capítulo 10

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Eu estava exausta, e o que deixava mais preocupada era o fato de toda essa exaustão ser mental.

O sábado chegou e eu simplesmente não queria levantar da cama. Queria fingir que não existia, não queria ter que lidar com nenhum problema, queria dormir até não existir mais. Talvez o problema com Manoel tivesse me afetado mais do que deveria...

Meu celular tocava e a tela brilhava em notificação. Sabia que era minha mãe, sabia que era Monalisa e também sabia que era Pablo. Mas eu não queria, ou melhor, não conseguia falar com ninguém. As horas se passavam e eu continuava na cama, imóvel.

Essa situação me deixava triste e ansiosa, e a única coisa que me corpo sabia fazer era chorar. Eu chorava principalmente por frustração, não importava o esforço que eu fazia pra esconder aquela face de mim, ela sempre voltava sem aviso prévio.

Escuto alguém bater na porta, e fico desesperada. Não, não, não.... Não podiam me ver naquele estado deplorável, naquela minha casca que eu me forçava a esconder.

- Carolina, sou eu. - Era a voz de Pablo, escutar ele me deu um frio na barriga. - Temos o encontro, lembra?

O encontro duplo, tinha combinado com Gavi de irmos juntos. Minha cabeça estava tão atordoada que eu simplesmente tinha esquecido.

Eu não conseguia me mover, eu não queria me mover e isso faz com que eu chore mais ainda.

Pablo bate de novo na porta.

- Lina?

Eu solto um soluço alto, e me rendo.

- Eu não consigo, eu não consigo levantar, Pablo.

Eu falo o mais alto que consigo, e escuto Gavi forçar a porta mesmo trancada.

- Carolina, o que aconteceu?! - Ele força a porta de novo. - Fala comigo.

- Eu não consigo! - Eu soluço e choro desesperada. Pablo iria me ver naquele estado, e iria me achar uma louca, e iria embora...

- Lina, você precisa me deixa entrar! - Sua voz era preocupada, e ele continuava forçando a porta mesmo trancada.

- Tem uma chave, no vaso do lado da porta...

Eu escuto Pablo abrir a fechadura, e assim que ele entra eu me viro na cama, de costas para entrada. Imediatamente me arrependo de ter o deixado entrar, devia ter inventado qualquer mentira boba e o feito ir embora. Mal tinha feito um mês que nos conhecíamos, e agora ele ia ver o pior de mim.

- Carolina... - Ele se aproxima e eu me encolho na cama, como se isso fosse fazer com que eu sumisse. - O que aconteceu?

A sua voz agora era calma, diferente da preocupada e desesperada de segundos atrás.

Eu nego com a cabeça, tentando engolir o choro sem sucesso.

- Você se machucou? - Ele senta na cama e coloca a mão meu rosto. Eu faço que não de novo. - Está com dor? Doente?

- Não...

Gavi afaga meus cabelos e eu finalmente me viro. Aqueles olhos enormes me olham com preocupação, e eu não resisto, me jogo em seu colo a procura de abrigo. E ele me abraça forte, me dando o que eu precisava.

- Eu estou aqui, Lina. - Ele beija minha testa, e eu choro mais ainda. - Eu estou aqui, ta bom?

Ele não disse "vai ficar tudo bem" e nem me forçou a dizer o que de fato aconteceu, e isso significava muito.

Consigo respirar calma com a mão de Gavi fazendo carinho no meu cabelo, o seu perfume em mim e os seus braços me acolhendo. A gola da blusa dele estava molhada com minhas lágrimas, mas ele não parecia se importar.

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora