capítulo 9.

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Quando acordei na segunda de manhã, podia jurar que nada iria abalar meu humor. E eu estava certa, mas terça feira veio para me contradizer. Quando pisei os pés na redação, sabia que algo estava errado.

- Carolina, posso falar com você? - Manoel fala assim que me vê, eu mal tinha chego na minha mesa.

Ele me leva até uma área afastada na cozinha dos funcionários e me encara sério. Manoel parecia um pai de família, mas algo em seu olhar estava me deixando intrigada. Ele solta um riso debochado, me deixando confusa, até me entregar um envelope pardo.

- O que é isso? - Eu sinto meu coração bater forte, mas tento controlar a respiração.

- Só abra.

Não deixo meu olhar vacilar enquanto encaro Manoel mais uma vez.

Abro o envelope e percebo que se tratavam de fotos, quatro fotos que me fazem prender a respiração. Fotos minhas e de Gavi, na noite de domingo em frente ao meu apartamento. Eu saindo de seu carro, e ele me acompanhando, duas de nós dois aos beijos no meio da calçada e uma dele indo embora.

Isso só podia ser brincadeira.

- Onde conseguiu isso?! - Pergunto tentando manter a calma, mas Manoel percebe e sorri de novo.

- Sou velho nesse ramo, Carolina. Você achava mesmo que seu jogador não estava na cola de nenhum paparazzi?

Sinto meu corpo tremer de ódio, listando mentalmente mais um motivo pra eu detestar aquele trabalho.

- E você vai publicar? - Eu pergunto, levantando uma sobrancelha. - Ficou frustrado por suas últimas matérias estarem indo por água baixo e as minhas dando visibilidade?

O rosto de Manoel se contorce em uma cara feia e dura. Eu não tinha nada contra ele, era uma relação profissional entre superior e estagiária, que até o momento era ótima. Mas o mundo do jornalismo era cruel, cobra comendo cobra.

- Talvez eu publique sim. - Ele da um passo a frente, me desafiando. - Tudo depende de quem pagar o preço mais alto.

Entendi de primeira. Aquelas foros foram tiradas por um paparazzi que as vendeu para Manoel em primeira mão, provavelmente já tinham um acordo a muito tempo. Não era um contratado da El Jueves, o que significava que Manoel poderia fazer o que quisesse com elas, desde vender para a própria revista ou para alguém de fora.

- Não achava suspeito o interesse do Barcelona pelas suas matérias, até essas fotos... É, cada um usa as armas que tem, não é?

Meu sangue ferve, e não penso duas vezes antes de peitar Manoel, enfiando meu dedo na sua cara.

- Não ouse insinuar nada de mim! - Manoel recua, levantando os braços em rendição.

- Desculpe. - Eu sabia que era da boca pra fora. - Olha, Carolina, eu não tenho nada contra você, não é pessoal.

- O que você quer? Ou melhor, o que você prefere, o dinheiro ou uma matéria medíocre com seu nome?

Manoel da um sorriso de lado malicioso.

- Como eu disse, não é algo sobre você. Eu sei que você não tem dinheiro, agora o seu namoradinho... Ele vale quanto mesmo, 500 milhões? Um dos jogadores mais caros atualmente.

Não ouso vacilar o olhar, eu já havia entendido o que Manoel queria, não adiantava bater boca.

- Você tem até quinta para se decidir, Carolina, ou eu vou vender essas fotos pra quem pagar mais. - Manoel vira as costas para ir embora, o envelope ainda estava em minhas mãos. - Você pode ficar com essas de recordação, eu tenho outras cópias.

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora