CAPÍTULO 7

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Maddie

Quando termina o expediente, desço apreensiva porque combinei com a minha assistente para cuidar do meu visual. Na portaria do prédio da clínica, em meio ao vai-e-vem de pessoas apressadas, eu avisto um rosto conhecido. É o segurança que me ensinou a jogar pedra no carro do meu ex.

Me aproximo dele e sorrio. ― Boa noite.

― Boa. ― ele responde sério, mas deixa escapar um micro sorriso no rosto viril.

― Estou esperando uma amiga. ― digo puxando conversa. O nervosismo me consome, esse processo de embelezamento para trabalhar como puta é muito desconcertante.

O segurança balança a cabeça.

― Você vai ficar no turno da noite?

― Gosto. É mais calmo.

Putas trabalham de noite. Penso. ― Sou Maddie.

― Cane. ― ele responde.

― Acho que ela está atrasada. Minha amiga.

Ele balança a cabeça de novo. ― Ela vai te levar para a forca?

― Quê?

― Você parece que está indo para o abatedouro.

― Pareço?! ― me admiro em como ele consegue ler meus pensamentos.

― Alguma coisa a ver com o cara que te chateou naquele dia?

Eu assobio. ― Bem distante disso.

― Bene.

O cara era bem grandão, rosto sério, acho que tem uma cicatriz no pescoço porque a sombra da barba falha em uma linha reta sob o queixo. Estar ao lado dele me faz sentir segura. Que coisa mais estranha...

― Quer tomar um café? ― aponto o Starbucks em frente ao prédio. ― De lá consigo ver se minha amiga chegar.

Ele parece me avaliar. Olha de forma intensa, mas suave. Penso em leão de zoológico, daqueles que ignora as pessoas que vão admirá-lo.

― Se não pode sair, eu trago para você. Pode deixar.

Estou agitada, cruzo a rua sem esperar resposta dele. Entro no Starbucks e peço dois capuccinos. Pago e volto para a portaria levando os copos.

Cane me mostra um meio sorriso de lado, mais esticado. Muda o rosto do homem para quem tenho simpatia gratuita. ― Grazie.

Eu bebo sorrindo com os olhos. ― É italiano isso?

Si. ― ele bebe. ― Primeira vez que uma mulher paga um café para mim.

Eu dou de ombros. ― Para quem ofereceu matar meu ex, capuccino é troco.

Ele sacode a cabeça. ― Eu falei isso?

― Eu entendi bem.

― Ah! Sempre tem distância entre a verdade e a mente de uma mulher.

― Que coisa mais absurda! ― eu rio. Esse cara me distrai, nem sei porque a atenção dele é tão lisonjeira para mim. ― Homens é que gostam de menosprezar mulheres.

― Não disse isso.

Eu tomo ar para esticar a implicância, mas ouço a assistente me chamar.

― Salvo pelo gongo. ― aponto para ele fazendo carranca. ― Seu machista.

Ele dá de ombros, inclina a cabeça e entorta a boca. Gato.

― Tchau, Cane. Boa noite.

Cane pede minha mão, eu entrego e ele dá aquele beijo fantasma. ― Ciao, bella.

O erro que eu nunca cometiOnde histórias criam vida. Descubra agora