O erro que eu nunca cometi

CAPÍTULO 14

* deixa sua 🌟, mana! obg *

Dick

Sexta-feira é o pior dia da minha semana. Começa cedo com aulas de luta e uma hora de crossfit. Depois me arrumo, tomo café da manhã sozinho porque minha esposa falsa está com seu personal fazendo o que bem entende e meu filho está a caminho da creche.

Vou para o gabinete me preparar para a reunião de equipe onde planejamos a semana seguinte. Depois disso eu tenho sessão no senado até as 9 da noite.

De todos os compromissos, o pior é a reunião de equipe porque sei quais são os assuntos que meus assessores vão me trazer.

E tudo está pior para mim porque tenho a cabeça cheia dela, a amante linda que eu comprei, a tentação enviada dos infernos para acabar com minha vida. Minha chance de vingança na pele de uma garota perfeita.

Eu sonho com ela e acordo duro, eu penso nela durante o treino enquanto bato no meu instrutor de luta, eu a vejo no chuveiro comigo, eu estou obcecado por Maddie.

A reunião começa, minha cabeça está na lembrança dela nua e os problemas borbulham como pia entupida.

― A revista quer publicar o caso de Soraia com o personal, Senador. ― a assessora de imprensa diz.

― Já não abafamos esse escândalo da minha esposa mês passado? ― eu pergunto segurando o mau humor.

― Não. Esse foi o caso dela o massagista. Agora é o personal. ― ela explica.

Eu não respondo. Sei que todos ali em volta da grande mesa me consideram um corno manso.

― A revista disse que vai pedir depoimento do pai dela e do seu avô. São três políticos envolvidos.

― Isso vai trazer problemas. ― meu assessor parlamentar faz uma careta. ― Todos dizem que o senhor é guiado por eles. Se precisa da opinião deles até para sua vida conjugal, vai perder a autoridade para liderar o senado.

― Eu sei, é essa a intenção da oposição, enfraquecer minha imagem querendo que todos me vejam como um idiota. Como fizemos mês passado? ― eu pergunto.

― Pagamos. ― a assessora de imprensa diz calmamente. ― Ou damos a eles um escândalo maior.

― Acho melhor calar isso logo. ― meu advogado diz. ― A oposição vem falando em organizar mais um ataque contra o governo. Com um pedido de impeachment chegando, vamos precisar ter autoridade intacta.

― Ligue para seu avô, senador. Mande-o falar com seu sogro para dar um jeito na filha. ― meu assessor parlamentar diz e eu sinto minha raiva subir na garganta.

Desde que meu pai morreu, eu vivo fazendo o que meu avô quer. Ele decidiu minha escola, minha faculdade, meu trabalho, meu casamento, minha entrada na política. Esse sufocamento começou quando o pai de Maddie matou meu pai bem na minha frente. A velha raiva me queima, é um sentimento conhecido. Agora eu tenho a chance de me vingar, tenho as armas na mão. Isso me faz poderoso, capaz de enfrentar as correntes que me humilham.

― Não. ― eu digo, ninguém ouve porque estão discutindo a forma de pagar a revista. ― Não! ― eu repito.

― Dog? ― o advogado pergunta.

― Não vou pagar ninguém, não vou abafar nada.

― Como é?

― Deixe que publiquem.

― Quer prejudicar sua esposa? ― a assessora pergunta incrédula.

― Quero deixar de ser refém da maneira como ela me prejudica. ― respondo decidido a aproveitar a chance que Soraia está me dando e pular fora desse casamento ridículo.

― Mas vão falar que você está deixando de protegê-la. ― alguém argumenta.

― Não. Vão falar que vocês não trabalharam direito. ― todos ficam mudos. ― Não vão responder contato com ninguém da imprensa nem dos gabinetes da minha família.

― Quer um apagão na sua assessoria? ― o advogado balbucia.

― Sim. Todos podem tirar o final de semana de folga, fiquem sem celular, viajem.

― Segunda-feira encontraremos um inferno nos esperando! ― uma estagiária tem coragem de falar.

― Estaremos preparados. ― eu digo. ― Saberemos controlar a discussão.

― Sobre a infidelidade da sua esposa.

Eu levanto. ― Quero todos em alerta máximo.

Preciso decidir como agir. Depois de provar o poder do fruto proibido da vingança, sinto que uma nova fase da minha vida está começando.

Maddie ocupa minha mente na plenária no senado de tarde, eu me recuso a agir seguindo regras de qualquer um. Estou em chamas, impiedoso, sou independente do partido, do meu avô e do meu sogro.

Estou enérgico, irado, desconto tudo no meu discurso como presidente do senado. Exijo ação contundente dos parlamentares, postura de senadores, descarto projetos ridículos de picuinha de partidos.

Ao final estou rouco e ainda mais raivoso, mas tenho a atenção dos repórteres, da oposição e dos meus aliados.

Agora todos sabem que algo está diferente em mim, e é só o começo. 

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* deixa sua 🌟, mana! obg *