Noah Jacob Urrea
06 de julho
Nova York"- Não consegue dormir?
Noah se sobressaltou levemente e desviou o olhar do copo de água em sua frente para encarar o loiro que havia acabado de adentrar a cozinha. Era quase meia noite e todos já estavam dormindo em seus quartos. Todos exceto eles dois, aparentemente.
- Ansioso para o casamento - Noah não conseguiu evitar a resposta ácida. Toda aquela história vinha o deixando enjoado, mas agora, as vésperas de se concretizar, ele mal conseguia pregar o olho, seu estômago se revirando tão fortemente que nada naquele dia conseguiu preenchê-lo sem voltar pela boca minutos depois.
Josh deu um sorriso pretencioso e arrastou os pés até ele, ficando frente a frente com Noah, seus corpos separados apenas bela bancada de madeira no meio da cozinha.
- Eu queria falar com você sobre uma coisa.
- O que foi desta vez, huh? Vai ter mais algum tipo de cerimonia que tem a chance de acabar com nós dois mortos?
Josh riu levemente e negou com a cabeça, a língua passando pelo lábio inferior enquanto apoiava as duas mãos na bancada, os olhos o fitando com intensidade. - Não, piantagrane. - Noah revirou os olhos pelo apelido irritante, e bebeu um gole de água. - Você lembra o que me disse na festa de noivado na Itália?
Noah tensionou. Ele colocou o copo de volta sobre a bancada sentindo as bochechas esquentarem levemente. Ele lembrava., claro que ele lembrava. E aquilo vinha o corroendo desde então. Ele vinha fugindo do loiro como o diabo foge da cruz desde que acordou na manhã seguinte àquela festa, o que não foi tão difícil já que Josh parecia estar fazendo o mesmo.
- Sim - ele respondeu seco. - Aonde quer chegar?
- Quero chegar na resposta de uma pergunta que eu tenho me feito há algum tempo.
- Qual pergunta?
Josh sorriu de um jeito misterioso, irritante como de praxe, e fez um gesto de mão, dispensando a pergunta. - Não importa agora. Mas eu estava pensando no que você me disse em Roma. Você queria que eu fosse diferente, por que?
- E por que você quer saber? O que eu falei não muda nada - ele devolveu ríspido. - Você ainda é você - observou com amargura.
- Tem razão, - ele deu de ombros sem culpa -, mas eu quero saber mesmo assim.
Noah se remexeu nervosamente, trocando o peso do corpo de um pé para o outro. Ele negou com a cabeça em um conflito interno, mas acabou dando de ombros. Ele não tinha mais nada a perder mesmo.
- Você deve ser uma das piores pessoas que eu já conheci na minha vida. Você é rude, mal, frio, insensível e eu poderia continuar citando por horas a fio mais adjetivos como esses. Mas... - ele hesita, rindo incrédulo por um momento. - Tem momentos... em que eu consigo ver que você é um ser humano de verdade, que você consegue ser bom para as pessoas que você se importa. E não me pergunte por que, mas eu gosto dessa sua versão. E as vezes, só as vezes, eu desejo que você só tenha essa versão. E às vezes, eu queria ser uma dessas pessoas importantes para você. Mas eu não sou, não é? E eu já aceitei isso. Você ama a sua família, consegue sentir amor pela sua irmã, daria a vida por ela, consegue sentir amor pelo seus primos, pela Laura, pela sua tia, pelos seus sobrinhos que te adoram. Mas você não acredita no amor romântico, não sabe o que é se apaixonar por alguém. Honestamente, eu acho que você não é capaz de se permitir sentir isso e nem parece entender como outras pessoas o sentem. Você acha ridículo, uma perda de tempo, uma coisa inútil. Mas não sabe o que está perdendo.
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Crossed Paths
FanfictionNoah teve uma adolescência conturbada. Se envolveu com um traficante que o convenceu a ajudá-lo em um assalto onde ele morreu e o deixou com a ficha suja. Seus pais pagaram para limpar sua ficha, e desde então a sua vida tem sido muito monótona. Ele...