capítulo 16.

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A insegurança era uma sombra, uma coceira chata no pé que sempre te incomodava, mas você fingia que não até ela ir embora, mas ela nunca ia. Faz algum sentido? Pra mim fazia.

Os primeiros jogos do ano do Barcelona foram fora da cidade, pela copa da Espanha e copa del rey, então Pablo mal estava por perto. Nosso último momento realmente juntos, foi na virada de ano. Ainda me pego pensando naquela noite e sorrindo sozinha, mas uma onda de incertezas vem e me derruba no chão, acabando com as borboletas no estômago.

A linguagem de amor de Pablo era toque físico, a qualquer momento ele estava de mãos dadas, cabeça deitada no meu colo ou encostando em mim de qualquer forma. Então, toda vez que ele estava longe, nossas conversas eram meio frias, porque eu também não sabia como demonstrar sentimentos através de mensagens, conversávamos por vídeo chamada sempre que possível, mas não era a mesma coisa. E estava tudo bem, a minha parte racional sabia que estava, mas a outra parte...

Era ridículo, Pablo não era igual Lucas, meu ex, ou qualquer outro casinho que eu tive...mas, a droga do "mas" rondava minha cabeça, me deixando enjoada. Pensar de mais ainda iria acabar comigo.

Me pego segurando o pingente com a letra P no meu pescoço, uma mania nova desde que Gavi me deu aquele presente.

- Carolina? - Manoel me chama, parando em frente a minha mesa na redação. Fazia algumas semanas que sua voz não me irritava tanto quanto antes. - Preciso falar com você.

- Sobre? - Não me dou o trabalho de levantar, o que parece deixar Manoel incomodado. Ótimo.

- Eu e você vamos cobrir o próximo jogo do Barcelona contra o Atlético de Madrid, no Camp Nou. Como você é expert no assunto...

Agora sim eu me levanto.

- O que você quer agora?

- Já disse, que você vá cobrir o jogo comigo. - Ele responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Você ainda é minha estagiária, Carolina. Eu te ensino e você aprende.

- Ah, eu com certeza aprendi muito sobre jornalismo desde que chegue aqui! Muito obrigada, Manoel! - Eu uso todo o sarcasmo adormecido no meu corpo e Manoel sorri, cínico.

- Obrigada! - Ele coloca a mão no peito, fingindo agradecimento. - Bom, você já deve saber o dia e a hora, mas esteja lá duas horas mais cedo para as entrevistas.

Eu cruzo os braços, esperando mais informações. Manoel revira os olhos e bufa.

- Não, Carolina, isso não tem nada a ver com "seja lá qual relação você tenha com o garotinho de ouro". Estou te chamando porque está no contrato da revista, por mim eu iria sozinho. Satisfeita?

- Um pouco. - Eu lhe abro um sorriso falso e ele retribui. Gostava na nossa relação mutua. Achei que ele ia embora, mas Manoel continua me encarando.

- Se bem que... - Ah não. - Reparei na aliança no seu dedo, muito bonita.

- Isso não é da sua conta!

- Sei que não é. - Ele da de ombros, indiferente. - Mas eu já te avisei, Carolina, não fui o único jornalista e paparazzi de olho no seu namoradinho.

Minha respiração se perde dentro do meu peito, milhões de pensamentos por minuto atravessam minha mente. Manoel percebe meu desconforto, porque continua a falar.

- Quando pensar em dar a primeira entrevista, lembra com carinho de mim. - Ele sorri, e eu só queria mandar ele ir a merda. Mas não podia, ele ainda era meu superior e podia assinar minha demissão se quisesse.

- Já terminou, Manoel?

- Nos vemos no jogo, Carolina!

(...)

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora