- Capítulo 17 - A batalha no mundo dos sonhos -

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 A primeira coisa que Gabriel sentiu ao recobrar a consciência foi o perfume doce das flores do jardim do castelo branco, seus olhos tiveram dificuldades para se adaptar à claridade do sol.

Sua visão foi entrando em foco enquanto uma voz cantarolava perto do seu ouvido, mãos suaves tocavam seus cabelos enquanto sua cabeça estava apoiada sobre as pernas de Éfira.

— Consegui? — Disse Gabriel forçando os olhos para enxergar melhor.

— Vocês conseguiram — Disse Éfira inclinando sua cabeça para frente se pondo na frente da claridade para olhar Gabriel mais de perto.

Seus olhos azuis eram ainda mais impressionantes pessoalmente, e seus cabelos tocavam suavemente o rosto do draconiano.

— Onde está Itan?

— Eu ainda não o encontrei — Disse a oráculo ajeitando os cabelos atrás da orelha.

Gabriel se pôs sentando rapidamente tentando localizar-se, estava sentado no meio de um imenso e bonito jardim, flores, rosas, violetas e longas árvores cresciam ordenadamente em todas as direções que ele olhava.

Uma longa trilha adornada com flores se formava levando até um castelo de paredes brancas e janelas transparentes, era o maior castelo que Gabriel já havia visto, caberiam três castelos do Reino Central dentro do castelo branco.

Em cada extremidade haviam imensas correntes de ferro que adentravam o castelo pelas laterais rumo ao calabouço, pareciam o segurar sobre a terra.

Nos céus haviam nuvens e uma claridade que se assemelhava ao sol, mas não havia um sol, pássaros cantavam em todas as direções, coelhos e esquilos corriam entre as flores deixando o campo mais harmonioso e aconchegante.

— Este é o mundo dos sonhos? — Perguntou ele boquiaberto.

— Uma prisão, não se deixe levar pela aparência e magnitude — Éfira se pôs de pé ajeitando seu vestido de seda — É minha prisão, draconiano.

— Precisamos achar Itan, e depois tiramos você daqui — Disse se virando ao sentir seu tom melancólico.

— Me tirar? — Indagou ela.

— Não foi para isso que nos chamou?

— Não foi o que eu disse ao aprendiz de mago.

— E o que disse a ele? — Gabriel parecia confuso.

— Só tem um jeito de sair daqui Gabriel, e este jeito sou eu — Ela encolheu as mãos no peito — Liberando meu poder.

— Como liberamos seu poder, suponho eu que você não saiba — Ele mudou o apoio de um pé para o outro tentando ficar confortável, mas presumindo onde aquela conversa chegaria.

— Eu pedi ao aprendiz de mago que me matasse... — Seu olhar se direcionou ao chão e sua respiração ficou mais lenta — O que eles planejam fazer comigo e com o que tem dentro de mim é pior que a morte, eu não consigo me matar, porém se o mago fizesse isso por mim, ele conseguiria meus poderes e vocês dois poderiam parar essa loucura que está acontecendo.

— Para uma garota bonita até que você fala muita coisa idiota — Gabriel pareceu ficar irritado — Itan nunca te mataria para pegar poder algum seu, se ele veio deve ter tido alguma ideia melhor e um jeito menos estúpido de tirar você daqui.

— Não existe outro jeito, draconiano! — Disse ela exaltando a voz e contendo seu choro — Cada hora que passamos nesta prisão equivalem a um mês no mundo comum, eu estou presa aqui desde que nasci, devo ser mais velha que todos vocês juntos... Eu não quero ser mais cobaia do meu pai e nem do deus da calamidade — Ela esfregava os olhos enxugando as lágrimas — Todos os dias eles me furam — Disse virando o antebraço para Gabriel mostrando diversas marcas de agulhas e hematomas roxos — Todos os dias drenam o meu sangue e com ele minha vontade de viver, eu não quero mais viver assim...

O Último Draconiano - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora