Toda vez que Himawari fechava os olhos a mesma cena vinha à sua cabeça, sua mãe caída a teleportando por um selo para fora das muralhas de Ny Wong, aquela visão a perseguia infinitamente tirando seu sono e a exaurindo, sentia falta de seus pais, contudo sabia que aquele não era o momento adequado para luto ou hesitação.
A princesa abriu os olhos vagarosamente olhando para as estrelas ainda deitada sobre o galho da árvore na floresta negra, sobre seu corpo havia uma manta cobrindo-a do frio — Gabriel? — Pensou ela olhando para o lado procurando o draconiano que já não estava mais ali.
Himawari sentou-se tentando acordar por completo esfregando os olhos e olhando de cima da árvore para baixo, a bolsa enfeitiçada do draconiano ainda estava ali, assim como as frutas que eles haviam ganhado da ninfa.
O sol ainda não havia surgido no céu e nem as luas mais brilhavam nele, o mar de estrelas que era visível a noite começava a dar lugar a um céu alaranjado mostrando que se aproximava o dia, o cheiro de grama molhada pelo orvalho e das flores invadiram o nariz da princesa forçando-a ainda mais a tentar acordar com o aroma matinal da floresta.
A princesa desceu vagarosamente da árvore se equilibrando galho por galho, não havia se dado conta na noite anterior do quão alto eles haviam subido para passar a noite, ao chegar no chão seus olhos percorrem pela grama notando alguns rastros de sangue que se estendia por troncos de árvores e galhos indo para dentro da floresta, o corpo da princesa se enrijeceu a colocando em alerta e ela sacou sua katana olhando atentamente para todos os lados enquanto seguia o rastro de sangue.
O rastro a levou para um local com árvores maiores e copas mais densas onde o brilho do céu não alcançava dando um ar obscuro àquela parte da floresta, não se ouvia barulho de insetos nem o farfalhar das folhas com a brisa da madrugada, um silêncio absoluto reinava naquela parte da floresta negra, a audição aguçada de Himawari captou uma respiração ofegante e fraca vinda de sua esquerda, por onde ela seguiu cautelosamente até avistar uma das ninfas da floresta sentada apoiando as costas no tronco de uma árvore, sua pele era verde e suas orelhas pequenas, em seus cabelos haviam diversas flores entrelaçadas com os fios de cor castanho, vestia em seu busto um ramo de folhas que davam a volta em seu corpo e descia para suas pernas formando um pequeno short de folhas, em sua barriga havia um corte profundo onde ela pressionava com a mão esquerda tentando conter o sangramento enquanto olhava assustada para Himawari.
— O que aconteceu? — Perguntou a princesa se aproximando da ninfa rasgando um pedaço da blusa para fazer um curativo nela.
A ninfa tentou se comunicar com Himawari falando a língua antiga dos espíritos da floresta, contudo, a princesa balançou a cabeça negativamente mostrando que não entendia o que ela dizia — Homem da fogueira... — Ela respirou fundo sentindo dor enquanto Himawari amarrava o pano ao redor de sua ferida — Ajudar mim, mas outro homem da sombras vir... — Esforçou-se ela tentando falar a língua dos humanos.
— Homem da fogueira? — Indagou Himawari — Gabriel? — A ninfa arregalou os olhos e a princesa entendeu aquilo como um sim — Ele está em perigo? onde?
Um baque surdo ecoa pela parte escura da floresta atraindo a atenção de ambas e do alto das árvores surge Gabriel descendo batendo em todos os galhos que passava em sua direção até cair como um peso morto no chão repleto de arranhões e com um corte no peito tentando se pôr de pé com dificuldade, do canto de sua boca pingava sangue e seus olhos pareciam desorientados — Merda — Esbravejou ele tonto se arrastando até uma árvore tentando se apoiar para se equilibrar novamente.
— Gabriel? — Himawari arregalou os olhos para ele dando dois passos em sua direção mas sendo impedida por ele próprio que estendeu a mão na direção dela mandando ela parar.
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O Último Draconiano - Livro um
FantasyA saga do Reino dos Guerreiros - Livro Um - os mundos colapsam, deuses da calamidade ressurgem para destruir o mundo de Zigward enquanto uma organização a serviço de um mal ancestral tão antigo que os homens não se recordam o nome começa a se mover...