Crossed Paths

Capítulo 11- Back in the third island part 2

Noah Jacob Urrea
9 de junho
Angra do Heroísmo

No dia seguinte, Noah custou a se levantar do chão. Ele se olhou no reflexo do espelho, se assustando a princípio. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, resultado da noite em claro e do choro; as mãos de Josh estavam perfeitamente estampadas em sua pele e os lábios rachados pela desidratação. Ele estava horrível. Noah ainda não conseguia acreditar no que Josh tinha feito, não que ele confiasse no loiro ou esperasse o melhor dele. Muito pelo contrário, ele esperava o pior. Mas ele tinha o pego de surpresa. E aquilo não era bom, ele devia se manter mais atento ao que dizia e fazia.

Urrea respirou fundo e jogou água no rosto. Ele não deixaria ser intimidado tão facilmente, os dois estavam no mesmo barco, afinal. Estavam perdidos em uma ilha no meio do nada, sem ninguém que pudesse ajudá-los além deles mesmos. E se Josh desconfiava tanto assim dele, bem, ele daria seu próprio jeito de sair daquela ilha. Nem que para isso precisasse deixar o loiro para trás. Noah saiu do banheiro fechando a porta atrás de si, o sol que entrava pelas janelas iluminava toda a sala, quente e reconfortante. Ele passou pelo sofá de dois lugares da cor cinza e foi direto para a cozinha separada da sala apenas por uma bancada. Ele abriu a geladeira e os armários tirando de lá alguns ovos e pães e uma frigideira. Não demorou muito até o cheiro de ovos mexidos e torradas inundarem o apartamento completamente.

Ele se virou de costas para pegar dois pratos no armário de cima e quando se virou novamente Josh estava em sua frente, separado de si apenas pela bancada. Noah tentou não pular de susto, mas seu coração estava batendo tão rápido que parecia que sairia do peito a qualquer momento.

— Bom dia — disse de maneira indiferente, tentando engolir o sentimento de raiva que se alojou como um bolo em sua garganta. — Coma. — Ele colocou um prato com ovos e torradas em cima da bancada e o empurrou levemente na direção de Josh. O loiro encarou o prato de comida com uma sobrancelha erguida, cheio de desconfiança. — Não está envenenado — cuspiu rudemente. — Embora eu quisesse muito.

Josh encarou a comida com uma expressão enjoada. Noah agarrou a bancada de madeira com tanta força que seus dedos formaram nós brancos. Alguns segundos se passaram até que Josh levantasse os olhos do prato e lançasse a ele um olhar indiferente antes de esticar o braço para pegar um garfo no meio da pilha de talheres. No mesmo instante, Noah imitou seu movimento mas foi mais rápido ao tirar uma faca da pilha e enfiá-la na bancada, entre os dedos da outra mão de Beauchamp que descansava em cima da madeira.

Josh desviou o olhar para a faca entre seu dedo médio e anelar e em seguida virou as íris azuis para o moreno em sua frente, parecendo verdadeiramente surpreso e ao mesmo tempo divertido.

— Eu não ligo para quem você é, nunca mais faça aquilo novamente! Eu não sou um espião, lembre-se que foi você quem me arrastou para toda essa confusão, só estou tentando sair daqui vivo. — Ele arrancou a faca da mesa e a apontou para o rosto do Capo com determinação e fúria. — Não estou tentando te matar, embora neste momento eu queira muito, então agradeceria se você fizesse o mesmo!

Josh o encarou por alguns segundos, sem emitir nem mesmo um som, embora o canto inferior de seus lábios estivessem levemente repuxados.

— Tem razão. — Respondeu tranquilamente. Noah piscou devagar, abaixando a faca. Josh pegou um garfo da pilha de talheres e deu uma garfada nos ovos, levando-os a boca.

— Não vai me pedir desculpas?

— Eu não peço desculpas — ele ditou. — Se dê por satisfeito.

Noah soltou um grunhido incrédulo e saiu da cozinha. Simplesmente detestável! Aquele homem era simplesmente detestável! Ele vai até o cabideiro na sala e pega uma camisa e uma calça que estavam penduradas, seguindo para o banheiro. Depois de um banho rápido, Noah vai até o quarto e procura nas gavetas por algum dinheiro, não demorando muito para achar algumas notas. Era tudo que ele precisava, uma desculpa perfeita. Ele saiu do quarto e pegou a chave que estava em cima da mesa de centro.