capítulo 6.

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Pablo Gavi

Carolina ainda iria me matar. E eu morreria sorrindo.

Eu estava louco, ela me deixava louco, fora de órbita, em outra realidade. Era loucura, ela tinha me enfeitiçado, não era possível.

Me lembro de quando a vi pela primeira vez. Eu ainda estava dentro do carro e ela estava na área da impressa, digitando freneticamente no celular. Mesmo de longe era possível ver como ela era linda, aquele tipo de beleza que chama a atenção das pessoas. E achei que ia ser apenas isso, uma menina bonita que eu vi na entrada do CT, já aconteceu várias vezes, e quando eu entrasse para o treino nem ia me lembrar mais dela. Mas dessa vez o karma resolveu chutar minha bunda.

Eu olhava pra ela de canto de olho, ela estava quase esmagada do meio da multidão, até que levantou o gravador mais alto e me fez a pergunta que me deixou doido. Meu rendimento em campo, palhaçada...

Lembro até hoje do sermão ridículo que Pedri me deu no vestiário.

- Gavi, você acabou de dar um prato cheio pra esse povo! É sempre assim, eles fazem uma pergunta besta e de repente você fala algo que vai ser a maior dor de cabeça por semanas! - Ele falava enquanto amarrava as chuteiras. Ele não estava bravo, era mais um conselho de maneira meio agressiva.

- Você viu o que ela falou de mim?

- E isso importa? Por um acaso era verdade? - Eu calei a minha boca.

- Desfaz essa cara feia aí, a gente tem que treinar muito essa semana ainda. - Pedri deu dois tapinhas no meu ombro e saiu do vestiário.

Fiquei o resto do dia emburrado, não conseguia tirar as falas dela da minha cabeça. O modo como seus olhos verdes me encaravam com um brilho de divertimento, aquele sorriso sarcástico como quem dizia "te peguei!". Eu estava puto.

E quando Pedri me enviou o link daquela matéria mais tarde, eu fiquei mais puto ainda. Ela disse que meu rendimento tinha diminuído desde que ganhei o "golden boy", ainda insinuou que talvez fosse porque "meu ego era tão grande que talvez estivesse atrapalhando minha visão de campo". E a cereja do bolo: que eu achava minha fãs medíocres. Arrg, que mulher!

É claro que a matéria tinha feito um barulho, nada muito grande pra incomodar a comissão técnica, mas o suficiente para me incomodar. Quem ela pensava que era? Ela achava que só porque era bonita podia escrever esse tipo de coisa por aí? Ah não...

Eu tive que encher o saco de Xavi, da comissão e até da diretoria pra conseguirem aquela maldita credencial. Eu não sabia seu nome, já que não tinha me dado o trabalho de ler sua matéria com cuidado, só deixei específico que era jornalista da El Jueves que estava presente na porta do CT, e a equipe fez o resto por mim.

- Eu to quase concordando com ela em relação ao seu ego... - Pedri disse ao meu lado enquanto nos aquecíamos para entrar em campo. Carolina (que na época eu ainda não saia que se chamava Carolina) tinha acabado de me esculachar na sala de entrevista. Maldita seja.

- Ela só pode estar de brincadeira com a minha cara. - Eu murmuro irritado e Pedri dá risada.

- É óbvio que ela tá! E você tá comprando o jogo dela. Enquanto ela ganha comissão a cada coisa que escreve de você, você ganha mais ruga de expressão nessa sua testa. - Pedri me empurra de leve. - Mas eu te entendo, ela é bem bonita mesmo.

- Por um acaso você me odeia?

- Eu te adoro, cara! E é por isso que to te falando verdades. Vê se não late quando ela passar da próxima vez.

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora