capítulo 8.

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Pablo Gavi

- Me passa o número da Carolina.

Eu quase engasgo com a água quando Pedri diz isso.  Era quarta feira, o treino tinha acabado e eu me sentia mais exausto que o normal, chuto dizer que o motivo eram as noites acordado conversando com Carolina, mas era apenas um palpite.

- Que? - Eu olho confuso pra Pedri e ele da risada.

- Calma aí, senhor. Eu quero pedir o número da Monalisa pra ela. - Eu quase engasgo com a água de novo, mas dessa vez é por conta da risada sincera que soltei.

- Você não pediu o número dela aquele dia?! - Uso o mesmo tom sarcástico que ele usou comigo quando disse que não beijei Carolina no encontro, Pedri me olha como se fosse me dar um soco.

- Não enche o saco, eu esqueci tá...

- Claro, não é como se tivesse tido todas as oportunidades do mundo. - Eu saio de perto antes que ele possa chutar a minha bunda.

- Quebra esse galho pra mim, cara... - Pedri me olha como um cachorro que caiu da mudança.

- Tá, eu vou pedir pra Carolina.

- Não, me passa o número dela. - Eu arqueio as sobrancelhas, Pedri estava tirando uma com a minha cara. - Cara, eu não vou dar em cima da sua mulher.

- Ela não é minha mulher!

- Mas bem que você queria que fosse. - Pedri estava definitivamente tirado uma com a minha cara, tive certeza quando ele deu um sorriso debochado.

- Isso não vem ao caso agora...

E não vinha mesmo. Eu não queria conversar sobre como em três semanas Carolina tinha virado minha vida de ponta cabeça, como o chão de sua sala tinha sido o lugar mais confortável que eu já havia estado, ou de como eu não conseguia mais dormir direito se não fosse escutando a respiração dela e sentindo seu cheiro, como tinha acontecido naquele fim de semana.

- Vai me conseguir o número ou não?

- Se você parar de encher o meu saco, sim. - Pedri me olha com tédio, mas cala a boca.

Se meu horário estivesse certo, Carolina deveria estar na última aula da faculdade agora, e a vontade de ligar pra ela quando eu chegasse em casa foi o que me fez levantar e ir tomar um banho.

(...)

- Queria ter nascido com um dom atlético pra não precisar fazer faculdade, igual você. - Ela fala do outro lado da linha e eu dou um sorriso. O celular de Carolina estava apoiado na bancada enquanto ela preparava alguma coisa pra comer. Eu tinha uma ótima visão dela com um moletom enorme e o cabelo preço em um coque.

- Então você acha que eu tenho um dom?

- Além de me irritar, sim, você tem sim. - Ela me olha debochada e eu lhe dou um sorriso de lado.

- Certo, agora fala que eu sou seu jogador favorito.

- Não gosto de mentir, Pablito. - Um dia ela ia me deixar louco, eu tinha certeza. - Você não é o Calleri.

- Quem é Calleri? - Eu me sento na cama, ofendido. É claro que Carolina estava fazendo de propósito, já que seu sorriso só aumentava.

- O meu jogador preferido, do São Paulo. Ooh, toca no Calleri que é gol... - Ela cantarola a última parte em português, mas consigo entender mesmo assim.

- Você fez ate música pra ele?! - Ela solta uma gargalhada sincera.

- Eu não, a torcida. Ele é argentino, sabia?

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora