Capítulo 25.

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Minha primeira chuva em Madrid. Chovia como se fosse o fim do mundo, resultado do calor intenso que vinha fazendo nas últimas semanas. Já era noite e eu estava exausta depois de um dia inteiro de trabalho, agradeci por ter consegui chegar em casa antes que o dilúvio me pegasse, iria ser triste de mais. A vida aqui ainda era monótona, ainda mais agora que minha rotina era do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Sentia falta de frequentar a universidade, ainda estava me adaptando ao ensino a distância. Estava me adaptando a tudo, na verdade. Sentia que as pessoas aqui eram mais distantes, a comida era diferente, o clima, tudo. Pelo menos Açafrão ainda estava do meu lado.

Não tinha conseguido conversar com Gavi durante o dia, foi uma correria tão grande que nem consegui pegar no celular, e quando consigo enviar uma mensagem, ela não chega. Já estava tarde, então prefiro acreditar que ele estava dormindo. Era difícil ficar longe, não só pela carência e apego, mas sim pela insegurança. Um jogador de futebol jovem e famoso sozinho em outra cidade... Bobagem. Tento ligar para Pablo, em um gesto meio desesperado, e a chamada cai na caixa postal.

Largo mão da paranoia e vou tomar um banho. Já tive paranoias e problemas de mais nesse sumirmos dias, era de mais! Gavi estaria aqui no fim de semana, não tinha com o que me preocupar.

(...)

A chuva não dava trégua nenhuma, e se eu não tivesse crescido no tempo bipolar de São Paulo, eu estaria com medo.

Açafrão se junta a mim na janela, deitando nas minhas pernas enquanto eu observava a chuva. Me lembro de quando Gavi voltou da Copa sem avisar, e simplesmente apareceu no meu apartamento enquanto eu estava na janela. Um sorriso meio triste passa pelos meus lábios, desejando que aquele momento voltasse.

A campainha toca e eu me assusto, Açafrão quase voando do meu colo. Esse apartamento tinha portaria, por que não me avisaram?

- Já vai! - Eu grito irritada quando a pessoa começa a bater na porta de forma frenética. - Maluco.

Abro a porta pronta para xingar quem estivesse do outro lado, e meu fôlego morre no peito.

- Pablo?! - Encharcado, ofegante como se tivesse corrido de Barcelona até aqui e com um olhar desesperado. - Pablo!

Ele me encara ofegante por alguns segundo, a boca entre aberta e os olhos arregalados.

- Você está grávida?!

É a primeira coisa que ele fala, e eu imagino que é pegadinha. Ele continuava parado igual um idiota molhado na minha porta, e eu o encarava como se ele fosse um maluco, não o meu namorado amado que não via a quase um mês.

- O que?! Meu Deus, entra logo garoto!

Puxo ele pra dentro, arrancando o moletom encharcado do seu corpo no mesmo instante. Pablo poderia ficar doente! Tomando chuva e pegando friagem, ele estava maluco!

Ele ainda estava ofegante e estático.

- Você não me respondeu! - Ele diz desesperado, os olhos quase saindo do rosto de tão arregalados.

- Quem tem que me responder é você! O que você tá fazendo aqui, Gavira? Você bebeu?

Puxo a camisa molhada pela sua cabeça e percebo que ele está tremendo de frio. Jogo a roupa molhada no chão e vou até o quarto, a procura de toalhas e algo quente que ele possa vestir. Pablo me segue batendo o queixo.

- Carolina! Você está grávida?

- Você bateu a cabeça? - Percebo que estamos gritando, e seria uma cena engraçada se Pablo não estivesse completamente atordoado. - De onde você tirou isso? E o que você está fazendo em Madrid?!

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora