Olhei pro céu sentindo uma sensação enorme de gratidão. Gratidão por sentir a presença dele,por sentir que ele tem me ouvido e visto tudo. Uma sensação de que ele está a interceder por mim. "Obrigada por não desistir de mim pai." - digo em pensamentos.
Não tenho certeza,mas tenho a impressão que esse último versículo da bíblia,não estava lá antes,digo,nesse folheto que esse senhor me deu. Estranho.
Entro na clínica me sentindo bem mais leve,cheia das bolsas nas mãos, parecendo uma doida. Comprimentei a recepcionista e ela retribuiu. Pediu que eu acompanhasse o rapaz até onde titio estava. E assim o fiz. Chegamos no grande pátio bem iluminado e muito bem decorado,cheio de mesas e cadeiras. Nelas se viam as pessoas conversando com os familiares que ali estavam,visitando,como eu.
***:Ali está ele. — apontou pra uma mesa bem no canto,perto de uma fonte bonita. Titio estava de costas pra mim e de repente me vi nervosa,queria muito ver ele,mas não tinha chegado na parte de como seria quando eu estivesse cara a cara com ele,já que da última vez ele não gostou muito de me ver e até me ameaçou de morte. O rapaz continuou me olhando e saiu. Eu olhei pra ele indo embora,acho que eu não sabia o que fazer. Ok,não deve ser tão difícil. Andei até o mesmo e parei,ainda atrás dele,esperei que ele virasse,mais não virou. Pego no ombro dele reparando o quanto ele parecia mais novo assim,de costas.
Liana: Titio ?—o chamei.
Ele virou que nem bicho pra me olhar,de imediato fiquei com vontade de correr. Mas alguma coisa no olhar dele me fez ficar,estava ... Diferente. Ele me olhou e... Eu diria que,com bastante surpresa no olhar,tinha alguns dias que eu não vinha visita-lo,mas não porque não queria,mas sim porque foi a doutora quem recomendou. Ele não sabia,com certeza estava achando que eu havia o abandonado totalmente.
Sentei em uma cadeira em sua frente e pude examiná-lo direito. Estava tão diferente,eu até arrisco em dizer que agora sim ele estava parecendo um ser humano. Limpo,cabelo muito bem cortado,barba bem feita,pele mais clara do que eu costuma ver,roupas limpas,até os dentes estavam mais brancos,também estava forte.
Liana: O Senhor está tão bonito titio. — digo sorrindo,alegre. Estava surpresa e o meu olhar não negava. Ele não falava nada,só me olhava e não tinha aquela cara tão rabugenta de sempre. Eu me senti a vontade em falar.
Liana: o Senhor ainda deve está querendo me matar pelo o que fiz né ? eu sei que talvez o senhor nunca entenda,mas eu fiz pelo seu bem. Você sabe que se não fosse assim,você não viria de jeito nenhum. —pausa e ele não falava nada,porém o olhar dele dizia tudo.—O...Terror... Ele ia matar você se eu não tivesse trazido você para cá. —ele me olhou e depois desviou o olhar novamente. — Eu quero cuidar de você. —baixo a cabeça fitando minhas mãos. É uma conversa que nunca tive com ele,era estranho. —Quero dar uma vida boa ao senhor,então por favor,eu sei que você pode melhorar,se não for por mim,então que seja pelo menos por você... Porque o Senhor não conversa comigo?—queria saber se ele realmente tinha mudado. Ele balançou a cabeça negativamente. Bom,pouco,mas já vemos uma evolução.
Liana: aqui é muito ruim ? — perguntei fazendo careta. Ele quase que riu,quase. Mas só balançou a cabeça negativamente de novo. Eu sorri,mais outro progresso. Que bom! Ótimo para falar a verdade.
Liana : olha o que eu trouxe pra você. —peguei as sacolas,e as bolsas e coloquei tudo em cima da mesa. Na mesma hora umas cinco pessoas olharam pra mim,ao mesmo tempo. Olho pra elas que continuaram me encarando. Na verdade olhando para as minhas sacolas e disfarçando.
Liana: quer ? —pergunto aos que ainda me olhavam. O Tio Pedro riu,as pessoas não me responderam e continuaram conversando e eu fiquei com vergonha. Tio Pedro começou a abrir as bolsas e sacolas e eu só o olhando animada. Eu estava alegre .
Primeiro ele tirou o strogonoff com a carne assada,feijão,arroz. Me ofereceu e eu falei que trouxe pra ele. Depois comeu um pedaço do bolo de milho,que por sinal,era só um pedaço mesmo,por fim comeu o doce de leite. Comeu tudinho,me senti até orgulhosa. Quando ele percebeu que havia mais alguma coisa na sacola e que era gelado ,ele procurou e pegou a garrafinha de água com gás que ele adorava tomar. Levantou a garrafa me olhando,como quem pergunta: "É sério que você trouxe?" E eu sorri balançando a cabeça. Já estava quase na hora das visitas irem embora quando ele finalmente falou.
Pedro: ainda está com ele? —perguntou e eu sabia a quem ele estava se referindo. Porém ele me pegou de surpresa,eu quase não respondia. Mas apenas balanço a cabeça negativamente.
Liana: Titio,eu estou na nossa antiga casa,eu estou cuidando dela direitinho. Ela está tão lindinha,na próxima vez que eu vinher eu te trago fotos se caso eu já tiver feito alguma coisa. Aah eu acho que vou trabalhar lá no postinho. Eles estão desesperados por alguém,e tenho quase certeza que eles vão me contratar. Esta indo tudo certo na faculdade também,vou estudar durante o dia e trabalhar durante a noite. Eu estou feliz—eu não parava de falar.
Pedro: vai vim me ver toda semana? —pergunta,sempre sem demostrar alguma emoção.
Liana: uma vez em duas semanas. Se eu for mesmo trabalhar vai ficar tudo mais corrido,por causa da faculdade e tudo mais.—digo e ele balança a cabeça positivamente. O moço avisa que o horário de visita acabou.
Liana: Titio,eu volto próxima semana,você precisa de alguma coisa em específico? Roupa, sei lá?—ele olhou para os lados e depois pra mim.
Pedro: Sim!não tem como você me trazer pelo menos um cigarro?só um não vai fazer mal.—eu faço cara de triste,porque sei que deve estar sendo difícil.
Liana : aí titio,estava indo tão bem pra ser verdade. —digo sorrindo sem mostrar os dentes. As pessoas começavam a levantar,fiz o mesmo. Pego no ombro dele agora o olhando—Você vai ficar bem—disse já me retirando. Mas não antes de escutar ele sussurrar.
Pedro : você também.—não se pode mudar do dia pra noite né? Mas sem problemas,a gente tem tempo de mais pra isso.
Chamei um Uber e em dois tempos eu já estava no Morro. Subo depressa pra não correr o risco de esbarrar com Terror por aí.
Já eram dezoito horas e eu fui direto pro banheiro tomar outro banho. Preciso ir no postinho ainda hoje. Vou intentar até que eles me chamem,nem que seja por pena. Agora já pronta,lá estava eu novamente descendo o morro rumo ao postinho,e a rua movimentada à beça. Eu andava rápido outra vez pra não encontrar ele,sabendo que uma hora ou outra a gente vai se esbarrar. Mas espero que não,espero que ele finja que nada aconteceu entre a gente e esqueca da minha existência aqui,como era antes.
Chegando no posto e falando com uma moça que trabalha aqui ,ela chamou uma outra funcionária pra me acompanhar enquanto me orientava de como seria,sim,ela já ia me mostrando o que eu precisava fazer. Percebi que a situação aqui estava meio precária,quase ninguém trabalhava aqui,eles estão precisando muito de ajudantes,estão todos se demitindo por oportunidades maiores,ou não sei.
Ou seja,moleza eu entrar,fiquei feliz e a moça falou que gostou de mim, perguntou qual faculdade eu estava fazendo,eu disse medicina e ela me parabenizou. Me falou um pouco também da faculdade dela de enfermagem e de repente ja éramos amigas. Voltamos para a sala de espera do postinho. E uma outra moça me chamou .
***: Liana, né? —eu assenti sorrindo simpática.
***: Então Liana,a gente precisa de uma pessoa para fazer coisas básicas,como medir,pesar. Estamos sem ninguém e chegamos até a pensar em colocar pessoas não qualificadas.—eu sou quase isso.—Mas aí você calhou super bem dado que é estudante de medicina e…Bom,estamos realmente necessitando—não era sobre essas condições na qual eu imaginei meu primeiro emprego na área da saúde. Ser contratada porque estão sem alguém melhor e não pela a minha capacidade. Porém eu sou apenas uma estudante em início de curso,precisando de emprego e eu não posso me dar ao luxo de reclamar.—Para você começar aqui só precisamos passar pela a última etapa,que é só passar informação dos teus dados e aguardar a autorização do chefe.—um frio percorreu toda a minha espinha.
Liana: chefe?…Que che-fe? —eu sorrio tentando disfarçar que gaguejava de nervosa.
***:O Terror,você já deve conhecer. —ela olha para a minha cara de assustada.—Ainda não te contaram esse detalhe né?
Liana: não ,na verdade eu já sabia... —eu só não fazia idéia de que a informação chegava nele tão rápido. Isso vai dar merda,meu Deus,que ele aceite e que a gente não brigue de novo.
***: Então por que a surpresa? — perguntou e eu não consiguia falar,não sabia o que falar. —Então você aguarda aqui que ele já vai chegar... —eu quase morri agorinha mesmo. Minha alma saiu do corpo e voltou.
Liana: ele ? ele quem?ele não manda alguém vim me avaliar? Algum dos homens dele? Sei lá. —eu estava suando frio,sentia que a qualquer hora iria desmaiar e eu não estou brincando.
***: na verdade Liana, ele costuma fazer assim mesmo,principalmente quando ele anda muito ocupado como agora. Mas não sei, a gente falou seu nome e ele disse que vinha resolver ele mesmo. — disse dando de ombros. Meu Deus e agora? —Você está bem? Esta pálida!
Liana: eu tô b-em. Tô só um pouco nervosa. —eu não estou nem pouco bem.
***: não se preocupa,ele parece ser uma pessoa ruim,mas a verdade é que ele nem é tudo isso que as pessoas falam. Sempre que ele vê pessoas procurando emprego assim como você,ele quer ajudar. E ainda por cima é um gato né menina?—ela ri e eu tento acompanhar. Tentando disfarçar que estava prestes a desmaiar aqui. Ah moça,disso eu sei moça,ôh se sei!
Eu continuei sorrindo forçado pra ela,eu não conseguia nem respirar direito. O que que tá acontecendo comigo? Porque ficar tão nervosa assim? a gente brigou feio,ok! e ele me ameaçou de morte se eu não saísse do morro,ok também. Mas não precisa disso,ele já deve ter esfriado a cabeça e percebeu que não pode continuar com isso. Ou dessa vez ele já esteja vindo para me matar logo,aqui mesmo, já que não obedeci as ordens dele e ainda por cima,como muito teimosa que sou,ainda consigo um emprego no postinho,que também é dele. Ok,isso é loucura,ele não vai me matar aqui,então também não justifica todo esse meu medo e desespero. Mentira,justifica sim! Meu Deus eu vou embora.
E ia mesmo,até ver ele entrar pela a porta do posto,com uma arma enorme nas costas,boné enterrado até as sobrancelhas,com a cara escura,puto,comigo! Uma bermuda largadona super sex,lá em baixo,o volume era visível ainda,e bom…Ah deixa.
Estava a mostra quando ele ajeitava a fuzil nas costas , a cueca da Calvin Klein branca que ele tinha várias e que já era típica Terror. Eu achava simplesmente a coisa mais linda naquela pele morena. Um tênis da Nike estilo Terror mesmo e uma blusa também da Nike,do lado dele três homens,um ficou na porta na parte de dentro e os outros três o acompanharam,olhando tudo. Enquanto lá fora tinha um batalhão inteiro,sem dúvidas.
Ele comprimentou as recepcionistas com um "iae" e me avistou,me secou,juro,dos pés à cabeça,balançou a cabeça em negativo,me censurando,certeza. Eu estava muito nervosa,mais muito mesmo. Eu não queria que fosse assim,o estranho é que eu não estava sabendo disfarçar meu nevorsismo,acho que não tô bem não. Na medida que ele se aproximava eu ia ficando mais nervosa. Ele me pegou pelo braço e me arrastou até uma área que não havia ninguém.
Terror: tu tá de brincadeira com a porra da minha cara né garota?—ele falou comigo exatamente como falava antes,no início. Como se já não tivéssemos mais intimidade nenhuma.
Liana: Thiago você não tem o direito de... —ele me corta de emediato.
Terror: não tenho o direito é o caralho. Eu tenho mais que o direito, eu tenho o poder. De qual foi Liana? Por que tu tá brincando com o perigo assim? Eu falei que não te queria e não te quero no meu morro. —isso doeu. —E tu vem querer dar uma de bichona querendo trabalhar aqui? Tu acha que eu vou permitir isso? tu tem o quê na cabeça? merda?porque para me contrariar assim,na frente dos meus homens ainda por cima —eu só escutava,ele estava num nível de raiva que eu conheço e sei que é melhor que eu tome cuidado.—Teu apartamento tá lá,tudo bonitinho e pá e tu insiste em ficar aí,me peitando caralho.—ele anda de forma apressada,pra um lado e outro. Dava para ver que ele estava super sobrecarregado.—Liana,não brinca com a minha paciência,não desperta a fera que eu tô a meses tentando domar. —fiquei com medo,tava tão nervosa que de repente tudo se tornou medo. Medo de ele não me deixar ficar na minha casinha,ter o meu trabalhinho,aqui,no Alemão,perto das pessoas que eu amo,medo de desmaiar aqui,medo de ele não tá me querendo por perto,por ranço,medo de ele descer a mão aqui em mim agora.
Liana: Thiago , aqui é o meu lugar,tudo que eu amo tá aqui. —disse quase chorando porque isso me dava vontade de chorar. E baixei a cabeça ao perceber que soou como se isso também valesse pra ele e valia mesmo.
Terror : Liana, não dá certo você no mesmo lugar que eu.—a história agora já era outra?
Liana : Não dá certo por que Thiago ?
Terror: PORQUE EU NÃO CONSIGO CARALHO. —gritou.—Já que é para não termos mais nada,então seria ainda pior se você ficasse. Eu e você não nascemos pra ficar junto memo se ligou? Você não é pra mim e eu muito menos sou pra você.
Acho que vou passar mal. Meu Deus por que mesmo depois de tanto sofrimento,ainda tem que doer mais,por que eu tinha que amar ele? limpei depressa uma lágrima que escorria.—Liana eu tô cheio de problema, não era nem pra mim tá aqui,porra mano vê se obedece.
Liana : tudo que eu fiz TODO esse tempo, foi te obedecer Thiago. Desculpa. —balancei a cabeça negativamente,chorando.— Você quer me matar?me mata,mais eu não vou sair do morro.
Ele deu um soco forte na parede que ficou a tinta da tatuagem da mão dele lá, junto a parede machucada,eu me assustei e me via já quase caindo de tanto que eu tremia. Ele parecia se controlar pra não voar em cima de mim, e eu já me arrependendo por tudo .
Terror : Liana eu não tô de brincadeira nesse caralho. O que me deixa mais puto é isso, é eu dar uma ordem e não me obedecerem. ESSE É O ÚLTIMO PAPO. —gritou enfiando o dedo na minha cara —TU QUER MORRER CARALHO ? OK! ISSO EU POSSO FAZER. —e saiu e eu desesperada chorando,porque eu vi nos olhos dele,que agora sim ,era o último aviso. Ele voltou até mim,com cara de arrependido,do nada.
Terror : Liana,o trabalho é teu,se ligou? Tá liberada trabalhar aqui, mas só pisa no Morro no teu horário de trampo,do posto pra pista. Se ficar com saudades das amiguinhas, manda te verem lá. Tu tá ouvindo né ? Nada de subir o morro. Tá vendo o quanto eu tô facilitando?tu não sabe o tanto de gente que queria que fosse desse jeito aqui com eles também,toda essa moral, tá vendo? Ninguém nunca teve, então não abusa da sorte não. Tu não sabe do que eu sou capaz.
Liana: me dá só mais um tempo,por favor. —eu peço quase implorando dando-me por vencida.
Terror: uma semana Liana, nem menos nem mais. —disse convicto.
Liana: Thiago por favor —chorei.
Terror : tá avisada já. Último aviso se ligou? O Último Liana. —e agora ele foi mesmo e eu só chorava. A moça de algumas horas atrás veio até mim.
***: você tá bem?—disse se aproximando
Liana : não!—tudo rodava,tudo doía ,mais nada se comparava a dor no coração.
***: o que você está sentindo?—e foi a última coisa que ouvi antes de apagar.
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Entregue A Um Traficante
Ficção AdolescenteSe você procura um livro onde tenha traficantizinhos bonzinhos que tratam mulheres como devem ser tratadas e são bons com todo mundo, já lhe expulso daqui, neste livro vou falar da realidade, e se você já sabe que a realidade do nosso mundo não é a...