- Capítulo 6 - O fosso das armas -

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 Ísis caminhou pelo hall de entrada do alojamento de treinamento até a sacada para observar a cidade que ficava mais abaixo do castelo em festa apoiando-se no parapeito, mesmo de onde ela estava dava para ouvir bardos tocando, pessoas rindo e bebendo.

— Não quer ir até a festa? — Pedro se aproximou por detrás dela silenciosamente e parou ao seu lado de costas para o parapeito da sacada olhando-a nos olhos.

— Não me sinto animada para isso hoje — Sua voz possuía um tom cabisbaixo.

— Preocupada com algo? — Ele desviou o olhar dela para o céu, cruzando os braços e admirando as estrelas.

— Amanhã recebemos a bênção de proteção para agir nas missões de pacificação do reino, isso me deixa um pouco inquieta, talvez nervos — Seus olhos ainda fixo nas luzes e música vindas da cidade.

— Os moradores e cidades próximas confiam muito em Kendorf e nos cavaleiros, mandam pedidos de ajuda todos os dias, alguns sérios e outros bem leves, não creio que vamos fazer coisas muito arriscadas e, além do mais, alguns veteranos vão nos acompanhar, não acho que tenha perigo — Pedro voltou os olhos para ela, admirando-a por alguns instantes, seu coração sempre acelerava quando ele estava perto de Ísis, o vento balançando seus cachos, o brilho da noite na sua pele negra, seus olhos cor de mel, cada detalhe dela deixava a mente de Pedro completamente vazia de argumentos para responder a si mesmo por que ainda não havia dito o que sentia por ela, afinal, ela já havia feito isso a ele.

— O que tanto olha? — Ísis interrompeu o sonho lúcido de Pedro virando-se para o encarar.

— Nada... — Respondeu ele inseguro apertando os dedos no antebraço com os braços cruzados desviando o olhar para as estrelas novamente.

— Você é uma pessoa bem estranha — Suspirou Ísis voltando os olhos para a cidade.

— Não me confundiu com outro de nossos amigos?

— Você é o complicado, Henrique é apenas tarado, e desconfio que haja nele um lado metrosexual, mas é só um palpite.

— Não me referi a Henrique — Disse impaciente ainda tentando manter as aparências.

— Refere-se a Gabriel?

— Sim...

— Por que sempre ao se aproximar de mim, logo após me encarar com essa cara de bobo, você cita o nome de Gabriel? — Ela tornou a encará-lo nos olhos.

— Talvez eu tenha meus motivos — Ele a observava com o canto dos olhos.

— Ou talvez você seja inseguro — Disse Ísis irritada.

— O que isso tem a ver com o Gabriel? — Suas mãos suavam frio.

Ísis respirou fundo trocando o apoio de um pé para o outro e cruzou os braços — Você e ele sempre foram melhores amigos, eu conheço vocês desde criança, mas entre nós três, por que você só fala dele quando está comigo?

— Tenho minhas descon...

— Você tem medo de falar o que sente, e inventa desculpas mesmo depois de anos, Se você não fosse tão lerdo nada daquilo teria acontecido.

— Você ainda gosta dele? — Pedro a encarou nos olhos, que agora cintilavam de raiva.

— Você está três anos atrasado com essa pergunta, quer saber? Esqueça cada palavra que eu já te disse algum dia sobre esse assunto — Ísis virou-se de costas e saiu pisando furiosa pelo hall de entrada.

— Não fui eu que beijei meu melhor amigo logo depois de me declarar — Pedro olhou a cidade em festa por um instante e saltou por cima do parapeito pousando em cima de uma barraca de lona, descendo e seguindo para festa na cidade a passos brutos e irritado.

O Último Draconiano - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora