capítulo 17.

1.2K 96 9
                                    

Pablo Gavira era ciumento.

Era curioso pensar que esse lado dele sempre esteve ali, e eu nunca percebi, assim como ele demorou para perceber o meu lado ansioso e paranoico. A nossa fase "lua de mel" tinha chegado ao fim. Sabe, aquela fase que os casais são extremante apaixonados, tudo é lindo e maravilhoso, eles não brigam e nada os incomodam? Acabou.
Depois do caso "João Félix", teve o caso "João Félix parte 2".

Pablo ficou emburrado e reclamão quando viu que Félix tinha achado meu Instagram e pedido para me seguir, já que minha conta era trancada . E essa acho que pode ser considerada nossa primeira discussão séria.

- De novo isso, Pablo! Meu deus!

Estávamos no meu apartamento, e até Açafrão saiu de perto, indo se esconder em cima de algum armário.

- Ele tá fazendo de propósito, eu tenho certeza!

- Sim, Pablo, porque o mundo gira ao seu redor.

Eu estava estressada, cansada e sem tempo pra aguentar infantilidade.

- Não foi o que eu quis dizer! - Ele diz irritado, cruzando os braços. Depois que Gavi criou um perfil no twitter o paranoico agora era ele, ficava horas lendo comentários maldosos, e isso estava o afetando mais do que o saudável.

- Gavira, eu vou te dizer isso uma última vez. - Pablo me olha assustado, eu nunca o chamava pelo sobrenome. - Eu odeio ciúmes idiota, e odeio ainda mais quando é sem motivo algum, você entendeu?

- Carolina, você não -

- Eu não terminei! - Eu bato o pé no chão, frustrada. Gavi cala a boca. - Eu estou cansada, trabalhei e estudei o dia inteiro, e quando chego em casa só quero descansar com meu namorado mas ele está muito preocupado com quem me segue ou deixa de seguir na porcaria de uma rede social que eu nem uso!

Falo tudo rápido de mais, misturando o espanhol com português, engolindo vírgulas e pontos, gesticulando na cara de Gavi, que me olha assustado.

- Eu não tô nem aí, e se eu deixar ele me seguir também não é problema seu! - Ele franze as sobrancelhas, ainda irritado. - Você tem milhares de mulheres te mandando foto de biquíni todos os dias na sua DM e nem por isso eu surto igual uma criança birrenta!

- É diferente!

- Ah, é? Por que?! - Quem cruza os braços agora sou eu, encarando os olhos claros e turbulentos de Pablo, que não responde. - Viu, nem você acredita nisso.

Eu me viro, mais cansada ainda, e me jogo na cama. Estava estressada, e agora estava brava e triste com Pablo, e essa não era a forma que eu pretendia encerrar a noite.

- Você me acha uma criança birrenta? - Pablo pergunta com a cabeça baixa, ainda parado onde eu o deixei. Eu suspiro pesado.

- Não, Pablo, não acho. Mas as vezes você age como uma, e isso me cansa. - Eu digo a verdade, talvez mais grossa do que deveria soar.

- Você é bem rude as vezes, sabia? - Ele levanta a cabeça e percebo que seus olhos estão marejados. Isso bate em mim como um soco e eu levanto da cama na hora. - E isso também me cansa.

Levo minhas mãos ao rosto, respirando fundo. Os olhos de Pablo ainda seguem marejados, ele se negando a deixar uma lágrima cair. Quero o abraçar, ao mesmo tempo que não quero tocar nele agora.

- Pelo visto nem tudo em mim te agrada. - Eu começo, fazendo Pablo suspirar fundo e virar o rosto. - E nem tudo em você me agrada também.

- Me desculpa. - Ele fala primeiro. - Queria ser perfeito pra você...

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora