Capítulo 29 - All roads leads to Rome

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Noah Jacob Urrea
30 de março
Roma

Às vezes, a vida tem uma maneira trágica de nos puxar o tapete no momento mais inesperado possível. Uma saída a noite para se divertir se transforma em um encontro perigoso com um líder de facção. Um encontro por acaso com um líder de facção te leva a noite em que você perde a sua melhor amiga e o seu futuro bebê para sempre. Duas das perdas mais dolorosas de sua vida te levam a fugir do país onde você nasceu e cresceu. E essa fuga te leva ao seu pior pesadelo.

Noah não se lembrava bem quando todos os caquinhos que ele e Bailey haviam começado a juntar tinham se despedaçado novamente. Talvez tivesse sido quando eles tentaram contactar Andrew pela primeira vez quando chegaram a Cabo Verde e não conseguiram. Ou talvez tivesse sido quando, em um ato de desespero, eles tentaram acessar uma das contas antigas de Noah nos Estados Unidos... Não, não... foi depois... talvez tenha sido na noite em que eles foram arrastados do seu pequeno paraíso particular, gritando e chutando, implorando para Deus, se é que Ele realmente existe, para aquilo não passar de um terrível pesadelo.

Mas o pesadelo de verdade ainda não tinha nem começado.

Noah sentia como se sua vida fosse um barco à deriva em um mar de tormentas. Cada vez que pensava ter encontrado um porto seguro, a tempestade voltava, mais forte, mais violenta, arrancando qualquer vestígio de esperança que ele pudesse ter. Ele se lembrava de cada detalhe daquela noite fatídica: os rostos sombrios dos homens que os capturaram, os gritos de Bailey ecoando na escuridão, seu coração acelerado retumbando em seus ouvidos, a sensação esmagadora de impotência. Era como se todas as suas tentativas de encontrar um pouco de paz fossem brutalmente sufocadas pela realidade implacável e pelas consequências de suas escolhas.

Ele se perguntava como a vida tinha chegado a esse ponto. Como um simples encontro em uma noite aparentemente comum tinha desencadeado uma série de eventos que o levou ao inferno?

Todas as puxadas de tapete que a vida tinha dado neles os levaram até aquele momento. Até àquela cidade linda da Itália no início de março quando a primavera começava a dar seus primeiros sinais. Os estabelecimentos estavam fechados, já que já passava de onze da noite, o vento frio batia no rosto e peito nus de Noah e Bailey, causando arrepios. As pedras da rua machucavam os pés de Noah ainda mais, suas pernas tremiam, fracas demais para aguentar seu próprio peso, seu coração doía dentro do peito e a garganta estava seca de tanto segurar o choro.

O sangue descia por suas pernas trêmulas, se misturando com todo o esperma, fazendo-o se sentir imundo e nojento mas Noah não tinha tempo e muito menos disposição para prestar atenção nisso, não quando o corpo Bailey estava terrivelmente apoiado no seu, debilitado demais para se manter de pé por conta própria. Ele ajeitou o braço de Bailey sobre seu ombro e o segurou mais firmemente na cintura magra. Os dedos de Noah tremiam sobre os ossos salientes do amigo a cada movimento. Cada passo que ele dava parecia um esforço monumental, o peso do corpo de Bailey pressionando-o para baixo. As ruas vazias e escuras da cidade pareciam um labirinto sem saída, e a sensação de desespero crescia a cada segundo. O cheiro de sangue misturado ao ar fresco da noite era um lembrete constante da fragilidade de sua situação.

 Bailey, aguente firme, por favor.  A voz de Noah saiu em um sussurro desesperado. Ele sentia o calor do sangue de Bailey em suas mãos, escorrendo e manchando sua pele.  Vamos conseguir.  Tentava convencer a si mesmo tanto quanto a Bailey, mas a incerteza o corroía por dentro. Ele não poderia perder Bailey também, não poderia carregar essa dor e culpa.

Bailey soltou um gemido fraco, seus olhos semicerrados refletindo a dor e o cansaço. Noah sentia o peso da responsabilidade esmagando-o, cada movimento uma batalha contra o desespero. Ele os tinha colocado nessa situação, ele nunca deveria ter envolvido Any e Bailey em seus problemas. Ele não conseguia parar de pensar em todas as vezes que haviam estado ali um para o outro, nos momentos de alegria e nas adversidades. Agora, parecia que o mundo inteiro estava contra eles, e a única coisa que mantinha Noah em movimento era a determinação de não perder mais ninguém. O frio da noite se infiltrava em seus ossos, mas ele precisava continuar, ele precisava, ele tinha que continuar...

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