Capítulo 1 - Payback is a bad bitch

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Noah Jacob Urrea
01 de Agosto
Guadalajara

O luto é uma coisa engraçada às vezes, não é? O dia em que o coração aperta mais não é necessariamente logo após a morte de alguém, mas em um dia comum, quando algo simples acontece e você pensa naquela pessoa. Você quer correr para ela, compartilhar o momento, mas então seu mundo cai em lágrimas porque você lembra que ela não está mais ali.

Noah segurou o relicário por cima do colete, sentindo o metal frio contra a palma de sua mão. Ele abriu lentamente, um sorriso melancólico surgindo ao ver a foto que Mattias havia colocado ali, do lado direito. Era uma imagem dele, Any e Bailey na adolescência, logo quando se conheceram. Mattias havia encontrado aquela foto e presenteado Noah com o relicário, para que Noah se lembrasse que as pessoas que ele amava mais estariam sempre com ele, perto de seu coração, mesmo que não estivessem mais presentes fisicamente. 

O avião sacolejou levemente, os últimos vestígios de uma turbulência breve que eles enfrentaram há poucos minutos. Noah olhou ao redor, observando sua equipe concentrada. Todos estavam preparados para o que estava por vir; ele e Mattias vinham planejando aquele momento há anos. Durante seis anos, Mattias o treinou, ensinando-lhe cada detalhe daquele mundo sombrio. Noah aprendeu a lutar, a se defender e a causar danos. Ele passou anos infiltrando-se no México, recrutando novos soldados, resgatando os antigos que Colb desprezava e treinando-os para a missão. Algumas pessoas achavam que só porque alguém não era mais útil para os seus propósitos, ela poderia ser descartada como um lixo velho sem importância, deixada de escanteio...subestimada; mas é neste momento que ela se torna perigosa. Você nunca pensa que alguém inferior a você possa te causar algum dano. Esse é o perigo de subestimar alguém. Você fica despreparado, desarmado. E é aí que eles acham uma brecha e te pegam. 

Durante anos, Noah e Mattias procuraram por Colb, mas não importava o que fizessem, aquela maldita cobra sempre dava um jeito de escapar. Nem mesmo a Órbita tinha sido tão útil, pelo menos não até que eles encontrassem a pessoa certa para controlá-la. Foi aí que Noah percebeu que se quisesse chegar aonde queria, ele precisaria de ajuda. Colb havia sumido no ar como fumaça, deixando seu país desprotegido e vulnerável, bastou uma rachadura para Noah entrar. Um a um, ele criou a sua equipe e juntos, eles perseguiram Christian Colb como cães do inferno, assombrando-o, deixando claro que havia alguém em seu encalço, observando todos os seus movimentos. E agora finalmente havia chegado o momento que eles tanto esperavam. 

Os pensamentos de Noah estavam voltados para Any enquanto o avião cortava o céu. Ele estava sozinho nessa missão, sem querer arriscar colocar Bailey naquela situação novamente, mesmo que ele quisesse ajudar. Os danos que Bailey havia sofrido foram graves demais para permitir que ele enfrentasse tal perigo novamente. Mas Noah sentia falta de Any. Queria que ela estivesse ali, ao seu lado. Ela saberia o que dizer para confortá-lo, ela sorriria para ele e diria que eles iriam "chutar as bundas de todos eles", como sempre dizia com seu jeito irreverente e corajoso. A lembrança dela era um consolo e uma motivação, Colb pagaria pelo que fez com ela. 

Os olhos de Noah se voltaram para a esquerda, onde uma foto dele e de Caleb sorrindo, com sorvetes de baunilha derretendo sob o sol do México, estava presa ao outro lado do relicário, adicionada há mais de um ano. Caleb, seu filho... seu bebê.

Caleb tinha sido seu farol em meio à escuridão, um garoto lindo cujo amor preenchia o vazio em seu coração. Talvez não fosse certo tentar preencher a ausência de um filho perdido com outro, mas Noah não pôde evitar; ele havia se apaixonado por Caleb de uma maneira profunda e protetora.

— Senhor Urrea? — Uma voz suave o tirou de seus pensamentos. Lea, a chefe de sua equipe em sua ausência, tocou seu ombro. Noah ergueu o olhar, encontrando os olhos firmes dela. — Chegamos.

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